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Autor:
Fernando Gomiero
Qualificação:
bacharel em Administração de Empresas
E-Mail
[email protected]
Data:
09/08/02
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Responsabilidade Social: uma Questão de Sobrevivência

Com o advento da globalização, a formação de novos blocos econômicos e um mercado cada vez mais competitivo, as organizações sentiram a necessidade de criar alternativas eficientes para melhorar a performance de seus produtos no mercado. Uma dessas alternativas foi a de implementar programas voltados a beneficiar as comunidades, especialmente aquelas pessoas mais carentes e esquecidas pelos governos com seus pretensos programas sociais, ao mesmo tempo em que, providencialmente, se beneficiam da imagem de filantropia que passa a ser associada aos seus produtos no mercado consumidor.

Muitas empresas estão destinando uma fatia do seu orçamento para ações de responsabilidade social, objetivando tornar-se um referencial na acirrada disputa pelos consumidores, diferenciando-se de seus concorrentes e rotulando seus produtos com uma dose de filantropia. Assim, estas empresas que investem no social obtém grandes vantagens em competitividade, ao estabelecer diferenciais que objetivam manter uma boa imagem institucional, ao mesmo tempo em que proporcionam benefícios sociais que assegurem a conquista de novos cliente potenciais. E isto realmente acaba ocorrendo porque, atraídos pela possibilidade de destinar recursos para entidades filantrópicas com a compra de determinado produto, sem que isto represente custo adicional para seu bolso, a maioria dos consumidores opta por fazê-lo sem pensar duas vezes.

Há o caso das empresas que contratam deficientes em número superior ao que determina a constituição, aproveitando as habilidades de cada um. Muitas delas já não admitem qualquer tipo de discriminação ou preconceito, priorizando os talentos, habilidades e aptidões de cada um de seus profissionais. Além disso, adotam o programa de doação de mão-de-obra para instituições beneficentes, emprestando funcionários durante algumas horas do dia para execução de serviços para entidades que não dispõe de recursos para contratar. Enfim, casos como o programa "Amigos da Escola", através do qual recrutam-se voluntários que auxiliam na melhora da qualidade do ensino e na manutenção das escolas públicas, tudo contribuindo para o bem estar social.

Entretanto e lamentavelmente, nem tudo é alegria no reino das CPI´S, da corrupção e das liminares. Enquanto um bom número de empresas vem proporcionando grandes benefícios à população, mesmo que com medidas demagógicas, uma quantidade enorme delas continua presenteando a coletividade com enormes desserviços.

É o caso das fábricas que poluem o meio ambiente. A instalação de filtros é uma forma de benefícios não menos importante que a filantropia, sem exigir grandes investimentos, porém de pouca eficácia quando se fala em atingir o consumidor. a grande maioria das empresas ainda não se animou a tomar tal providencia. Atualmente, a quantidade de filtros instalados é irrisória se comparada com o número de fábricas que brindam diariamente o meio ambiente com toneladas de produtos químicos e outros altamente poluentes. A instalação de filtros anti-poluentes poderia representar o fim do lançamento desses detritos em nossos rios e na atmosfera, reduzindo substancialmente as agressões à natureza e amenizando o atual estágio de degradação do meio ambiente. Neste caso, valeria a pena o governo estimular as indústrias através de incentivos que viabilizassem a instalação desses equipamentos e, assim, resolver um problema crônico que vem piorando cada vez mais a qualidade de vida da população.

AH! Tem ainda a questão do nosso verde. A maioria das organizações que exploram a madeira para abastecer o mercado produtor de móveis e outros derivados, não se mostram nem um pouco interessadas em iniciar uma recuperação das enormes áreas que elas próprias prejudicaram, tamanha a ganância pelo lucro fácil ao menor custo possível. Devastam nossas florestas causando danos inestimáveis ao meio ambiente, sem dar a mínima chance para que a natureza recomponha as áreas desmatadas. Enquanto o governo não impor uma fiscalização rigorosa, com legislação específica e pesadas punições aos responsáveis, nossas reservas florestais continuarão à mercê dos interesses econômicos, sofrendo com os desmandos de organizações irresponsáveis. Quanto a nós, meros coadjuvantes do sistema, teremos que nos contentar com as exceções, isto é, as pouquíssimas empresas do setor madeireiro, que se preocupam com reflorestamento e cumprem a lei.

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