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Autor:
Silvio Roberto Isola
Qualificação:
Presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP)
E-Mail
[email protected]
Data:
27/01/4
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Foco na Produtividade dos Trabalhadores

Conforme divulgou a imprensa, nem o co-presidente brasileiro da Área de Livre Comércio das Américas, embaixador Adhemar Bahadian, sabe dizer quais as vantagens do País com o advento do novo bloco. Isto é preocupante, pois, se tudo correr como o previsto, as fronteiras econômicas das Américas começarão a cair em menos de 13 meses, pois a Alca entrará em vigor em janeiro de 2005. O cronograma acirra discussões sobre o recrudescimento do protecionismo dos Estados Unidos, as vantagens e desvantagens competitivas de cada segmento e produto nacional, o que deve ou não ser taxado, liberado e protegido.

São realmente muitas as perguntas a serem respondidas para que o Brasil ingresse na Alca com um mínimo de segurança e oportunidades de crescer. Há, contudo, um aspecto crucial, que parece não estar no foco das preocupações dos brasileiros. Trata-se da produtividade dos trabalhadores, item vital à competitividade. Observamos, recentemente, em estudo da Organização Mundial do Trabalho (OIT), que a produtividade do trabalhador brasileiro está aquém do primeiro mundo e até de nações da América Latina. Aqui, é importante abrir parêntese: o estudo ressalva que o brasileiro trabalha até mais do que em outros países e que a produtividade da mão-de-obra não está relacionada só à capacidade técnica ou esforço. Tecnologia e ambiente econômico têm papel central.

Fechado o parêntese, é importante atentar para notícia que acaba de ser divulgada, de que os trabalhadores norte-americanos estão produzindo com mais eficiência. Seu Índice de produtividade/hora cresceu a uma taxa anualizada de 9,4% no terceiro trimestre, segundo o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. Foi o melhor resultado desde o segundo trimestre de 1983, quando se registrou avanço de 9,7%. O resultado valeu sintomático e pertinente comentário de Lynn Reaser, economista-chefe do Bank of America Capital Management: "Os ganhos na produtividade estão ajudando no lucro das empresas, pois agora elas podem preocupar-se menos em cortar custos, se focar mais em expandir seus investimentos e, finalmente, em contratar mais trabalhadores".

A produtividade talvez seja mais significativa para a competitividade do Brasil na Alca do que as demais questões relativas ao protecionismo. Assim, é necessário que governo e o parque empresarial fiquem mais atentos, agindo no sentido de melhorar a produtividade da força de trabalho. Entidades de classe — patronais e de trabalhadores — têm papel relevante no processo.

É o caso do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP), que está subsidiando, em 90%, cursos do Senai-SP e da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG) para trabalhadores e empresários, principalmente de pequenas e médias empresas (não se pode esquecer que estas também estarão expostas à Alca). É necessário e lícito manter as discussões e reivindicações relativas a impostos de importação/exportação, barreiras tributárias e não tributárias. Porém, é fundamental fazer a lição de casa da produtividade.

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