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Autor:
Rafael Olivieri Neto
Qualificação:
Economista e Diretor da Escola de Negócios da Universidade Anhembi Morumbi
E-mail:
[email protected]
Data:
14/05/03
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Fator Reciprocidade

Atualmente o uso da palavra Mudança está em ordem crescente de fatores nos meios empresariais, institucionais, de lazer e outros segmentos, devido a um novo comportamento que vem se manifestando no sentido de alterações rápidas na vida do ser humano.

Várias são as formas de mudança que estão sendo ditas, quer sejam para acompanhar o mercado, competir, ou simplesmente para atualizar e melhor dirigir os negócios. Portanto, nada se faz de melhor se não houver uma atitude recíproca, isto é, que implica na troca ou permuta entre pessoas, grupos ou organizações.

A princípio, podemos dizer que a palavra "mudar" carrega consigo um estigma de resistência , sendo inicialmente ridicularizada em qualquer situação. Depois, passa a ser recusada , sendo finalmente seguida pela maioria como auto-evidência.

Dessa forma, o Fator Reciprocidade, já aplicado em muitas empresas de primeiro mundo, procura através de técnicas avançadas, ensinar como a reciprocidade aliada à empatia, resulta numa forma moderna de relacionamento. Haja visto que, atualmente os negócios realizados em parceria, são os que têm demonstrado maior sucesso no mundo todo.

Podemos aplicar as técnicas desse Fator nos diversos setores de nossa vida. Mas, para implantar a reciprocidade nas empresas, entendemos ser de fundamental importância, a tríade: comunicação – expectativa e motivação. Quanto mais próximos eles estiverem entre si, mais a empresa poderá entender e resolver os seus problemas.

A maneira com que gerenciamos o relacionamento no trabalho, resulta na influência que exercemos sobre as pessoas, tanto as que estão acima de, como as que estão abaixo de nós. Em casa, dependendo da maneira como você se relaciona com seu cônjuge, filhos e até mesmo com amigos, poderá vir a contribuir para uma melhora considerável no bem-estar com eles, aumentando consequentemente seu nível de satisfação.

Não podemos deixar de lado a hipótese de que as pessoas avaliam os relacionamentos, comparando o que elas dão com o que elas recebem. Se essa relação estiver numa escala de igualdade, haverá o equilíbrio e fortalecimento da percepção para com os esforços dispendidos no relacionamento. A vontade de saber e o entusiasmo por aprender sempre, faz com que a busca do aperfeiçoamento se faça em conjunto.

Vamos citar um exemplo comum a todos nós: - Um executivo ao falar sobre seu relacionamento com a esposa, contou-nos que viajava demais à negócios, passava poucos finais de semana em casa e pouco se lembrava das datas de aniversário de casamento ou nascimento da esposa. Entretanto, trabalhava muito para manter o padrão materialmente conquistado para a família: carros novos, viagens, festas, etc.

Certa vez, quando retornou de uma dessas viagens, teve uma surpresa: Sua esposa havia se mudado da casa maravilhosa. Após momentos difíceis, ele disse que aprendeu uma coisa: sua esposa, jovem e bonita, gostaria de ter tido muito mais sua presença do que seu dinheiro. Entretanto, se questionou por muito tempo, quando atingido ainda pelas sensibilidade, com esta frase: Depois de tudo o que eu fiz por você ... (Esta frase é uma maneira simples de expressar que você está em desvantagem com o outro).


Num relacionamento, não são as intenções, esforços ou tempo dispendido que contam ponto para o seu sucesso, mas sim, a percepção dos outros para com esses esforços. No relacionamento humano, a beleza estará sempre e realmente nos olhos de quem a observa. Quando alguém faz uma coisa muito bem, aplauda. Você estará fazendo duas pessoas felizes.

Tanto no trabalho como em casa, as pessoas prestam atenção a tudo o que se relaciona com a reciprocidade. Portanto, substitua sempre a frase: "Depois de tudo o que fiz por você"... para: "Veja o que nós podemos fazer um ao outro".

Todos nós em qualquer estágio de nossas vidas, defrontamos com aspectos positivos e negativos. Se não estivermos em alerta, os negativos podem ofuscar os positivos, rapidamente. Assim, vivenciamos momentos de alegria e de tristeza, de crescimento e estagnação, bem como aqueles de reflexão sobre tudo isso. Esses momentos, se bem aproveitados, valem "ouro" para a organização empresarial, institucional e familiar.

Estamos atravessando para o terceiro milênio, onde estão sendo resgatados valores que até então ficaram renegados a um segundo plano, como por exemplo, o caso da reciprocidade. Através da sua prática, o autoritarismo e o conservadorismo caem por terra, pois, o autoritário e conservador é o que se acha dono absoluto de todas as verdades e por isso nem se dá ao trabalho de ouvir outras pessoas.

Portanto, quando se exerce uma ação recíproca, ou seja, quando se poe em prática o fator reciprocidade, está se buscando uma adesão voluntária para uma ação de aperfeiçoamento. E isto simplesmente não passa de um processo educativo, porque se processa numa relação de indivíduo para indivíduo.

Entretanto, a concorrência está cada vez mais competitiva. Neste mundo de Administração em um ambiente global, onde a pirâmide tradicional das estruturas das empresas foram invadidas pela tecnologia, pela competição e pela demografia, hoje são também invadidas e rachadas com as mega-fusões. Tem mais chance no mercado, aquele que reúne maiores condições de experiência, criatividade e visão global do mercado.

As mega-fusões são consideradas como outra versão da Pirâmide à Panqueca. Se fizermos uma rápida retrospectiva, dos últimos 50 anos em termos de competição no mundo, podemos perceber que de 1950 até 1975 – os EUA dominaram os mercados mundiais. Nos anos 80 houve a febre da fusão e nos anos 90, a diminuição das empresas com dowsizing, como nos casos das empresas estatais, que implantaram programas de incentivo, para redução dos empregados, com a finalidade de enxugar a empresa , preparando-a para a privatização.

Mas, ao verificarmos todo esse processo, nos leva a pensar: E o fator reciprocidade aonde vai, com tudo isso acontecendo? A culpa é dos negócios globais? Existe reciprocidade das empresas com os empregados nas mega-fusões ou é mais uma técnica de redução de empregos e aumento de lucros das mesmas? E com a sociedade, existe reciprocidade? Se as empresas cresceram tanto, que legado elas deixaram ou deixarão para a construção de uma sociedade mais justa ou equilibrada?

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