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Autor:
Reinaldo A. Moura
Qualificação:
Fundador e Diretor do Instituto IMAM
E-Mail
[email protected]
Data:
03/10/01
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Tudo Virou Automação!
O que é de fato automação? Por que utiliza-se o termo automação em quase tudo?

É sabido que os "marketeiros", quando gostam de uma expressão ou acham-na interessante, passam a usá-la em tudo. É o que ocorre com o termo automação. Embora seja uma palavra descoberta e largamente aplicada na indústria – automação industrial, da manufatura, de processos etc. – hoje vemos o termo sendo empregado indiscriminadamente, tal como "automação comercial", "contábil", "bancária" etc. Será que é automação mesmo? Ou seja, basta eliminar o contato com um ser humano e tudo vira automação ou robatização? E a mecanização? O grau de contato com o cliente ou ser humano se reduz à medida que nos movemos dos sistemas manuais para os mecanizados e destes para os automatizados. E o que acontece quando um sistema automatizado está "for a do ar"? Por mais automático que seja, é o ser humano que fará a interface e solucionará tal demanda. Assim, se automação é o controle direto do equipamento sem a necessidade de operadores, na prática isso significa que o equipamento realizará uma tarefa sob controle de vários sistemas informatizados, sem operadores humanos diretos ou com a mínima interação quando um operador inicia um processo digitando os dados de identificação.

Níveis de automação
A automação pode envolver vários níveis de aplicação tecnológica. Por exemplo:
  • Automação da informação
  • Automação das operações
  • Completa automação de todas as operações e fluxos de informações. Este é o conceito de "caixa preta" – sem qualquer intervenção humana.

Na logística, entendemos por automação um sistema de movimentação interna de materiais que caracteriza a integração de múltiplas tecnologias, por exemplo: AS/RS - sistemas automatizados de estocagem e recuperação, AGVS – sistemas de veículos automaticamente guiados, transportadores contínuos etc., com o processamento de informações sem papel.

Proliferação da automação.

Foi-se o tempo em que a principal vantagem da automação era a economia de custo de mão-de-obra. A busca de baixos custos de mão-de-obra em muitos países, inclusive o Brasil, foi algo passageiro, enquanto o dólar apresentava uma taxa favorável. Hoje, muitos projetos de automação visam não somente obter economias de custos de mão-de-obra, mas também melhor qualidade dos produtos, produção e entrega mais rápida – e quando é empregada a automação flexível, um aumento na flexibilidade de mudar de produtos ou volume de produção. O enorme crescimento no campo da automação industrial trouxe uma grande quantidade de equipamentos automáticos com recursos diversos. Alguns desses tipos de automação são especialmente dignos de nota: dispositivos que automatizam processos, máquinas de controle numérico, robôs, sistemas automáticos de identificação, controles automáticos etc. Alguns dos sistemas mais automatizados são as linhas automatizadas – "transfer". Tendo em vista seu elevado investimento inicial e a dificuldade de modificação para outras peças, esses sistemas são empregados quando a demanda é elevada, estável e se estende por um longo período. Se essas condições forem satisfeitas, o custo de produção será muito baixo. Porém em virtude dos custos ciclos de vida de certos produtos e das mudanças de tecnologia de produção, o emprego dessa automação rígida ou dedicada vem declinando tendo em vista os sistemas flexíveis.

Computador

A capacidade de armazenamento de dados de um processo, bem como de ativar funções num equipamento, contribuiu para a invasão do termo automação. Desde a criação do CAD, CAM e mais tarde do CIM, as empresas viam no computador que todas as operações relacionadas com a função de produção poderiam ser incorporadas num sistema computadorizado integrado para auxiliar, aumentar e/ou automatizar as operações. O sistema de computador abrange toda a empresa, alcançando todas as atividades que dão sustentação à fabricação. Nesse sistema integrado de computador, a saída de uma atividade serve como entrada para a atividade seguinte ao longo da cadeia de eventos que se inicia com o pedido do cliente e culmina com o recebimento do produto, além de incluir o contas a receber, recolhimento de impostos etc. Quando esses softwares computacionais se tornaram mais sofisticados durante a década de 1990, os abrangentes pacotes de software mais recentes passaram a ser chamados de ERP – Planejamento de Recursos Empresariais. OS sistemas ERP automatizam processos, organizam livros contábeis, modernizam os departamentos etc.

Por que investir em automação?
Existem dois aspectos para responder essa questão. Aspectos operacionais e de processo.

Os aspectos operacionais incluem:

  • Redução da ação do homem;
  • Aumento do uso do equipamento, sem aumento da mão-de-obra;
  • Minimiza os atrasos e interrupções provocados pelos operadores;
  • Eliminação de erros de digitação, papéis etc.;
  • Maior grau de eficiência e flexibilidade.

Quanto aos aspectos de processo temos:

  • Redução de perdas de materiais;
  • Eliminação da variabilidade nos processos;
  • Mudar as formulações, parâmetros, acrescentar ou alterar "receitas";
  • Redução dos reforços de validação.

Tendências para a automação:

  • Alinhar a estratégia da automação com as estratégias dos negócios.
  • Atingir objetivos de desempenho, tais como:

    • Melhor qualidade;
    • Maior velocidade;
    • Melhor confiabilidade;
    • Maior flexibilidade;
    • Menores custos.

  • Criar uma vantagem competitiva, por exemplo:

    • Criar um diferencial – algo novo que seu concorrente tenha dificuldade de introduzir.

Como justificar o investimento?

Frequentemente a automação é desconsiderada tendo em vista que a relação custo vs.benefício não traz retorno ao investimento, ou é inviável etc.
Todo investimento em automação trará benefícios tangíveis e intangíveis?

1. Tangíveis (quantitativos)

  • Redução do tempo de resposta
  • Operações mais rápidas e baratas.
  • Melhor utilização dos recursos.
  • Redução de erros operacionais
    • Melhor qualidade
    • Mais consistência dos lotes
    • Menos refugos e retrabalho
    • Maior produtividade.

2. Intangíveis (qualitativos)

  • Integrações proporcionam maior agilidade.
  • Maior funcionalidade.
  • Menor custo e risco de obsolescência.
  • Maior capacitação de mão-de-obra.
  • Base única de dados.

Mas não devemos concluir precipitadamente que a automação só traz vantagens. Uma cuidadosa reflexão leva-nos a estas considerações:

  • Nem todos os projetos de automação foram bem-sucedidos.
  • A automação não pode compensar um mau gerenciamento.
  • Pode não ser economicamente viável automatizar algumas operações.
  • Reconheça os riscos de automatizar.
  • Reserve bastante tempo para a implementação de projetos de automação.
  • Não tente automatizar tudo de uma só vez.
  • Tenha um plano-mestre para automação.
  • Pessoas são chaves para tomar bem-sucedido os projetos de automação.

    Dessa forma, a análise de viabilidade da automação será adequadamente desenvolvida.

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