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Autor:
Luiz Renato Roble
Qualificação:
Designer e diretor de Criação da Datamaker Designers.
E-mail:
[email protected]
Data:
09/09/03
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Uma Loja Visivelmente Atrativa

A primeira impressão que temos de uma loja é a que fica. Esta impressão, que pode ser boa ou má, é formada pela somatória de pequenos e significantes detalhes. É preciso estar sempre atento para não pecar. A fachada, por exemplo, para que coloque a loja em evidência e garanta boa visibilidade, independentemente da distância ou do ângulo, deve expor com ênfase e criatividade somente o que ela tem de bonito.

O uso de fachada transparente, muito difundido por transformar todo o interior da loja em uma grande vitrine, é sem dúvida, uma ótima opção para chamar a atenção do público. Para que o feitiço não se volte contra o feiticeiro, é importante ter cuidado para que toda esta transparência não mostre coisas, comprometedoras e indesejáveis, que estariam bem melhor, escondidas no conforto do anonimato.

Cestos com lixo em excesso, tomadas com fios serpenteando pelo chão da loja, pedaços de papel semeados pelo chão, caixas de papelão com mercadorias que ainda não foram guardadas e a visão sem censura de todo o funcionamento e faturamento do caixa são, com certeza, pecados que qualquer mortal pode, distraidamente, estar expondo a seus clientes.

Ao contrário disso, a fachada de uma loja deve ser desenvolvida para que, por meio dela, os clientes sejam atraídos seja pelo visual inusitado, pelo bom gosto apresentado, pelas formas e pelas vitrines. O design da loja deve funcionar como um cartão de visitas mostrando todo o esforço que foi direcionado no sentido de refletir o conceito da marca, ou seja, comportamentos que se busca vincular aos produtos e serviços. Para isso, a arquitetura funde-se com recursos cenográficos criando soluções personalizadas e atraentes.

Além da fachada, o design do interior trabalha contra ou a favor da imagem e conseqüentemente do faturamento mensal da loja. Não se pode deixá-la parecida com um carnaval, 12 meses por ano. É importante analisar se as informações oferecidas aos clientes estão informando algo de importante ou se estão apenas contribuindo involuntariamente com a poluição visual da loja.

Cartazes em profusão não comunicam nada de especial, só poluem. Caixas de sapatos empilhadas com produtos dentro não demonstram os produtos e só poluem. Prateleiras com produtos em excesso atrapalham o atendimento e também poluem. Araras e expositores abarrotados de produtos semelhantes tornam o interior da loja claustrofóbico e só poluem.

É preciso analisar criteriosamente os cartazes e banners espalhados pela loja e deixar exposto apenas o essencial. Caixas e produtos repetidos, por exemplo, ficam melhores no estoque. Caso não exista um espaço para o estoque deve-se criar um. É melhor perder um pouco da área da loja do que transformar toda ela em um imenso estoque aparente.

Manter uma loja impecável em tempo integral não é uma tarefa impossível, mas todos sabemos o quanto é difícil. Existem padrões de lojas criados e desenvolvidos para que realmente sejam expostos ao público e não adianta reclamar, pois este é o procedimento imaginado desde sua concepção.

Existem lojas, entretanto, que estariam muito melhor apresentadas, se a fachada fosse seletiva naquilo que expõe. Se uma fachada mostra demais, pode-se tirar um pouco da transparência, escondendo, por exemplo, a área abaixo da cintura com uma aplicação de vinil translúcido. Esta solução é simples e barata. Permite que o caixa, quando muito exposto e cuja posição é impossível alterá-la, seja escondido e seus procedimentos internos disfarçados, para não chamar muita atenção sobre o assunto.

Ao vermos uma imagem, a primeira impressão é o resultado do conjunto.
A composição do conjunto, por sua vez, é feita pela somatória de detalhes, que podem ser positivos ou negativos. Para não sair perdendo no final das contas, diminua as áreas de transparências inúteis para que seja multiplicado aquilo que sua loja tem de bonito. É isto que vende e que deve ser mostrado.

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