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Autor:
Roberto Adami Tranjan
Qualificação:
Diretor e Educador da Cempre.
E-Mail
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Data:
06/06/01
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Mundo dos Negócios: O que é Preciso para Chegar lá

Estamos viajando para o futuro a uma velocidade de 60 minutos por hora. Trabalho, negócios, empreendimentos, carreira; são palavras que trazem muitas indagações: "Será que estou no caminho certo? Qual será o futuro da minha empresa daqui a dez anos? Qual será a força do meu negócio nos próximos cinco anos? Conseguirei uma carreira promissora em uma empresa capaz de ser também promissora? Conseguirei realização pessoal e profissional?"

O Brasil foi tido como o país que mais empreende no mundo. Não sabemos se a explicação está no talento empreendedor do povo brasileiro ou nas circunstâncias da economia brasileira. Sabe-se que, segundo as estimativas, apenas 25% da população economicamente ativa conseguirá registro na carteira de trabalho em um futuro próximo. Isso significa que o restante deverá pensar em como oferecer algum tipo de serviço ou de produto à sociedade para, em troca, garantir o seu sustento. Isso também provocará algumas mudanças em nossa cultura: a busca do bom emprego dará lugar à idealização de um promissor empreendimento; a dependência (do emprego, da empresa, do empregador) dará lugar a uma maior independência; a inocência (a busca do culpado fora) dará lugar à autonomia (agora é por minha conta!).

A principal mudança, no entanto, está em compreender a nova realidade e aprender o que precisa ser aprendido. Antes, a preocupação de um profissional era desenvolver algum tipo de habilidade que pudesse "ser comprada" por algum empregador. Foi possível, no passado, vender uma habilidade. Era possível ter uma ou outra habilidade e passar uma vida em uma empresa. Se a habilidade deixasse de interessar, trocava-se de empresa mas mantinha-se a habilidade. Era a velha crença de que, "quando não pode aumentar a estatura, manda-se abaixar o teto."

Em uma economia de baixa velocidade de mudança, uma habilidade desenvolvida podia durar uma existência, mas não é isso que ocorre nos dias de hoje. A velocidade de mudança criou um ambiente errático. O futuro não é linear, portanto, para que buscar habilidades permanentes que não cabem num mundo em constante mudança? Em um futuro marcado pela velocidade das mudanças, o maior aprendizado que podemos obter é o de "aprender a aprender". Só assim seremos capazes de uma reciclagem contínua, condição sine qua non para um futuro promissor. Alguns conhecimentos são fundamentais para o exercício permanente de "aprender a aprender":

Conhecimentos sobre o mundo

O Planeta Terra virou um mundo pequeno. A globalização uniu os mercados. Se antes era difícil viajar para o exterior, hoje é muito raro algum empreendedor que já não tenha saído do País. É claro que o conhecimento do mundo não se consegue apenas viajando. TV's a cabo, Internet, revistas, etc ajudam a compreender o mundo.A compreensão do mundo contribui na ampliação da compreensão da humanidade, dos hábitos, dos costumes e ajuda a perceber tendências e oportunidades. Lembrando John Naisbitt: "pense globalmente, aja localmente".

Conhecimento do mercado

O mercado possui suas leis próprias através da dinâmica da oferta e da demanda. O comportamento da oferta e da demanda é, por sua vez, influenciado pelas ações dos agentes econômicos: empresas, famílias, governo, instituições financeiras, etc. Compreender o sistema econômico é uma maneira de fazer com que o novo empreendimento interaja positivamente com as forças econômicas.

Conhecimento de negócio

Esse é um dos principais erros dos empreendedores e dirigentes de empresas: sair por aí oferecendo um serviço ou um produto a quem se interesse por comprá-los. Poucos conseguem conceber um negócio interessante na forma de produtos e serviços. Poucos focam um público-alvo para quem o negócio deve ser direcionado. Conhecimento de negócio é fundamental para quem quiser empreender continuamente.

Conhecimento de gente

Esse é outro erro muito comum de empreendedores e dirigentes de empresas. Não saber ou não se interessar por gente - herança da Era Industrial. Para ter uma empresa, anos atrás, era necessário saber fazer alguma coisa. Manusear e manipular eram mais importantes do que comunicar e se relacionar. As habilidades técnicas eram mais importantes do que as habilidades humanas. Hoje, é fundamental conhecer a natureza humana, quer seja para lidar melhor com o cliente, quer seja para preparar uma equipe de trabalho.

Autoconhecimento

Na sociedade moderna, o dirigente de empresa é atingido com uma enxurrada de distrações. Dispersar é fácil; difícil é manter o foco. Mas, para manter o foco, é preciso ter foco. E essa é a deficiência de grande parte das pessoas. Não sabem exatamente para onde ir. Divagam a esmo sem uma missão pessoal. Não avaliam os pontos fortes e fracos para, a partir daí, criar uma direção. Sem direção, titubeiam. E o futuro é tratado como um jogo de azar.

Mais do que habilidades é preciso desenvolver a consciência e construir o pensamento, capaz de compreender o mundo e as pessoas ao redor. A partir daí é possível identificar oportunidades, produzir idéias e empreender negócios promissores.


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