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Autor:
Maurice Paleologue
Qualificação:
Senior Associate da Louis Allen do Brasil.
E-mail:
[email protected]
Data:
13/06/03
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Anemia Gerencial - Por Que os Bons Vão Primeiro?

Você criou a empresa e vem se dedicando a ela como nunca. Você não merece que os amigos e parentes abandonem o barco, logo agora, que os negócios estão tão difíceis! Você também não consegue entender por que os bons vão embora primeiro. Pois bem, agora você vai descobrir coisas que nenhum dos seus homens teve a coragem de lhe dizer e nunca dirão. Essas descobertas decorrem de uma minuciosa pesquisa desenvolvida por Louis A. Allen, na Califórnia.

O que o Allen constatou e tem validade até hoje é que os mesmos motivos que fizeram sua empresa crescer num determinado momento mudam de sinal e começam a acarretar perdas sérias, tanto materiais como emocionais. A simultaneidade e gravidade dessas perdas levam a empresa a um CORREDOR DE CRISES. Daí, ela só tem duas saídas: falência ou profissionalização da gerência remanescente.

Eis algumas de suas atitudes que deram certo e que agora ninguém mais agüenta:

1.Nas reuniões, só você fala;

2.No trabalho, a qualquer momento você chama ou interrompe o outro, com pressa, admitindo sempre que ele não está fazendo nada!

3.Delega, ao primeiro que encontra, total responsabilidade sobre algum assunto, dando pouca ou nenhuma informação adicional;

4.Você decide tudo, informa pouco e cobra resultados, sem perguntar. Cobra, cobra e cobra.

5.Você compromete recursos ou assume prazos, mas não avisa para quem vai ter de pagar. Só Deus sabe o que ele faz para honrar sua palavra.

6.Está tão comprometido que fica quase impossível marcar uma reunião com você.

7.Você deixa todos esperando e, às vezes, nem aparece ou dá uma desculpa.

No início da empresa, essas atitudes eram até motivadoras, pois o pessoal as recebia como oportunidades de aprendizagem e crescimento. Vamos ver como eram vistas, uma por uma:

1.Você era quem mais sabia do que estava falando, nós adorávamos ouvi-lo e aprendíamos muito, sua clareza e entusiasmo nos envolvia e contagiava!

2.Realmente, nós só nos dedicávamos às suas ordens, sempre coerentes e dasafiantes. Importante para nós era estar em linha com seus pensamentos e estratégias. Tudo dava certo!

3.A gente recebia essas delegações como verdadeiros prêmios. Sentíamo-nos escolhidos! Quanto menos informação você nos dava, mais valorizava nossa dedicação para descobrir e fazer bem feito o que de nós era esperado!

4.Sua cobrança era um verdadeiro elogio, procurávamos antecipar tudo para evitá-la. Mas ela significava que você estava dando importância máxima ao nosso desempenho. E nos ajudava a concluir as tarefas.

5.Na época, você dispunha de mais informações e quase tudo que você assumia era viável cumprir, o que muito nos honrava era dar conta de recados desafiantes.

6.Ocupado você sempre esteve, mas chegava mais cedo e saia mas tarde, tendo sempre um tempinho para uma reunião de emergência.

7.Na época, se você não aparecesse era visto como delegação plena ("empowerment") e nos superávamos ao ter que resolver tudo sem você por perto.

Cabe lembrar algumas atitudes suas, de que hoje sentimos saudades;

1. Você nos elogiava muito, revelando plena confiança;

2. Segurava o selim da nossa bicicleta, nas dificuldades; jamais nos abandonava ou nos demitia das tarefas;

3. Jamais admitia um fracasso. Dava tudo de si e exigia o máximo de nós.

O Allen confirmou que os bons saem primeiro, ou para fundarem suas próprias empresas ou aceitando convites vantajosos da concorrência. Os medíocres ficam e aceleram o CORREDOR DE CRISES, pois conscientes de suas deficiências não admitem novos gerentes e vão dividindo entre si os feudos remanescentes.

O Allen descobriu também que para escapar desse maldito CORREDOR, as vencedoras profissionalizaram suas gerências e ajustaram o grau de consciência gerencial de suas equipes às exigências do mercado e da concorrência.

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