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Autor:
Carlos Antônio de Freitas
Qualificação:
Sócio Administrador da SATIERF - Consultoria Especializada em Cooperativas, Associado da PFC Contábil (Contabilidade Cooperativista)
E-Mail
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Data:
11/10/02
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Cooperativas e Autogestão

Diz um velho ditado: "Brasileiro tem memória curta !..."
Isso também se aplica, em todas as letras, ao cooperativismo brasileiro dos nossos dias.
No nosso País convencionou-se chamar de "Lei de Gerson" toda operação que envolva vantagens desmesuradas por parte de uma só pessoa ou entidade, sempre em detrimento de outrem. E, há um longo tempo muita gente com tal pensamento, infelizmente, vem se intitulando cooperativista.

A situação em que se encontra o País, cheia de altos e baixos, permite que alcemos maiores vôos, principalmente se considerarmos as dificuldades peculiares de cada cooperativa e principalmente, se aplicarmos de modo puro e simples os Princípios do Cooperativismo.

Há alguns anos tivemos o "efeito Cotia" (representado pela Liquidação de uma Central, a Cooperativa Agrícola de Cotia). Infelizmente muitos tentaram se aproveitar da liquidação extrajudicial para desestabilizar o movimento cooperativista no Brasil que, a mercê de diversas dificuldades, vai conseguindo sobreviver às crises pelas quais passou e passa o Brasil (não esquecer que a agricultura brasileira "foi que pagou a conta do Real" e os maiores prejudicados foram, sem dúvidas as cooperativas agrícolas).

O movimento cooperativista, de forma limpa e legal, é uma rápida alternativa ao desemprego, sem sonegação de impostos. Porém as Cooperativas de Trabalho, vêm sofrendo com a criação de novos tributos pelo Governo, sendo prejudicadas, por mais paradoxal que possa parecer, por agir corretamente, dentro dos parâmetros e exigências da legislação brasileira.
Assim, devemos considerar o que se segue:

1. Na administração econômica, financeira e contábil dos recursos, peca uma grande parte de cooperativas por se eximir de assumir alguns custos e, não ter, na sua maioria, controles gerenciais que permitam mais análises específicas pelos dirigentes de cooperativas, de qualquer ramo, com raríssimas exceções.

2. Ausência de literatura específica e em grande quantidade para que sejam entendidos, não somente o espírito, como os objetivos sonhados pela grande maioria de cooperados.

3. Falta de integração do mundo cooperativista com a ausência de "lobby". Atualmente o setor conta apenas com a Frente Parlamentar Cooperativista (FRENCOOP) que não foi ainda, entendida pela maioria (sequer sua importância). Por meio do Frencoop é possível pressionar de forma legítima os Órgãos Legisladores e Executivo (o Federal pelo menos), para que se possa exigir a criação de diretrizes capazes de favorecer o cooperativismo como um todo. Outros fatores positivos seriam a ampliação da legislação para o surgimento de novas cooperativas, sempre preservando e ampliando o nível de ocupação do brasileiro e incentivando o desenvolvimento de um tipo de empresa ainda pouco conhecido pelo povo brasileiro, o COOPERATIVISMO.

Como o cooperativismo é uma filosofia que modifica o conceito de empregabilidade no País, sendo desatrelada da influência governamental restritiva e burocratizante (fato que ocorria antes da promulgação da Constituição de 88), os que convivem e sobrevivem nesse sadio meio de associativismo, precisam voltar-se mais para a gerência dos seus interesses, o que se configura na AUTOGESTÃO.
É necessário que sejam tomadas posições como:

a) Estabelecimento de políticas de acompanhamento gerencial, visando uma antecipação às incertezas da administração do nosso País (mais preocupado com a criação de novos impostos do que com a real situação do povo brasileiro);

b) Considerar como "investimento" e não "despesa" a contratação e manutenção de profissionais que, conhecedores da matéria - COOPERATIVISMO - porque a cooperativa, sendo uma sociedade de pessoas em que se respeita a individualidade de cada associado, necessita ser tratada diferentemente de qualquer outro tipo de sociedade mercantil;

Esses ingredientes básicos são capazes de transformar o cooperativismo brasileiro em termômetro da situação de cada segmento, devendo ser perseguidos com tenacidade por aqueles que exigem e agem com transparência, propiciando um real crescimento da sociedade brasileira, a custos bem menores e sobretudo sem a necessidade de escravização do país a políticas externas que, infelizmente, correm as nossas riquezas.

E como disse no início: "Brasileiro tem memória curta!..."

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