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Autor:
Marcos da Cunha Ribeiro
Qualificação:
Presidente da RR Donnelley Moore
E-mail:
[email protected]
Data:
01/04/05
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Requisitos para a Eficácia da Tecnologia

A indústria brasileira tem protagonizado alguns saltos no aporte de tecnologia, como ocorreu após a queda da reserva de mercado para a informática e, nos anos 90, na revolução de qualidade dos automóveis. Um dos segmentos nos quais houve avanços foi o gráfico, que investiu US$ 6 bilhões na década passada e vem mantendo ritmo razoável nos últimos cinco anos, com cerca de US$ 3 bilhões investidos.

O reflexo desse aporte de capital está presente nas gráficas: CtP (computer do plate), com a gradativa eliminação dos fotolitos; impressão digital e digitalização das informações; automação e informatização do processo de impressão; aumento da capacidade produtiva dos equipamentos, com incremento da velocidade de rotação; integração de workflow dos serviços; sistemas de controle de produção e custeio; grandes aparatos de composição e pré-impressão; e rotativas e máquinas planas de alta qualidade.

As grandes e médias gráficas têm liderado os investimentos em tecnologia e proporcionando esses avanços. Genericamente no mercado, contudo, permanece o desafio de fazer da tecnologia aplicada um negócio bom e rentável para o empresário, que assume o risco do investimento, e o cliente. Neste aspecto, o setor gráfico nacional ainda precisa avançar. No mar de aproximadamente 15 mil empresas, há algumas ilhas de excelência. Ainda não se verifica de forma ampla a concorrência de custo com base em performance e produtividade.

Poucas são as informações de produtividade trocadas e compartilhadas para melhoria continua dos processos nos setor &Mac246; e o problema já começa dos fabricantes de máquinas para a indústria. Neste caso o GIRO (Grupo de Impressores com Rotativa Offset) deve ser um exemplo a ser seguido e um benchmarking para todos os outros segmentos gráficos. As mais recentes iniciativas da ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica), em cujo âmbito constituiu-se o GIRO, também devem ser encaradas com seriedade. A entidade, a custos muito baixos, tem alertado e disponibilizado com freqüência atualizações de processos e tecnologias.

Existem diferenciais competitivos e à disposição de tantos quantos queiram realmente ser diferentes da média e, portanto, mais reconhecidos pelo cliente &Mac246; não estamos contabilizando aqui as empresas que competem no mercado de forma injusta operando na informalidade. Estes diferenciais, porém, não estão no campo da tecnologia, que é importante, mas não é tudo. O sucesso passa, necessariamente, pela gestão administrativa e financeira com foco no resultado e no conceito de lucro como algo merecido. Também é imprescindível conferir total prioridade ao cliente e entender que atenção, relacionamento e respeito são alguns dos requisitos que eles entendem como diferenciais. Afinal, prazo de entrega e qualidade do produto gráfico são a redundância do óbvio... Gestão de gente é outro ponto crucial, pois tecnologia de ponta nada vale se não houver quem a maneje com eficácia, responsabilidade e consciência da importância do que está fazendo.

Fica muito claro que tecnologia não é fator limitante e nem barreira para que o Brasil tenha empresas gráficas de padrão mundial, tanto em qualidade quanto em competitividade de custos. Muitas já atingiram este nível. O desafio será sempre definir de forma mais precisa quando implementar as inovações, a que custo e com qual retorno, respeitadas as características de perfil da demanda e potencial de seu crescimento. Esta é lição de casa prioritária.

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