.
Autor:
Renata Oliveira
Qualificação:
Consultora da Cozer Consultoria Capacitação e Desenvolvimento Empresarial
E-Mail
[email protected]
Data:
05/02/04
As opiniões expressas em matérias assinadas não refletem, necessariamente, a posição do Empresário Online. Proibida a reprodução sem a autorização expressa do autor.

Autoconhecimento: o Despertar do Poder

"Quem olha para fora sonha; quem olha para dentro desperta.” (Carl Jung). Despertar para os caminhos a seguir através da consciência interna de quem verdadeiramente somos. Despertar para o mundo, identificando em nós o ponto de partida. Jean-Paul Sartre, existencialista francês, desenvolveu sua base de pensamento na crença de que o homem é o único responsável pelo seu destino a partir de suas escolhas individuais. É a atitude e o comportamento que irão estabelecer a forma de lidar e reagir ao mundo por meio de um processo interativo, que tem como base o reconhecimento de quem somos.

No contexto, nossa primeira missão é identificar o foco: um propósito, aonde queremos chegar. Muitas pessoas vivem dilemas existenciais porque não têm clareza do foco; deste modo quanto mais compreendermos nossa essência, o que é importante para nós, maior chance de escolhermos os melhores caminhos. A consciência de quem somos, o propósito e porque vivemos nos trará alegria e paz; entretanto, precisamos despertar. Partimos para a mudança visível a partir da transformação do eu. Esse processo começa em cada um de nós, com a consciência da necessidade e do desejo em mudar. Por meio da análise interna de virtudes e defeitos, identificamos claramente quem somos: anseios para a vida pessoal e profissional e a habilidade de sonhar, idealizar e vivenciar.

A mudança pessoal requer o conhecimento prévio da situação atual, conhecer o patamar em que nos encontramos, em relação aos nossos limites e dificuldades, identificando e solucionando os conflitos internos. Esses questionamentos irão nortear toda a gama de possibilidades que temos a frente. Contudo, é preciso, antes de chegarmos à idealidade, realizar uma viagem interna, ir à base de sustentação dentro de nós mesmos. Ampliamos a autoconsciência ao passarmos por um período de introspecção, explorando nossas vontades e reações aos efeitos que nos cercam, penetrando em nossa realidade íntima, nos permitindo perceber, observar e compreender tudo o que existe dentro e fora de nós.

Hendrie Weisinger, em seu livro Inteligência Emocional no trabalho ressalta que para chegarmos à esfera do autoconhecimento levamos alguns pontos em consideração: o modo como fazemos avaliações (diferentes impressões, interpretações, apreciações, expectativas), o contato com nossos sentimentos, identificar nossas intenções e prestar atenção em nossas atitudes (como reagimos em determinadas situações). Ao tomarmos consciência dos próprios sentimentos e atitudes, vislumbramos o que de fato pode influenciar nossos atos, podendo trabalhá-los em nosso benefício, direcionando os esforços apenas para o que efetivamente contribua para atingirmos a meta e criando um ambiente propício à mudança e ao crescimento interno. Após a sondagem de tudo que desejamos e precisamos mudar em nós, o passo seguinte é estruturar e colocar em prática as ações para mudança. O sucesso depende do que você faz ou pretende fazer para chegar até o objetivo; deixar ao sabor da vida ou agir, mover, transformar?

Compreendemos processos de mudança através de uma forte imagem do ‘eu ideal’ aliada a precisão do ‘eu real’. Daniel Goleman, 2002, ressalta que esse tipo de visualização do futuro pode constituir em uma poderosa ferramenta na identificação das possibilidades reais em nossas vidas. Respeitemos a nós mesmos com nossa unicidade; podemos ter o que quisermos se estivermos dispostos a manter nossa visão, acreditando em nós continuamente.

Com a geração de melhores resultados, as organizações abriram os olhos para a importância do despertar da consciência interna entre os seus colaboradores. Atentas para o fato de que a lucratividade advém especialmente de pessoas que estejam bem consigo mesmas. Melinda Davis, consultora de Marketing norte-americana, desenvolveu um estudo (Human Desire Project), demonstrando que cada vez mais pessoas preferem ter tranqüilidade e harmonia a bens “tangíveis”; o bem que todos buscam hoje é a paz de espírito.

Essa pesquisa, iniciada em 1996, apresentou como resultado que a maior preocupação não está mais no mundo físico, mas no mundo imaginário, na nossa mente – -fonte de todas as possibilidades. Incentivos a meditação, do encontrar consigo, por exemplo, já é uma realidade presente em várias empresas, como na CHESF, onde a Superintendência de Tecnologia da Informação foi pioneira investindo em programas de desenvolvimento comportamental com foco no crescimento pessoal e profissional dos colaboradores, trazendo inúmeros ganhos nos resultados. Em trabalhos como esse, as pessoas são levadas a mergulharem em si, descobrindo em que podem melhorar nos seus relacionamentos com os clientes internos e externos. São levadas a experienciar situações onde é fundamental que o indivíduo se conheça; saiba sua reação diante dos acontecimentos e, dessa maneira, possa neutralizar comportamentos negativos que não promovam a agregação de valor para a empresa. Goleman, 2002, acrescenta que a autoconsciência, muitas vezes negligenciada na esfera profissional, é o fundamento na administração eficaz dos relacionamentos, especialmente para os líderes: sem reconhecer as próprias emoções, não seremos capazes de gerenciá-las bem, tampouco compreender as emoções dos outros. Profissionais autoconscientes identificam melhor suas necessidades, permitindo a sintonia de interesses quanto às expectativas, aos serviços e às recompensas.

Ampliar a mente, expandir a consciência e mudar. O contato com nosso interior desperta nossa paixão, energia, vontade de viver e vencer. Isso fomenta a mudança, fazendo com que nos concentremos em nosso ideal futuro, preparando as circunstâncias em nossas vidas de tal maneira a estarem apontadas na direção que desejarmos. Cada um de nós, no eu mais profundo, possui todas as ferramentas necessárias que precisamos para alcançar o sucesso; no autoconhecimento, não existem limites para a profundidade que podemos atingir.

Ao fixar metas, trabalhando paulatinamente para alcançá-las, corrigindo obstáculos provenientes de nós mesmos, chegamos a um resultado positivo. Molden, 1999, destaca que é intrínseco ao homem o desejo de mudança em algum momento de sua vida desde que haja a percepção (consciência) de como o meio nos afeta e como reagimos a ele. A reinvenção de nós mesmos, com foco no crescimento e alcance dos objetivos, incrementa o nível de satisfação interna e os resultados oferecidos ao meio que estamos inseridos, no relacionamento conosco e com o outro. A autoconsciência proporciona o poder de mudar a nossa realidade, buscando em nós os meios de fazê-lo. Desperte para poder do autodomínio, gerenciando o próprio destino.

.

© 1996/2004 - Hífen Comunicação Ltda.
Todos os Direitos Reservados.