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Autor:
Dobson Ferreira Borges
Qualificação:
É especialista em gestão estratégica de marketing.
Site:
www.simeon.com.br
Data:
01/03/2013
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Sua organização tem alma?

Tendo convicção de que a pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, e de que o resultado desta integração é um ser humano e vivo, e de que uma organização é um conjugado de recursos e pessoas que trabalham para transformar estes recursos em algo com maior valor agregado, trataremos de refletir se temos ou não consciência da existência da alma do negócio.

ALMA DA ORGANIZAÇÃO é uma expressão emergente, que busca recuperar o impulso espiritual que existe no amago de todo o trabalho. Ela diz reseito às pessoas que querem trabalhar para conseguir prestígio e níveis profundos de sua capacidade e disposição.

A busca ou o despertar da alma da organização tem seu início no despertar da consciência das pessoas. Quando elas reconhecem a organização como uma entidade viva, podem adquirir um nível de conscientização e de comprometimento mais elevado, gerando melhores resultados (que para mim não significa somente lucro, e sim algo muito além). Desenvolver ou resgatar a Alma do Negócio significa desenvolver a consciência humana muito além do “gerar dinheiro”.

O QUE DEFINE A ALMA DO NEGÓCIO?

As PESSOAS! Resposta incrivelmente óbvia e também negligenciada! Por isso, escrevo em letras garrafais. Todos nós sabemos disso... Todos nós falamos sobre isso... É a essência de nossos discursos. No entanto, na prática do dia-a-dia, testemunhamos atitudes de verdadeira insensibilidade e menosprezo pelas PESSOAS.

Logo, se a prática na sua organização está diferente do discurso, muito provavelmente o resultado alcançado está diferente do esperado (para menor, é claro).
PESSOAS

São elas as grandes responsáveis pelas transformações no mundo. Descobrir e nutrir estas pessoas que fazem acontecer é essencial para o sucesso da organização, pois elas são o espírito e o coração da empresa, e sem espírito e coração simplesmente não há vida!

Sua empresa está respirando somente com ajuda de aparelhos? Por quanto tempo ela vai sobreviver? Sem pessoas talentosas e/ou comprometidas, não muito. O problema é que as empresas nem sabem o quanto estão perdendo de gente talentosa e esforçada.

Quantos na sua empresa tem desempenho acima da média? Quem são os verdadeiros líderes? Quem faz as mudanças acontecerem? Você sabe? Você os trata da mesma forma que o restante da equipe?

INDICADORES DE UMA EMPRESA COM E SEM ALMA

O pesquisador Gomes de Matos apresenta uma série de indicadores que podem nos ajudar a perceber se uma organização possui ou não Alma. Segundo ele, há indicadores claros que denunciam a perda da Alma de uma organização, assim como são evidentes as identificações da empresa que preserva e desenvolve sua Alma. Estes indicadores são pontos-chave para se diagnosticar a verdadeira situação da empresa, e seu acompanhamento sistemático representa uma poderosa ferramenta para monitorar e melhorar os resultados ao longo do tempo.

As informações trazidas por estes indicadores devem induzir os gestores a tomarem alguma decisão ou ação que melhore o desempenho da organização. Vamos lá:

EMPRESA SEM ALMA:

1. Cultura fechada: O egocentrismo é sua característica básica – toda a empresa é voltada aos problemas e ao ganho imediatista, sem qualquer visão estratégica;

2. Poder autoritário: Estilo de dominação em que a característica é submeter, e não formar parceiros co-responsáveis;

3. Arquipélago organizacional: Fragmentação da equipe por meio de ilhas de poder, e o estabelecimento de situações de privilégio;

4. Lucro obsessivo: Centralização no mercado como bem supremo em estímulo à concentração da riqueza – ânsia pelo ganho ilimitado, sem sentido social;

5. Desvalorização humana: Manipulação das consciências e das vontades pelas quais o objetivo da empresa não é o objetivo da pessoa humana;

6. Competição predatória: Estímulo ao individualismo em que todos passam a ser tratados como concorrentes e inimigos;

7. Burocratização: Rigidez mental e regulamentar, quando o processo torna-se mais importante que o objetivo;

8. Flexibilidade caótica: O falso informalismo como consequência das crises de comando, de comunicação e de relacionamento;

9. Idolatria da razão: A racionalidade bloqueada da inteligência, da emoção e do sonho;

10. Criatividade desestimulada: Ênfase a paradigmas de eficiência e descrédito à liberdade de criar;

11. Infelicidade assumida: Culto ao trabalho duro, conflito não administrado, perfil de executivo frio e inflexível;

12. Miopia estratégica: Administração reativa, focada nos problemas e no ganho a curto prazo;

13. Espiritualidade doente: A manipulação do espírito como estímulo à produtividade é prática sutil, camuflada pelo marketing do sentimentalismo, que resulta na espiritualidade sem Deus.

EMPRESA COM ALMA:

1. Cultura aberta: A comunicação flui naturalmente, pois é essencialmente humana. A tecnologia ainda não a substitui - ao contrário, garante sua eficácia;

2. Consciência da missão: Assumir compromissos com a consciência de missão significa agir com coerência, em função de valores aceitos como verdades comuns, que vão se constituir em inteligência coletiva;

3. Liderança integrada: Equipes integradas e coesas, com foco em objetivos
comuns, constituem o segredo do sucesso organizacional;

4. Senso ético: Compreensão de que o bem comum é a razão de ser de qualquer sociedade, condição para o equilíbrio das relações e de sua continuidade. O sentido de bem comum implica na compreensão e prática da justiça social;

5. Visão e ação estratégica: Compatibilizar o sonho (imagem do futuro), com a realidade (ameaças e oportunidades), com a estratégia (ações planejadas) e com a estrutura (meios renovados de realização) fundamentam a empresa bem sucedida;

6. Relacionamento cordial: A solidariedade – o sentido de que todos participam de uma mesma empreitada. A afetividade – o sentimento de gostar do outro, como um parceiro/amigo. A vontade comum – a participação voluntária, livre, independente de qualquer coação;

7. Felicidade: Como aspiração universal da pessoa humana, ser feliz é condição de produtividade. Felicidade significa realizar -se na tarefa desempenhada;

8. Espiritualidade: Espiritualidade significa superar limites na direção de um bem superior. É o sentido da transcendência, dando expressão ao que de mais superior existe no Ser Humano.

Para concluir, afirmo que esses indicadores da empresa com Alma não são uma utopia, mas condições essenciais para que a empresa realize sua ação transformadora e se perpetue pela qualidade.

A Alma do negócio acontecerá na mesma proporção em que você colocar a sua Alma no negócio. Entendido?

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