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Autor:
Carlos Roberto Bizarro
Qualificação:
Sócio-Diretor da Bizarro & Associados - Desenvolvimento Empresarial
E-Mail
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Data:
19/03/03
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Brasil Empreendedor

Se por um lado a crise de desemprego que assola o Brasil levou o país a mudar o rumo de sua atual política econômica, por outro teve seu reflexo positivo na capacidade de empregabilidade do brasileiro. O Brasil é hoje o país mais empreendedor do mundo. Pelo menos 15% dos 175,4 milhões de habitantes são empreendedores, ou seja, tornaram-se empresários, totalizando mais de 26 milhões de brasileiros envolvidos com atividades empreendedoras. É o que dizem recentes dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), estudo que avaliou o índice de empreendedorismo de 29 países.

Lideramos o ranking, seguido da Coréia do Sul, Estados Unidos, Austrália, Noruega, Canadá, Argentina, Índia, Itália, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Israel, Finlândia, Suécia, Bélgica, França, Cingapura, Japão e Irlanda. Dos países classificados, apenas cinco são subdesenvolvidos, o que significa dizer que, apesar de tudo, o Brasil está em franco desenvolvimento.

É justamente nesse cenário que está inserida a premissa do novo presidente, que promete um governo empreendedor, zelando pelo bem estar do empresariado e prometendo que 'não vai descuidar do controle da inflação'. Lula também se comprometeu em manter a postura de responsabilidade fiscal, mas sua maior obsessão será a geração de empregos, num modelo econômico e social que garanta o crescimento sustentável do país. Para isso é preciso olhar com muito carinho para os empresários, para a indústria e para o comércio.

Incrementar as exportações, aumentando a participação do Brasil no comércio internacional, lutar contra as barreiras protecionistas de outros países, incorporando maior valor agregado aos produtos brasileiros e substituir bens importados pelos nacionais são outros anseios de Lula.

O que ele precisa fazer na área econômica para governar é a grande incógnita. Mas, todos sabemos que alguns compromissos devem ser cumpridos, como por exemplo: o superávit fiscal negociado com o FMI; o controle da inflação, mesmo que se vise um crescimento econômico maior do que a média do governo FHC; reforma fiscal dentre outros.

Entretanto, Mercadante já descartou a tão almejada redução da carga tributária no primeiro ano de seu governo, pois ele precisará de receita para cumprir os programas sociais prometidos, como o de combate à fome, por exemplo, principal discurso de sua plataforma eleitoral.

Novos modelos pragmáticos de planejamento tributário e análise dos reflexos da Norma Geral Anti-Elisão (Medida Provisória 66/2002) terão que ser repensados, através de uma nova ótica para maior crescimento da economia, uma vez que a mediana das projeções para o crescimento do PIB reduziu de 1,32% para 1,31% para 2002 e manteve-se em 2,60% para 2003. As expectativas de mercado para o superávit da balança comercial aumentaram de US$ 8,90 bilhões para US$ 9,50 bilhões para 2002 e de US$ 11 bilhões para US$ 12 bilhões para 2003, conforme pesquisa do Banco Central do Brasil. Por outro lado, as previsões para o fluxo líquido de investimento estrangeiro direto diminuíram de US$ 16 bilhões para US$ 15,50 bilhões para 2002 e de US$ 15,45 bilhões para US$ 15 bilhões para 2003.

Já no setor fiscal as expectativas para o superávit primário mantiveram-se em 3,88% do PIB para 2002 e em 3,75% do PIB para 2003. A mediana das projeções para o déficit nominal harmonizado manteve-se em 3,50% do PIB para 2002 e em 3,00% do PIB para 2003.

Particularmente, não acho que podemos esperar que Lula seja "o salvador da pátria", mas um voto de confiança e esperança deve ser depositado, mesmo por aqueles que não o escolheram para governar esse continente chamado Brasil.

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