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Autor:
Eduardo Botelho
Qualificação:
Consultor e diretor da Treinamento Eficaz
E-mail:
[email protected]
Data:
26/10/99
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Do peão ao patrão

Quem é mais importante para uma empresa; o peão, ou o patrão? O mais graduado, ou o não graduado? Onde está a importância e, consequentemente, o poder ? Na posição hierárquica ? Ou será que a importância e, portanto, o poder mudam de acordo com algumas circunstâncias e momentos ?
Quando uma empresa vai, por exemplo, expor seus produtos em uma feira, onde estará a importância e o poder ? Estarão no patrão até o momento de tomar e decisão de expor, ou não; estará, depois, no diretor ou gerente de marketing que terá que decidir o quê e como expor; estará depois no peão que for trabalhar na montagem do stand e, finalmente, estará no outro peão que for trabalhar e atender aos visitantes do stand durante a feira. Vemos, neste simples exemplo que, do peão ao patrão, todos tiveram os seus momentos de importância e poder, e que nenhum poderá fazer o que o outro pode, nos "seus momentos" de poder.
Mas o que TODOS, do peão, ao patrão têm que fazer, o tempo todo para que uma empresa tenha sucesso ? Em outras palavras, será que TODOS têm algumas e mesmas obrigações, o tempo todo, para com a empresa ? Ou seja, será que há OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS ? Ou será que, como no exemplo acima, da feira, todos têm sempre responsabilidades diferentes uns dos outros, o tempo todo ? A questão básica aqui é a seguinte : "Será que, independentemente, da função, da posição hierárquica, do tempo de casa, e do poder, TODOS TÊM UM ROL DE OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS, O TEMPO TODO ?
Para que um agrupamento (ajuntamento de pessoas) se torne um grupo (espírito de equipe), faz-se absolutamente necessário que haja um rol de obrigações que "atinjam" a todos IGUALMENTE, obrigando a todos IGUALMENTE a cumpri-las; caso contrário, teremos apenas uma reunião de pessoas e jamais uma união delas. Que obrigações são essas quem atingem desde o patrão, até o peão, passando por todos os demais integrantes do grupo ?
Antes de registramos estas "obrigações comuns", vamos buscar o exemplo da família. Será possível haver família sem que TODOS os seus integrantes zelem IGUALMENTE pelo ambiente, pelo patrimônio, pelo bem estar de todos e, principalmente, sem que se respeitem igualmente ? É claro que não; portanto, podemos, por ilação, concluir que também não haverá empresa sem que TODOS os seus integrantes tenham MESMO ROL DE OBRIGAÇÕES, e que são as seguintes, e que não estão relacionadas em ordem de importância, pois todas são igualmente importantes :

    1.Ser chefe de sí mesmo;
    2.Preservação do patrimônio;
    3.Estar sempre automotivado;
    4.Gerar lucros permanentemente;
    5.Respeitar sempre individualidades;
    6.Buscar o seu auto desenvolvimento;
    7.Criar permanentemente novas soluções;
    8.Tomar iniciativas que resolvam problemas;
    9.Evitar/solucionar fofocas e mal entendidos;
    10.Agir sempre com lealdade, ética e transparência;
    11.Conciliar interesses pessoais com os interesses da empresa;
    12.Gerar e manter clientes internos e externos sempre satisfeitos.

PATRÃO: Não se iluda achando que a sua empresa irá fazer sucesso sem que você pratique fielmente estas doze obrigações, porque se você entende que isto é só para quem está "abaixo" (eta expressãozinha ruim essa), você poderá ser surpreendido a qualquer momento. Cuidado. Não exija dos outros o que você não faz.

DIRETOR/GERENTE. Não se iluda também achando que isto só deve ser obrigação dos seus "inferiores hierárquicos", pois, se fizer isso, você será surpreendido negativamente, a qualquer momento. O não cumprimento destas obrigações colocará você na "marca do penalti" o tempo todo e ... a qualquer momento ...

PEÃO. Não se iluda, porque se você não cumprir este rol de obrigações será demitido sumariamente. Pode até ser que isto tudo nunca lhe tenha sido dito, mas isto não significa absolutamente que você está livre; muito pelo contrário, você sabe que será sempre o primeiro alvo a ser atingido, caso algo saia errado.

Finalizando. TODOS SÃO PAGOS PARA CUMPRIR ESTES PRINCÍPIOS E/OU OBRIGAÇÕES, O TEMPO TODO.
É este tipo de compromisso comum que cria nas pessoas a consciência da interdependência, que é o que forma e mantem a família, o sindicato, a associação, a empresa, etc.; enfim, sem obrigações comuns ficamos apenas com as diferenças e estas têm, infelizmente, o condão de dividir e separar as pessoas, e não de juntá-las de forma sadia e produtiva.

Do patrão, ao peão; todos somam ou subtraem igualmente para que um agrupamento se torne uma família, ou uma empresa. Não é possível ser justo sem se praticar justiça, e não pode haver justiça sem que haja algumas igualdades nos direitos e nas obrigações de todos. Podemos e temos que continuar com poderes e funções diferentes uns dos outros; exatamente como acontece dentro da família, mas não podemos deixar de somar e assumir que haja responsabilidades que são comuns a todos; sob pena de jamais conseguirmos ter uma empresa realmente vencedora.


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