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Autor:
Paulo Schenberg
Qualificação:
Diretor do site Alpha Fintec e consultor sobre o mercado de ações.
E-Mail
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Data:
10/02/04
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Como na América

Não é novidade que a cultura brasileira está muito atrelada ao modo norte-americano de viver. Até aí, nada mais natural, pois os Estados Unidos são o país líder. Termos em inglês fazem parte do vocabulário de todas as classes sociais brasileiras. No cinema e na TV, os filmes do Tio Sam dominam a programação. É assim com os fast-foods, com o jeans, o rock. Navegamos na web, entramos no world, utilizamos o mouse e conseguimos até deletar nossos erros!

É pena, porém, que não tenhamos copiado outros aspectos da cultura dos norte-americanos. Por exemplo, o respeito que têm pelo desenvolvimento científico e tecnológico. Para ilustrar a questão, basta recorrer a um simples dado comparativo. Nos Estados Unidos, há 800 mil cientistas fazendo pesquisa em empresas; no Brasil, menos de 10 mil. Este aspecto é um dos fatores que os tornaram a nação mais rica e poderosa do planeta. Enquanto orgulham-se do número de pesquisadores laureados com o prêmio Nobel em suas universidades, nós sequer encontramos um lugar no altar da pátria para louvar nossos cientistas. Resta-nos o consolo de sermos pentacampeões mundiais de futebol e outros tantos em vôlei, basquete e boxe.

Pouco temos feito para alterar esta situação. Precisamos estimular nossa juventude à carreira científica, pois sem ciência e tecnologia jamais conseguiremos entrar no primeiro mundo. Sobre isto vale lembrar o que disse o velho economista inglês, basta dar um pedaço de terra ao homem que ele vai gerar riquezas. Seu colega alemão completou com propriedade, que, se agregarmos ciência e tecnologia, na forma de fertilizantes, tratores e irrigação, o homem vai produzir muito mais riquezas.

Também não assimilamos o know-how (lá vamos nós de novo) dos yankees na hora de investir. Enquanto no nosso País predomina o investimento em renda fixa (aliás, temos horror a aplicações que não apresentem resultados positivos dia a dia), os americanos têm por hábito aplicar em Bolsa de Valores. Aqui, apenas 2% dos investidores optam por aplicações em ações. Nos Estados Unidos, este índice alcança a marca de 60%.

Os norte-americanos chegam mesmo a investir em empresas que, por atuarem em setores de ponta, ainda não possuem produtos comercializáveis. Aplicam, portanto, suas economias em expectativas futuras! Como prêmio ganham jóias raras como a Microsoft, Apple, Genentech e tantas outras. Tivessem elas nascido no Brasil — e não nos falta talento para tanto —, certamente teriam morrido prematuramente por subnutrição financeira.

No nosso país, as pessoas ainda enxergam a Bolsa como um grande cassino. Um lugar onde o perder é muito mais certo do que o ganhar. Contudo, isto é um equívoco!

Se estivermos atentos às informações hoje disponibilizadas pela internet, vamos perceber que até mesmo o pequeno investidor pode obter resultados financeiros superiores aos da renda fixa e, de resto, ainda vai poder contribuir para o desenvolvimento correto do Brasil.

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