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Autor:
Romeu Chap Chap
Qualificação:
Presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) e Diretor Presidente da Romeu Chap Chap Consultoria e Desenvolvimento Imobiliário Ltda.
E-Mail
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Data:
20/06/02
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Brasil Oferece Oportunidades Imobiliárias

A comunidade internacional está cada vez mais atenta às oportunidades oferecidas pelo mercado imobiliário brasileiro.

São muitas as razões que justificam essa atitude. No atual contexto da globalização, o Brasil tem fornecido provas de sua capacidade de resistir às oscilações externas. Isto porque, está fazendo sua "lição de casa".

Desde a implantação do Plano Real, há sete anos, várias medidas de ajuste vêm sendo adotadas, numa sucessão de ações para manter a inflação baixa, combater o déficit fiscal e equilibrar as contas do País. O conjunto dessas providências neutralizou os efeitos da crise da Argentina no contexto econômico e fortaleceu nossa credibilidade mediante os investidores.

Além disso, somos o maior mercado consumidor da América Latina e ainda oferecemos enorme campo para a realização de empreendimentos imobiliários, sejam residenciais, comerciais ou de lazer.

Possuímos uma demanda por habitações a ser satisfeita. Em relação aos imóveis comerciais há muito para ser feito, especialmente no segmento de shopping centers. E na indústria do turismo, as possibilidades são inúmeras.

Exercemos, também, especial atratividade aos investidores estrangeiros. No ano passado, recebemos US$ 23 bilhões em recursos externos, ante um prognóstico de US$ 18 bilhões. Essa significativa diferença de US$ 5 bilhões foi consolidada nos três últimos meses de 2001.

No setor de turismo há indicadores muito positivos. Vários grupos de Portugal e da Espanha, por exemplo, já vêm investindo no setor hoteleiro nacional, movimentando uma indústria ainda pouco desenvolvida no Brasil. Isso significa mais crescimento, mais empregos e mais dinâmica para o mercado imobiliário.

Como está o Mercado de Imóveis

As condições apresentadas no final do ano 2000 autorizaram apostar que o mercado imobiliário entraria num processo de significativa retomada. Os cenários econômicos eram promissores, sinalizando acentuada redução das taxas de juros – as quais são indispensáveis para o bom desenvolvimento das atividades de longo prazo.

Esse prognóstico fez com que, no primeiro semestre do ano passado, houvesse incremento da ordem de 30% na comercialização de unidades habitacionais.

Todavia, os últimos seis meses daquele ano reservaram surpresas indesejáveis. Veio o racionamento de energia elétrica, em razão do crescimento da demanda, gerando inúmeras dúvidas em relação ao comportamento da economia.

Ocorreu, então, o agravamento da crise argentina e a continuidade da desaceleração da economia norte-americana, fato que representou desaquecimento mundial.

Tivemos, também, problemas no tocante aos financiamentos, e nossa taxa de juros básica (Selic) - que fecharia 2001 em 14% ou 15% - ficou em 19% ao ano. Ainda em 2001, o mercado interno foi afetado por uma brutal especulação com o dólar e, para completar, ocorreu o atentado ao World Trade Center, com todas as suas graves e permanentes conseqüências.

Esse contexto praticamente neutralizou o incremento nas vendas de unidades do primeiro semestre, e colocou o mercado em compasso de espera.

Paradoxalmente, o segmento de imóveis de alto padrão apresentou comportamento positivo. As pessoas que possuíam reservas em dólar buscaram o porto seguro do investimento imobiliário, aproveitando a abrupta desvalorização do real que atingiu o pico de 40% em 2001.

Em face das circunstâncias, adquiriram unidades por até 30% a menor, uma vez que os preços dos imóveis não se alteraram em reais. Essa performance fez com que as principais imobiliárias da capital paulista registrassem crescimento de vendas até 40% superiores aos do ano passado.

Perspectivas para 2002

Os atuais cenários autorizam uma expectativa mais otimista para o mercado em 2002.

Os temidos efeitos do racionamento de energia, felizmente, não se confirmaram. Superamos essa crise.

