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Autor:
Edoardo Pollastri
Qualificação:
Presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria
E-Mail
[email protected]
Data:
08/02/03
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Globalização: Integração, Participação e Mercado

A difusa incerteza econômica que invadiu o mundo nos últimos três anos, primeiro pela explosão do Nasdaq e as conseqüentes crises financeiras nas bolsas de todos os países de primeiro mundo, cujo epílogo coincidiu com a grande crise institucional das sociedades de capital aberto; depois pelos atentados terroristas e os conseqüentes sinais de protecionismo cultural e econômico de muitos países ricos, coloca em discussão o conceito de globalização, assim como estávamos acostumados a considerá-lo nos anos noventa. O principal objetivo de todas as economias mundiais, quer dos países desenvolvidos quer dos países em desenvolvimento, era para ser buscado no esforço de internacionalização das empresas e dos recursos, para aumentar a competitividade no processo de globalização no qual cada país tirava proveito das suas especificidades locais,em termos de capacidade industrial,disponibilidade de matérias-primas e de mão-de-obra, e alcançava formas de desenvolvimento compatíveis com seu contexto geográfico, econômico e político.

Uma outra característica do processo de globalização era a de necessitar de foros de negociação mais amplos, além das estruturas nacionais e, portanto, foi-se buscar as aglutinações de macro áreas continentais, por áreas semelhantes e/ou limítrofes como o Mercosul, a área Nafta, UE, Asean, Apec, etc. Essa característica, acreditamos, deva continuar a ser essencial para as futuras negociações na nossa área, na qual as turbulências econômicas e cambiais dos últimos anos tornaram insignificantes as economias isoladas de vários países, e na qual se torna necessária a estruturação de acordos como o Mercosul, para ter o peso que um mercado de 260 milhões de habitantes merece (Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Chile). O Brasil, que representa mais de dois terços desse mercado, seja do ponto de vista populacional seja econômico financeiro, e que resistiu bravamente às crises dos países limítrofes, principalmente da Argentina, e aos ataques especulativos do capital internacional, vive hoje um importante momento histórico com a recente eleição de um novo Presidente da República. É interessante observar que o presidente recentemente eleito manifestou muita resistência em aceitar passivamente as regras que EUA gostariam de impor através da ampliação da ALCA à América Latina. Acreditamos que hoje seja absolutamente necessária uma ação forte por parte da comunidade européia e de cada uma das nações para estreitar os laços comerciais com a nossa Área.

O processo de globalização passará seguramente através dos acordos estratégicos entre áreas desenvolvidas e áreas em desenvolvimento e, sem dúvida, a Europa, e a Itália em especial, não investiram suficientemente na região. Estamos defronte a uma das últimas possibilidades: já no próximo ano recomeçarão as negociações para a ampliação da área ALCA. Acreditamos que a Europa deva apresentar programas que possam servir de estímulo para que a Área do Mercosul não seja seduzida pelos EUA. Para isso, o papel das Câmaras de Comércio Italianas da Área Mercosul pode ser uma contribuição válida.

Seria oportuno, a nosso ver, proceder à nova definição das estratégias que se baseiam em um modelo que privilegie também a cooperação internacional nas áreas da Formação e da Saúde.

Vemos isso como volante propedêutico ao investimento do capital internacional nas áreas industrial, agrícola e de serviços. Um melhoramento nas condições básicas de desenvolvimento poderá criar a autogênese de iniciativas que resultam em troca de tecnologias para matérias-primas, em serviços para o público e o privado, para a realização das auspiciosas joint ventures que são a base das relações comerciais e humanas entre as nações. As Câmaras de Comércio podem ter, nesse sentido, um papel predominante: ser uma ponte entre os vários sujeitos que devem criar a integração e o desenvolvimento; os Governos, as estruturas supranacionais, as associações de categorias, as empresas e todas as outras instituições escolhidas para esse fim.

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