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Autor:
Roberto Brizola
Qualificação:
Presidente da ANEFAC - Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade e Gerente da Unidade de Negócios Novos Associados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
E-Mail
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Data:
12/11/02
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A Gestão Participativa

A gestão participativa, a participação nos lucros e a democratização da propriedade têm-se constituído, nestes últimos 25 anos, nos fundamentos para a formulação de novos paradigmas nas relações socioeconômicas, particularmente, nas relações entre o capital e o trabalho, contribuindo para o ressurgimento de experiências autogestionárias.

Sob forte inspiração do ideário socialista no passado, hoje prosperam empresas autogeridas em economias de mercado desenvolvidas.

No processo autogestionário, a participação do trabalhador na empresa é praticada em todos os níveis e esferas, ensejando um novo padrão comportamental, fundamentado na ética e na solidariedade, destacando-se como o ápice dessa participação o poder de influir ou, até mesmo, decidir sobre os destinos da empresa - só possível quando os trabalhadores tomam consciência e assumem a plenitude das ações estratégicas da empresa. A simples constatação dos níveis de participação a seguir destacados prova nossa assertiva.

Através da participação na gestão dos processos, os trabalhadores assumem responsabilidade crescentes e o efetivo controle de suas funções, liberando suas potencialidades individuais. Disso, resulta o aumento de sua motivação e satisfação profissional e uma significativa melhora em seu desempenho.

A participação nos resultados financeiros, traduzida em mecanismos que aumentam sua relação renda/esforço do trabalhador, provoca maior engajamento nos processos produtivos. As bonificações por aumento de produtividade e os bônus de produção por metas atingidas são exemplos desses mecanismos, sem contar a participação nos lucros, forma mais abrangente e universal de participação nos resultados financeiros das empresas.

A participação no capital estabelece a conexão entre o aumento da renda futura do trabalhador com o desempenho da empresa a longo prazo. Na esfera estrutural, essa participação conduz ao fortalecimento do mercado de capitais, representando um avanço na democratização do capital e da propriedade.

Além dos aspectos supracitados, afloram, de forma clara e contundente, as duas funções indissolúveis da empresa: a função econômica (que objetiva maximizar o retorno do capital investido) e a função social (que visa otimizar o bem-estar dos agentes que interagem com a empresa, em especial os trabalhadores e a comunidade onde ela se insere econômica e socialmente).

No Brasil, os modelos autogestionários que prosperaram nos últimos anos, em grande parte têm sido tentativas dos trabalhadores de garantir a manutenção do emprego e rendas. Em outros países, a adoção da autogestão em empresas tem sido uma prática crescente, propiciando a aplicação dos mais variados modelos, adaptados a cada situação específica, tais como: cooperativas, sociedades anônimas, associativismo etc.

Nos Estados Unidos, a meca do capitalismo, constata-se a tendência de crescimento de experiências autogestionárias. O governo desse país, desde os anos 70, tem estimulado programas de financiamento para os trabalhadores adquirirem ações das empresas em que trabalham. Mais de 10 milhões se tomaram sócios e, em centenas de casos, assumiram, inclusive, seu controle acionário, fazendo da unidade uma empresa autogerida.

Alternativas não nos faltam para melhorar a relação entre trabalho e capital. É só ter coragem para implementá-las!

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