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Autor:
Maria Ignez Prado Lopes Bastos
Qualificação:
Diretora da MTB Assessoria Organizacional.
E-mail:
[email protected]
Data:
23/10/03
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O Servidor e a Administração Pública

Em época de pós eleições, em que nas pautas de todos os políticos estão seus programas de Governo e, em que as conquistas sociais parecem depender apenas da sua vontade, de apoio político e das suas qualidades pessoais e profissionais, abre-se uma grande lacuna nos discursos: um buraco negro, onde estão confinados todos os servidores e instrumentos da administração pública, os meios que permitem que as promessas de melhorias sociais decantadas, em prosa e verso, possam ser alcançadas.

Ninguém se refere ou, ao menos, mostra preocupação com a enorme distância que vai do planejamento de uma ação à sua operacionalização. É fácil dizer o que fazer. O difícil é como fazer! Porque o como fazer esbarra na ação ordenada e conjunta de equipes de trabalho bem direcionadas para transformar a vontade do gestor em ação bem sucedida.

Estamos falando de administração, de servidores e de instrumentos administrativos. São eles os diretamente responsáveis na condução desta ou daquela ação que pode dar a solução para, ao menos, minimizar a escalada da exclusão social.

Trata-se da nossa administração pública, eivada de impedimentos legais que tornam seu manejo muito mais complicado do que a administração privada e não consegue fazer uma administração de pessoas de forma correta e digna de qualquer trabalhador. O Servidor Público tenta cumprir o seu papel, gestão após gestão, apesar da falta de reconhecimento e da desvalorização a que é exposto diariamente.
Existe uma tendência na Administração Pública de utilizar os instrumentos da administração privada sem uma visão crítica de sua real validade. É preciso desmistificar esses modismos administrativos como panacéia indicada para todos os males e idiossincrasias da administração pública no Brasil. O instrumento administrativo e as políticas que servem para a empresa global não são indicados para a administração pública, seja ela da nacionalidade que for.

Precisamos com urgência de uma nova administração pública, que embora expressa de maneira diferente, seja moderna e à feição da sociedade brasileira. Uma administração com ênfase nos valores da nossa gente brasileira, principalmente do nosso servidor público. Uma administração instrumentalizada para realizar ações que possam diminuir a exclusão social no Brasil.

O assunto é de fato complexo. Mas não pode ser excluído do discurso político e é de fundamental importância para o eleitor saber se a nova administração pública será vista como uma ideologia com base no mercado, um sistema caracterizado pela importação de idéias geradas em áreas do setor privado, ou como uma administração verde e amarela, híbrida, porém com ênfase nos nossos valores fundamentais atuais e históricos.

Para o eleitor, a nova administração pública ainda é uma tela vazia e nenhum candidato parece se importar com o que se deve pintar nela.

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