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Autor:
Magali Costa Guimarães
Qualificação:
Psicóloga, pós-graduada em Didática do Ensino Superior (UCB), mestrando em Gestão Estratégica de Negócios (CNEC), prof. de Psicologia Aplicada à Administração e Comportamento Organizacional (INESC – Unaí/MG)
E-mail:
[email protected]
Data:
03/04/01
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Liderança Como Fator de Competitividade para a Pequena Empresa

As mudanças e evoluções pelas quais o mundo tem passado são perceptíveis a qualquer cidadão comum. Tais mudanças têm exigido novas posturas dos empresários, pois as transformações vêm delineando um mercado competitivo excessivamente dinâmico. A revolução da tecnologia, a facilidade de acesso à informação, o desenvolvimento de novas fontes de energia dentre outras, contribui para que haja profundas transformações sociais e econômicas no Brasil e no mundo.

Alguns estudiosos acreditam que esta competitividade crescente foi um dos fatores responsáveis pelo processo de globalização que atualmente presenciamos. Entretanto, esta competitividade, as mudanças aceleradas e o maior processo de automação nas empresas trouxeram como contrapartida, não só benefícios (produtos melhores e mais baratos para os consumidores), mas também problemas sociais, como o desemprego.

Para Marcelo Cenni, estas foram as principais causas do aparecimento de uma enorme massa de desempregados, que trouxe, como conseqüência, um grande número de pessoas abrindo seu próprio negócio. Este autor ressalta que a grande maioria desses pequenos e micro empresários são pessoas sem características empreendedoras, necessárias para o sucesso do negócio. Foram levadas pelo panorama econômico e pela conjuntura atual a aventurarem-se nessa empreitada. São pessoas, portanto, despreparadas para levar adiante o seu negócio.

Existem pesquisas, principalmente do SEBRAE, que apontam as diversas causas da mortalidade de pequenas empresas, dentre elas estão a falta de preparo do empreendedor. Uma destas pesquisas, realizada em 1998, detectou que 36% das pequenas e médias empresas morrem com até um ano de vida e, 47% com até 2 anos de atividade. Apesar da pouca chance de sobrevivência, a cada dia surge um novo negócio (confecções, pequenas fábricas, escolas de computação, restaurantes de comida à quilo, lojas, padarias etc.) que abrem e, após pouco tempo, fecham as portas.

Além das dificuldades enfrentadas para manter o seu negócio, existem também problemas no que se refere à liderança e ao gerenciamento de pessoas nas pequenas empresas, fator essencial para competitividade das mesmas. O que se percebe é que a maioria das pequenas e microempresas são administradas pelo seu proprietário que muitas vezes não possui a devida qualificação no gerenciamento e liderança. Normalmente, tomam decisões baseadas na experiência cotidiana e no senso comum, estabelecendo formas de gerenciar que às vezes colocam em risco a própria sobrevivência da empresa. É comum nestas empresas o estabelecimento de uma relação ora autoritária, ora paternalista com seus funcionários, dificultando o desenvolvimento e crescimento do seu pessoal. Atitudes como falta de confiança nos subordinados, muita reprovação e menos orientação, atitudes ora punitivas, ora paternalistas se mesclam na forma de liderar pessoas, são formas de relacionar e agir que geram insatisfação e frustração, sendo assim, anti-produtivas e prejudiciais à empresa.

Hoje já sabemos que sistemas mais centralizadores e autoritários tendem a gerar passividade, dependência e submissão às normas da organização. Facilitam o controle das pessoas, contudo, gerando em contrapartida, um funcionário menos disposto à inovação e à criatividade. A submissão às normas, a passividade não será sinônimo de lucratividade para nenhuma empresa.

Acreditamos, assim, que para o sucesso de qualquer negócio ou empreendimento a liderança constitui-se um fator de fundamental importância. É primordial que o líder seja capaz de criar uma sinergia entre as pessoas e grupos, conhecendo e promovendo o desenvolvimento não só da empresa, mas principalmente, de seus colaboradores (funcionários).

Pensamos também que não basta ser um exímio "coaching", um líder carismático e "expert" em influenciar pessoas. Hoje em dia, a maioria das pessoas percebem de alguma forma quando estão sendo seduzidas ou manipuladas, gerando um descomprometimento em relação ao trabalho e um descrédito em relação ao líder.

A formalização de alguns processos, bem como uma maior profissionalização das pessoas são aspectos que devem ser considerados e buscados pelos proprietários de pequenas empresas. Tais aspectos são fundamentais para a competitividade e para o crescimento da empresa e do colaborador. É portanto, necessário extinguir as relações paternalistas que apelam para o emocional e reforçam comportamentos dependentes e submissos por parte dos colaboradores. O comprometimento deve sempre ser buscado via desempenho e um clima de profissionalismo deve respaldar as ações do líder da empresa.

Alguns estudiosos enfatizam que a competitividade necessária às pequenas empresas só será possível se houver o tão aclamado foco no cliente. Entretanto, este foco só será alcançado via colaboradores. É através destes que é divulgada a imagem da empresa, são estes que lidam diretamente com o cliente, que produzem ou prestam os serviços. Portanto, ao investir no crescimento destes, estará o empresário investindo no crescimento da própria empresa.

É importante "tirar proveito" da presença mais direta do líder (normalmente o próprio empresário) com o grupo de colaboradores. Neste sentido as palavras, gestos, atitudes e o comportamento do mesmo servem de modelo para as outras relações e comportamentos estabelecidos no ambiente de trabalho. Um líder que prega um comportamento anti-ético frente aos concorrentes, clientes, fornecedores etc. deve esperar um comportamento igual do colaborador frente à empresa.

Vale reafirmar ainda o que muitos já disseram: um clima de diálogo, de comunicação, de participação e aprendizagem deve ser criado desde a implantação do negócio, delineando desde o início o perfil de uma empresa vencedora.


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