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Autor:
Mário César de Camargo
Qualificação:
Empresário gráfico e presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).
E-mail:
[email protected]
Data:
29/08/03
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Potencial de Crescimento da Indústria Gráfica

Os preços dos títulos da dívida brasileira estão subindo, levando os juros desses papéis aos seus níveis mais baixos em mais de um ano. Além disso, as exportações decolam e os banqueiros internacionais acreditam que o País captará cada vez mais recursos - e com facilidades crescentes - nos mercados internacionais. Toda esta percepção externa positiva coincide com o sentimento da sociedade brasileira. Pesquisa do Ibope, para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que 75% da população aprovam os primeiros seis meses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra 13% que desaprovam.

A despeito de toda essa expectativa positiva, interna e externa, o nível de atividades manteve-se retraído ao longo do primeiro semestre de 2003. A razão é clara: o aperto monetário, mantido no novo governo, reflete-se no baixo poder de compra dos salários e na escassez e custo elevadíssimo do crédito pessoal. Em conseqüência, verifica-se desaquecimento da demanda interna, como indicam as quedas consecutivas na produção industrial de bens de consumo, a redução nas vendas industriais e os indicadores da atividade comercial. Na verdade, em termos práticos para a economia real, aquela que percebe as agruras conjunturais no chão de fábrica, no balcão das lojas e no aperto diário do fluxo de caixa, a única conseqüência positiva de tudo isso até agora é a efetiva apreciação de nossa moeda em relação ao dólar. De fato, é um alívio para quem ousou investir em "verdinhas" para promover aporte tecnológico e modernização dos bens de capital.

Este é exatamente o caso da indústria gráfica, que investiu em 2002 US$ 399 milhões, somando mais de US$ 6 bilhões em inversões nos últimos dez exercícios. O setor, contudo, a exemplo da maioria dos segmentos produtivos, continua sentindo sensivelmente a retração do mercado. Estudo da Abigraf também mostra queda, em 2002, de dois pontos percentuais no índice médio de utilização da capacidade do parque gráfico, em relação ao ano anterior: de 73% para 71%. Em 2001, esse índice já despencara do patamar de 83%, registrado em 2000. As questões pertinentes aos investimentos e à retração mercadológica dizem respeito, de forma muito acentuada, às gráficas que tiveram de aportar significativo capital para promover sua atualização tecnológica, sob pena de perder competitividade, inclusive no território brasileiro, para concorrentes externos.

A boa notícia é que a manutenção das medidas de controle monetário tem alargado a confiança dos agentes externos e internos na capacidade de o Governo Lula manter a inflação domada. Garantido isso, é muito provável que os gestores da economia abrandem os juros até o final de 2003 e estabeleçam mecanismos mais eficazes e fluidos de crédito para impulsionar a economia. Esta reação, que abriria as cortinas do "espetáculo do crescimento" anunciado pelo presidente da República, encontrará amplo respaldo e capacidade de atendimento no setor gráfico, cuja capacidade instalada está apta a assimilar o tão desejado incremento do nível de atividades.

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