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Autor:
Paulo Schenberg
Qualificação:
Diretor do site Alpha Fintec e consultor de Bolsa de Valores.
E-Mail
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Data:
03/01/4
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Bolsa Têm Teto?

Muitos investidores têm questionado, com alguma apreensão, se a Bolsa de Valores de São Paulo, nesta sua escalada de altas, já atingiu o teto. É como se temessem que o IBOVESPA, após quebrar sucessivamente seus recordes históricos, estivesse se aproximando do fim do mundo, no qual despencaria em um abismo profundo.

Ledo engano! Teto, a rigor, têm os aviões, que precisam de ar e oxigênio. A Bolsa nada tem a ver com aviação. Aliás, está mais para foguete, pois este apenas necessita do empuxo de seus motores para vencer a gravidade, sair da atmosfera e entrar em órbita! Se o combustível é a fonte primária de energia dos foguetes, para as bolsas o equivalente é o crescimento da economia, ou seja, a capacidade de produzirmos riquezas. Céu de brigadeiro para as bolsas e para os agentes produtivos significa trabalhar com juros baixos.

No terceiro trimestre, portanto bem no início do processo de redução dos juros, o PIB brasileiro reverteu uma tendência explícita de queda e passou a sinalizar um viés de alta, subindo num aclive de 0,4%. A Bolsa, como sempre, já havia antecipado este movimento de reversão e vinha subindo por conta das expectativas de novas quedas dos juros, seguidas da retomada do crescimento.

Agora, a Bolsa segue subindo em decorrência dos dados positivos que vão surgindo e que confirmam as expectativas anteriores. A elevação também se deve ao fato de que a economia nacional estará em velocidade de cruzeiro no primeiro trimestre de 2004. Evidentemente, deve-se tomar cuidado para não entrar no clima de "exuberância irracional". Todavia, uma análise da história do Ibovespa demonstra que estamos longe disto.

Thomas Tosta de Sá, coordenador executivo do Plano Diretor do Mercado de Capitais, em recente artigo publicado na revista BOVESPA, descreve a ocorrência de três ciclos de alta no período 1968 a 1997. O primeiro, de 1968 a 1971, registrou alta de 800% em dólares; o segundo, de 1983 a 1986, teve elevação de com 600%; e o terceiro, de 1991 até julho de 1997, foi o ciclo de maior valorização da história, com alta de 2.900%.

Tosta de Sá acredita que o quarto ciclo da história do IBOVESPA teve início em 17 de outubro de 2002, quando o ministro Palocci entregou, ainda na fase da campanha eleitoral, um documento do PT apoiando o Plano Diretor do Mercado de Capitais. Na sua opinião, este ciclo de alta terá característica peculiar que o distinguirá dos demais. Será o ciclo da conscientização da sociedade sobre suas responsabilidades com relação à coisa pública e que terá o componente social como catalizador.

Para o especialista, a participação dos trabalhadores no desenvolvimento econômico do País deverá dar-se a partir da formação de uma poupança previdenciária e da utilização de seus recursos no FGTS. Os fundamentos deste ciclo não irão basear-se exclusivamente nos indicadores econômicos, mas também no processo de inclusão social. Ainda segundo Tosta de Sá, a duração deste ciclo deverá ser longa, de quatro a seis anos e, para ser caracterizado como um período de alta, o IBOVESPA, convertido em dólares, deverá superar os US$ 45, atingidos em julho de 1997.

Para se ter uma idéia das possibilidades potenciais de valorização deste novo ciclo, basta tomar como referência o valor em dólares do IBOVESPA no dia 16 de outubro de 2002, que era exatamente U$ 7,5. Ou seja, segundo Tosta de Sá, a bolsa embute um potencial de crescimento de no mínimo 500%, se o Brasil vencer as dificuldades naturais do processo de mudanças.

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