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Autor:
Hugo Yoshizaki
Qualificação:
Engenheiro, doutor em Engenharia de Produção e professor da Escola Politécnica da USP.
E-Mail
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Data:
08/03/01
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Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística

A importação inconseqüente de termos e conceitos criados nos grandes centros acadêmicos capitalistas e posteriormente transplantados para os setores produtivos de todo o mundo traz grandes confusões, que, se não desfeitas, podem pôr em risco ou até mesmo comprometer o plano estratégico de empresas menos familiarizadas com estruturas gerenciais mais complexas.

O nome Supply Chain Management, traduzido como "Gestão da Cadeia de Suprimentos", é um exemplo. Apesar de novo e em alguns casos pouco "digerido" até mesmo entre seus usuários, ele vem sendo bastante utilizado na imprensa. Mas, apesar de sua disseminação, nem sempre há total compreensão de seu significado.

O mais corriqueiro é confundi-lo como uma nova definição de Logística, ou como extensão do conceito de Logística. Para acabar com possíveis equívocos, uma saída é ir na origem do problema e analisar a própria definição de Logística, adotada em 1998, pelo Council of Logistics Management.

Segundo esse conselho, Logística "é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo consciente e eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes". Essa definição assume a Logística como parte integrante ou subconjunto do Supply Chain Management , ou seja, é uma de suas preocupações.

O mesmo critério será usado em relação ao termo Supply Chain Management, que é "a integração dos diversos processos de negócios e organizações, desde o usuário final até os fornecedores originais, que proporcionam os produtos, serviços e informações que agregam valor para o cliente". Colocadas as duas concepções, torna-se mais fácil avaliar as suas diferenças.

As mais significativas e de entendimento mais simples referem-se a amplitude dos conceitos. Enquanto uma idéia refere-se a ações intra-organizacional, ou seja, remetem ao ponto de vista de uma empresa, a outra diz respeito a relações inter-organizacional, no qual o foco são as diversas empresas componentes da cadeia.

A questão intra-organizacional é mais simples de ser abordada, pois sob a ótica de uma única empresa, o Supply Chain Management envolve tanto as operações logísticas como as de manufatura. De modo simplificado e mais popular, pode-se dizer que esta interpretação do conceito eqüivale a integrar Logística com Produção. Seu foco maior é na integração entre essas duas funções, às vezes englobando também a gestão (fluxo) de pagamentos e parte do projeto do produto - design for supply chain.

Podemos observar que essa conceituação enfatiza a eficiência individual, que envolve problemas como previsão de vendas e sincronização interna das operações.

Já o âmbito inter-organizacional é mais complexo. Além da questão intra-organizacional, engloba também a seleção e a organização dos parceiros. Afinal, como ocorre em todo processo em cadeia, o cliente de uma empresa será o fornecedor de outra mais à frente. Uma indústria de chocolates, por exemplo, pode ser fornecedora de um atacadista que, por sua vez, será fornecedor de um varejista.

No final dessas cadeias, contudo, está sempre o consumidor final. A ação chave, portanto, é a colaboração e o compartilhamento de informações, que pode ser conseguido por meio de parcerias, coerção, esquemas de incentivo ou várias outras formas.

Ao diferenciar os dois conceitos, percebemos que a gestão da cadeia de suprimentos é bem mais ampla e complexa do que se possa imaginar, não podendo ser reduzida a mais um modismo teórico.


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