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Autor:
Max Schrappe
Qualificação:
Presidente da Confederação Latino-Americana da Indústria Gráfica (Conlatingraf) e do Conselho Consultivo da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).
E-mail:
[email protected]
Data:
18/07/03
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Sinfonia do Desenvolvimento

Para se desenvolver, crescer, solucionar seus problemas sociais e oferecer melhores condições de vida a toda a sua população, o Brasil necessita que seus setores produtivos consigam produzir mais, melhor e com custos pelo menos similares aos das demais nações. Cada vez que tivermos um produto ou serviço com relação custo/benefício mais adequada do que a dos concorrentes internacionais, estaremos criando aqui os empregos correspondentes a esse diferencial mercadológico. Fica claro, portanto, que a competência na conquista da qualidade, produtividade e custo baixo é a grande chave para que o País participe da economia global com vantagens competitivas.

Como bem disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua recente visita a dois mil metalúrgicos no ABCD paulista, é preciso plantar a semente para depois colher os frutos. O empresariado brasileiro tem feito grande empenho para agregar os contemporâneos requisitos de competitividade. No entanto, vem enfrentando numerosos obstáculos para "comprar as sementes" da tecnologia, dos bens de capital e da prospecção de mercados internacionais, pois continua se deparando com a dura política monetária implantada pelo governo anterior e, por enquanto, mantida pela administração do PT. Juros altíssimos, impostos extremamente onerosos (não só ratificados, como agravados na proposta de reforma tributária enviada ao Congresso) e todos os demais itens do Custo Brasil, como os encargos sobre a folha de pagamento, são fantasmas que continuam assombrando empresas e trabalhadores.

Obviamente, nesse cenário não é qualquer surpresa o grave índice de desemprego na Grande São Paulo, na casa de 20%, constatado pelo próprio presidente da República em sua visita ao ABCD. Dentro do próprio governo, conforme demonstra a imprensa, há influentes integrantes que já reconhecem a perda de competitividade dos setores produtivos nacionais na economia globalizada, em decorrência do exagero e longevidade de uma política monetária inflexível. Estamos prestes a enfrentar uma situação absolutamente paradoxal: o excesso de medidas duras de controle da inflação impedem os investimentos e isso estanca a capacidade de produção de numerosos setores, podendo gerar a chamada inflação de demanda. Seria irônico e quase cômico, não fosse trágico.

Os empresários brasileiros têm plena consciência de que é necessário continuar segurando os índices inflacionários e louvam o esforço do atual governo nesse sentido. Entretanto, cobram do presidente Lula o mesmo que cobravam de Fernando Henrique Cardoso: um pouco mais de flexibilidade na política econômica, buscando o equilíbrio entre o controle da inflação e o saudável processo de crescimento e geração de empregos. Todos compreendem que, como disse o presidente Lula no ABCD, a orquestra está sendo afinada. Porém, em vez de dançar conforme a música recessiva do monetarismo exacerbado, os brasileiros que produzem e trabalham querem é participar da sinfonia do desenvolvimento.


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