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Autor:
Fabio Arruda Mortara
Qualificação:
Empresário gráfico e presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG).
E-mail:
[email protected]
Data:
18/09/03
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Empresas Não Podem Ser Ilhas

No Premier Print Awards 2003, promovido pela norte-americana Printing Industries of America (PIA) e considerado o mais importante certame de qualidade gráfica do mundo, a América Latina recebeu 28 prêmios. Dentre estes, 17 couberam ao Brasil. O País ficou em primeiro lugar no World Calendar Awards, promovido pela Calendar Marketing Association, também dos Estados Unidos, e conquistou duas medalhas de prata no Concurso Sappi Trading Printer.

A performance brasileira em competições internacionais, cada vez mais expressiva nos últimos anos, não é fortuita, incidental ou fruto da aquiescência dos corpos de jurados, sempre constituídos por profissionais e técnicos de alta qualificação. Na verdade, os produtos gráficos nacionais têm hoje qualidade e preço FOB similares aos dos países do primeiro mundo com antiga expertise no setor.

Expresso também no aumento do volume de exportações (cerca de US$ 130 milhões anuais, com perspectiva de atingir US$ 250 milhões nos próximos exercícios), o salto tecnológico da indústria gráfica brasileira — que agregou ao setor o binômio "qualidade/preço", fator condicionante do sucesso dos negócios na nova ordem econômica mundial — resulta de uma série de distintas causas e ações conjugadas e intercomplementares. Um dos fatores é relativo aos investimentos em máquinas, equipamentos e processos, que somaram mais de US$ 6 bilhões nos últimos 10 anos.

Paralelamente, foram ampliados e aperfeiçoados o treinamento e a formação profissional. Neste campo decisivo, as principais iniciativas concentram-se nas ações coesas desenvolvidas pelo Senai-SP, por intermédio da Escola "Theobaldo De Nigris", e a ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica). Além do ensino de nível técnico, já ministrado há tempos com grau de excelência, o Senai passou a formar tecnólogos em pioneiro Curso Superior de Tecnologia Gráfica, com duração de oito semestres. Em 2003, o Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP) facilitou o acesso de profissionais das gráficas a cursos do Senai e de empresários e executivos, a cursos de gestão da ABTG, subsidiando 90% do valor.

Alinham-se, ainda, ao avanço de qualidade da indústria gráfica, as pesquisas e elaboração de normas pela ABTG, oficialmente reconhecida pela ABNT como Organismo Setorial de Normalização. A entidade também é a representante brasileira no Comitê Gráfico da ISO, fator que ampliou o intercâmbio e a troca de conhecimento com instituições técnicas de todo o mundo. Todo o trabalho de normalização agregou padrões de excelência aos processos industriais do setor.

Também é importante salientar o papel desempenhado pelo Prêmio de Excelência Gráfica "Fernando Pini", que chega em 2003 à sua 13ª edição. Criado em 1991 pela ABTG e Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), o certame, cujo nome homenageia um dos mais talentosos mestres em artes gráficas que o Brasil já teve, consolida-se como importante referencial de mercado. É vitrina e, ao mesmo tempo, um dos fatores decisivos do avanço na busca permanente da qualidade.

Investimentos, formação profissional, normas técnicas e concursos destinados a estimular a qualidade constituem o conjunto de ações que ancorou o avanço tecnológico do setor gráfico brasileiro. Isto demonstra que, no cenário da economia contemporânea, as empresas não podem ser ilhas, ou seja, não têm como atuar de forma isolada e dissociada das entidades de classe e instituições técnicas de suas áreas. Estas organizações são fundamentais como catalisadoras e realizadoras de ações voltadas ao desenvolvimento global de seus setores.

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