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Autor:
Dila Maria Pimenta
Qualificação:
Economista e consultora de custos.
E-mail:
[email protected]
Data:
30/08/03
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Consultores e Consultados

A situação está difícil: dificuldade para pagar contas, empregados entrando na justiça, custo das matérias-primas disparando, desconhecimento de como formar preços, consumidores desaparecendo da loja e diminuindo o valor total da compra. É hora de chamar aquele consultor tantas vezes adiado.
O que se espera "é que ele resolva todos esses problemas e bem rápido, claro! E isso tem que custar pouco, porque afinal de contas a situação está mesmo difícil".

Vamos pensar um pouco sobre este caso. Para começo de conversa tenhamos em mente aquele velho ditado popular: "melhor prevenir que remediar". Quantas vezes já não se ouviu isto? E quantas vezes você agiu assim: prevenindo, analisando antes de tomar decisão, planejando, pedindo ajuda a um consultor antes de pôr em prática uma idéia? A experiência me diz que sua resposta foi "nunca", ou, na melhor das hipóteses, "poucas vezes".

Um consultor não pode, como mágica, mudar situações que, muitas vezes, foram sendo construídas durante muito tempo e que esbarram na maneira de agir do proprietário do negócio. Contratar um consultor é antes de mais nada estar disposto a aceitar idéias, críticas e sugestões para mudança. Não se pode levar para o lado pessoal uma observação sobre o modo como o estoque vem sendo tratado, por exemplo, este é o trabalho do consultor: observar, analisar e propor soluções.

Você pode dizer que os consultores são teóricos demais, que muitas sugestões não funcionam no dia-a-dia. Concordo com você. Em parte. Muitos deles são mesmo muito acadêmicos e querem ganhar uma fábula para sugerir soluções absolutamente óbvias ou impraticáveis, demonstrando sua total falta de conhecimento da rotina de um negócio varejista. Mas outros tantos, sabem muito bem "adaptar" as teorias de modo que elas se tornem praticáveis, evitando que o negócio não chegue a um ponto insustentável, basta você acreditar um pouco nele e implementar as mudanças sugeridas.

Então, pense bem antes de falar mal dos consultores e procure seguir aquele ditado, procure ajuda antes da corda apertar o pescoço. Eu sei que não é fácil agir assim, que você toca seu negócio há anos sem nenhuma ajuda, que seu tino comercial é mesmo admirável, que você conhece como ninguém sua loja e seus clientes, que gastar quando as coisas não estão tão ruins assim parece incoerente, mas pense bem: a ‘conjuntura econômica está mesmo muito difícil’ e, nestas horas e sempre, é melhor prevenir do que remediar.

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