Igualmente, não tivemos uma guerra mundial, que chegou a ser cogitada. A ação militar limitou-se ao Afeganistão. E, como já mencionado, os impactos da crise Argentina também foram menores que os esperados.

Outro aspecto animador diz respeito à economia norte-americana, cuja retomada foi iniciada, e acreditamos que os problemas ora enfrentados na questão do aço serão superados, com o que os Estados Unidos continuarão sendo importantes parceiros no campo de nossas exportações.

No tocante aos financiamentos imobiliários, a situação começa a se normalizar, com tendência de melhoria. Está sendo desenhada uma nova política habitacional – incluindo a participação do Banco Mundial e de consultores internacionais que nos trazem experiências bem-sucedidas de países como Chile, França, Alemanha e África do Sul – pós-apartheid.

A perspectiva de redução dos juros também favorece o funcionamento de nosso Sistema de Financiamento Imobiliário, responsável pela implantação, no Brasil, de um poderoso mercado secundário de hipotecas, nos moldes do que existe nos EUA e em outros países desenvolvidos.

Além disso, é aguardado considerável ingresso de capitais estrangeiros no País, pois, está provado, somos considerados por muitos como um bom mercado.

Esses fatores já estão se fazendo sentir no segmento imobiliário. A última Pesquisa Secovi-SP, que mostra o comportamento do setor em São Paulo, revelou incremento de 60% no total de unidades vendidas em fevereiro deste ano, relativamente ao mês de janeiro. Daí acreditarmos que fecharemos o 2002 com volume de vendas de 10% a 15% superior ao registrado no ano passado.

Visão de Longo Prazo

Há ainda um longo caminho a percorrer, até que o Brasil possa se alinhar aos países desenvolvidos. Temos uma enorme demanda a ser atendida em termos de emprego e habitação. Mas, paralelamente, possuímos instituições fortalecidas e um regime democrático cristalizado, o que inclusive nos oferece condições de tranqüilidade em face do processo eleitoral deste ano.

A tendência do Brasil é só uma: crescer. E a atividade imobiliária tem participação decisiva nesse processo.

Recente matéria publicada no "The Economist" traz notícias auspiciosas sobre o comportamento do mercado de imóveis em todo o mundo. Evidenciou que, "apesar da acentuada queda das ações e da retração em escala da produção industrial, investimentos privados e dos lucros, os gastos de consumo mantiveram-se em patamar relativamente elevado nos EUA, Reino Unido e alguns outros países, amparados pelas baixas taxas de juros e pelo impacto positivo que alta dos preços dos imóveis residenciais teve sobre o patrimônio dos consumidores." Informa que, nos EUA, a alta foi de 9% em fevereiro, enquanto o Reino Unido registrou elevação de 15%. Ajustada à inflação, a valorização real é a maior da história de ambos, desde 1988.

Com diversas estatísticas, a mencionada reportagem mostra que, nos países desenvolvidos, a alta dos preços das unidades residenciais supera em muito a inflação. Informação importante, pois, para a maioria das pessoas, os imóveis são o principal componente patrimonial, e desempenham importante papel no contexto econômico de qualquer nação.

A reportagem do "The Economist" apresenta inúmeras outras análises e uma consideração importante: a dificuldade de obtenção de dados atualizados sobre o comportamento do mercado de imóveis, comparativamente à facilidade com que se consegue coletar informações sobre a movimentação do mercado de ações. Trata-se de um chamamento aos dirigentes do setor, no sentido de que sistematizem ao máximo os indicadores da área, tarefa que o Secovi-SP realiza há anos e que está aprimorando com base em parcerias com instituições de idônea reputação.

Falta pouco para que o Brasil estabilize de vez sua economia e inaugure um ciclo de desenvolvimento sustentado. Quando isso ocorrer, nossa valorização imobiliária poderá até mesmo superar os índices dos países que participaram da mencionada reportagem.

Portanto, um aviso aos investidores que buscam oportunidades: o momento de apostar no Brasil é agora. Mais tarde, as chances serão certamente menores e a concorrência muito mais acirrada.


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