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Autor:
Ignácio Fraga
Qualificação:
Diretor da Tradeworks Logística e Comércio Exterior
E-Mail
[email protected]
Data:
17/12/03
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Desconhecimento é Principal Barreira para Exportações

Um dos temas mais debatidos em todos os setores de nossa sociedade, hoje em dia, é a importância das exportações brasileiras para a expansão da economia nacional e da saúde financeira das empresas. Sabe-se que o sonho de qualquer empresa brasileira, seja uma micro, pequena, média ou grande é abrir mercado no exterior para venda de seus produtos e serviços.

É com toda razão que a atual administração coloca o incremento das exportações brasileiras como uma de suas principais metas para o desenvolvimento da economia interna, em virtude das implicações diretas na expansão do nível de emprego e do volume de investimentos produtivos na indústria de bens de consumo e serviços.

As últimas previsões governamentais dão conta que este ano as exportações atingirão um patamar acima de R$20 bi e até 2006 podem superar a casa dos R$100 bi. Sabe-se que, atualmente, o volume das exportações brasileiras só representa 0,9% do PIB, o que é pouco quando comparado com os resultados de outros países.

Isto não impede que tenhamos bons exemplos de sucesso em nossa pauta de exportações. Além do agronegócio, podemos citar nossa indústria de calçados, que tem experimentado um crescimento expressivo de vendas no mercado externo. Concentrada e representada pela região conhecida como Vale dos Sinos, no sul do país, esse setor mostra que no primeiro trimestre deste ano as exportações fecharam com saldo positivo. Os embarques realizados até março de 2003 geraram divisas de US$ 386 milhões, contra US$ 353 milhões do mesmo período de 2002. Segundo a Abicalçados (Associação Brasileira de Calçados), o faturamento foi 9% maior em 2002 somando US$ 1,615 bi, contra US$ 1,442 bi em 2001.

Todavia, só este exemplo não reflete a realidade dos demais setores e de nossas indústrias. Hoje, apesar da melhoria dos sistemas de difusão e do processo promovido pelo governo para desburocratizar as exportações, ainda existe uma grande parcela do empresariado que desconhece os caminhos, facilidades e vantagens de lançar seus produtos no mercado externo.

Apesar de muitos empresários reclamarem da atual política cambial alegando que as exportações estão ameaçadas pela valorização do real, da deficiência e dos altos custos da infraestrutura logística para escoamento de nossas exportações, das barreiras comerciais impostas pelos países desenvolvidos, existe uma grande esperança que este quadro pode ser mudado, através de um esforço conjunto entre o empresariado e o governo.

Nesse sentido, o governo vem lutando para devolver a confiança a nossos empresários mostrando que a exportação é algo que está sendo levado muito a sério e que, portanto, pode ser encarada pelo setor privado nacional como uma atividade de longo prazo. Para tanto, a política de comércio exterior deve ser coordenada pelo Ministério da Indústria e Comércio com a participação de todos os demais Ministérios envolvidos com as atividades internacionais.

O governo tem conhecimento de que as pequenas empresas geram cerca de 50% dos empregos e são responsáveis por 34% do faturamento global da economia, de acordo com dados do IBGE. Portanto, é preciso criar mecanismos de divulgação e estímulo ao comércio exterior, mostrando ao empresariado nacional todas as facilidades existentes para ingressar ou ampliar seus negócios ao ingressar no mercado externo com seus produtos e serviços. Através de pesquisas junto ao empresariado nacional, apurou-se que muitas empresas ainda não se lançaram no mercado externo por puro desconhecimento dos mecanismos simplificados de nossa legislação nas áreas creditícia, fiscal, comercial e cambial.

Damos como exemplo o procedimento atual de exportação simplificada, para mercadorias até US$ 10 mil. Trata-se de um processo simples e rápido, mas ainda muito pouco utilizado.

Talvez o primeiro passo para a inserção de uma empresa no mercado internacional é contratar ou firmar parcerias com empresas especializadas na realização de processos de exportação e logística e/ou buscar apoio junto a entidades governamentais do tipo: Banco do Brasil, Apex, Sebrae, Entidades de Classe e outros organismos de apoio às exportações.

O importante é que o empresariado não perca a oportunidade de levar sua marca ao mercado externo pelo simples desconhecimento dos procedimentos de exportação.

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