.
Autor:
Luiz Renato Roble
Qualificação:
Designer e diretor de Criação da Datamaker Designers.
E-mail:
[email protected]
Data:
20/08/03
As opiniões expressas em matérias assinadas não refletem, necessariamente, a posição do Empresário Online. Proibida a reprodução sem a autorização expressa do autor.

Quem Nunca Comeu Melado Não Sabe Que Lambuza

Existem pessoas que gostam de café amargo, enquanto a maioria prefere colocar açúcar ou adoçante para deixá-lo a seu gosto. Para essas pessoas, adoçar o café é o modo de deixá-lo melhor. Adoçar o café muito mais do que o suficiente não significa que o cafezinho ficará infinitamente mais gostoso; ao contrário, o deixará saturado, um melado que provavelmente ninguém sentirá prazer em saborear.

Falando de cafezinho parece óbvio que o excesso não é, nunca foi e nunca será uma garantia de qualidade. Quando se trata de comunicação visual, entretanto, parece não haver tamanha obviedade assim. Caso contrário, não veríamos tantas empresas que, estando ou não em promoção, penduram dezenas, centenas, milhares de bandeiras, bandeirolas e banners em tudo quanto é lugar, possível e imaginário, resultando em algo parecido com um eterno baile de carnaval.

Logomarcas aplicadas em exaustão e sem nenhum critério, espalhadas, como que pulverizadas em spray, pelas ruas, fachadas, lojas, frotas e impressos, também são muito comuns.

Para que isto não ocorra debaixo do seu nariz, e acredite, isso é mais fácil de acontecer do que se imagina, você deve analisar constantemente se existe ou não visibilidade na comunicação de sua empresa. Pense se é possível enxergar, e principalmente ler, aquilo que está sendo comunicado externa ou internamente. Veja se não há exageros, como duplicidades gratuitas, ou seja, informações saturadas.

As informações devem ser sintéticas. Pense quem terá tempo, paciência e interesse de parar na frente de seu cartaz, no meio da rua e ficar lendo por alguns minutos aquilo tudo que está escrito nele.

Existem, por exemplo, casos em que centenas de pequenos cartazes são fixados lado a lado pela rua. Quando vistos de longe resultam em uma grande poluição visual. De perto, mesmo a uma distância de alguns passos, não se consegue ler nada, pois cada cartaz está repleto de informações em letras miúdas. Acredite, o custo da produção de cartazes maiores, com menos texto e em menor quantidade, seria praticamente o mesmo, enquanto os resultados, em termos de impacto e poder de informação, infinitamente superiores.

Não pense que o público aceitará positivamente qualquer ação mal realizada, seja porque ele é de um perfil simples, ou porque na empresa não há verba suficiente. Posso afirmar que pessoas simples também prezam por respeito, organização e por trabalhos bem-feitos. Não é à toa que as casas verdadeiramente simples são as mais limpas e com as panelas mais reluzentes.

Se a verba necessária para que uma determinada ação seja implantada a contento não existe, é preciso pensar em outro tipo de ação que não comprometa a imagem da empresa e que transmita, de uma forma mais criativa, aquilo que se precisa comunicar.

É necessário, antes de tudo, que se conheça o público-alvo, para que não se caia no erro básico de subjugá-lo. Não transforme ações quentes e comunicação visual em um cafezinho melado e frio.

Como sempre, a natureza, que nos é uma mãe, nos ensina: Para colhermos bons grãos de café é preciso usar boas sementes. As ações em comunicação visual são as sementes. Se elas não forem boas, ou aplicadas de qualquer jeito, o resultado, se houver, será qualquer um, jamais o desejado. Como um cafezinho ruim.

.

© 1996/2003 - Hífen Comunicação Ltda.
Todos os Direitos Reservados.