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Autor:
João Placoná
Qualificação:
Consultor empresarial e Dirigente de Cooperativa de Trabalho
e-mail:
[email protected]
Data:
24/01/02
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O Papel das Cooperativas de Trabalho na Gestão Empresarial e Globalização

Com a globalização dos mercados e a extrema competitividade da economia, onde as empresas buscam incessantemente reduzir custos internos, as cooperativas de trabalho aparecem como uma boa alternativa para atingir esse objetivo

Os países mais desenvolvidos desfrutam de relações de trabalho mais adequadas à realidade do mercado atual. Essas relações baseiam-se na relação cliente/fornecedor, ao invés de basearem-se na relação empregador/empregado.

A relação cliente/fornecedor é bastante diferente e muito mais motivadora. Com esta relação podemos antever o fim do emprego e o salário vai se transformando em faturamento. É uma relação na qual aquele que chamamos de patrão é o cliente e aquele que conhecemos como empregado é o fornecedor de seu capital intelectual, de sua capacidade de criar, de produzir e realizar.

No Brasil, a relação empregador/empregado representa encargos trabalhistas muito altos, que precisam ser pagos pela empresa e acabam resultando em produtos ou serviços mais caros, menos competitivos e, portanto, menos consumidos.

A rescisão contratual geralmente é muito onerosa. Essa situação favorece a acomodação e desmotivação do empregado e do empregador. De um lado o empregado finge que trabalha e o patrão finge que paga.

Nos EUA, não há legislação trabalhista paternalista, e é o país mais competitivo do mundo. Lá os encargos trabalhistas não ultrapassam 12% da folha de pagamento. Aqui no Brasil esse percentual é 9 vezes mais, algo em torno de 102/110%.

A cooperativa trabalha com o conceito de excelência pessoal e autogestão, que estimula os profissionais e clientes a agirem no sentido de viver, conviver, servir e existir com qualidade.

Ao se associarem a uma cooperativa, os sócios contribuem com bens e serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum e absolutamente sem fins lucrativos, conforme o conceito contido no art. 3°, da Lei Federal 5764/71. Na cooperativa de trabalho essa atividade econômica será composta da atuação profissional dos cooperados, que utilizam a sociedade (cooperativa) como veículo para a sua organização coletiva.

Nas cooperativas de trabalho, ao contrário da mera cessão de mão de obra, a atividade dos cooperados, na condição de profissionais, estará sempre que possível, comprometida ao resultado da sua aplicação, revertendo em favor dos próprios cooperados os recursos obtidos com a racionalização e o aumento da produtividade.

Quando as cooperativas de trabalho contratam, surge a transferência à cooperativa de uma parte da atividade econômica da contratante, ocorrendo o desmembramento da atuação econômica e a transferência da responsabilidade pela execução da parte desmembrada.

Os sócios da cooperativa, dessa maneira, assumem a obrigação pelo exercício dessa atividade econômica. Sendo o cooperativismo de trabalho, uma forma especial de gerar trabalho, riqueza e melhor qualidade de vida dos trabalhadores, já é um modelo consolidado e de sucesso.

No processo de opção por uma cooperativa sempre haverá estímulos e motivos que impulsionam o trabalhador.

Uma pessoa é estimulada e encontra motivos para participar de uma cooperativa de trabalho quando idealiza, compreende e acredita, no mínimo:

    • que seu lugar no mercado de trabalho é conquistado realizando serviços como profissional autônomo, e para clientes que lhe agradam como parceiros;

    • que há grande probabilidade de ser mais bem remunerado trabalhando
    da forma acima;

    • que precisa se atualizar constantemente e que só a capacitação técnica-administrativa o manterá competitivo e o fará crescer como profissional e pessoa;

    • que sempre haverá competências, conhecimentos e habilidades, sejam técnicas, operacionais, administrativas e ou gerenciais, essenciais para ela continuar no mercado, com remunerações que considera justa;

    • que precisa se associar, cooperar, com outras pessoas com competência, conhecimentos e habilidades, complementares as suas e com essas pessoas somar e dividir esses recursos.

Cooperativa é a valorização do indivíduo, é a sua participação com responsabilidade consciente assumida.

Para chegar a isso é preciso que a Cooperativa disponha da oportunidade de que cada um possa e venha conhecer a sua realidade teórica e prática, para também opinar, ouvir e ser ouvido, somar pensamentos, idéias, palavras e atitudes.


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