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Autor:
Guillermo Bonnin
Qualificação:
Sócio Administrador - Strategias Consultoria Contábil & Empresarial Ltda
E-Mail
[email protected]
Data:
03/07/04
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Empreendedor Precisa de Diploma?

Sinceros cumprimentos a vocês leitores. Depende. Se você pretende desenvolver uma atividade empresarial que tenha por objeto social o respaldo de uma profissão legalmente reconhecida, é necessário. A menos que, em alguns casos, a responsabilidade técnica seja transferida a terceiros assim qualificados. Alguns Conselhos de profissões regulamentadas o permitem.

A questão, o aspecto que abordamos e que temos observado no nosso dia-a-dia de nossas atividades é que no campo do empreendorismo deve-se diferenciar a pessoa que tem uma idéia-negócio e quer implementá-la daquela que tenciona graduar-se neste segmento.

Deve-se primeiro cursá-lo, obter sólido conhecimento, para depois desenvolver a sua proposição de negócio? Ou já de imediato, tendo condições técnicas de viabilidade econômica e fontes de recursos, ainda que modestos, iniciar seu projeto? Será esta a questão?

É nosso entendimento que primordialmente deve subsistir na pessoa quer iniciar-se empresarialmente, ter um autoconhecimento, conhecer-se. Saber seus limites e objetivos, e principalmente reconhecer o grau de sua perseverança. A este alicerce deve-se agregar aptidão, capacidade, e gosto-satisfação por realizar e desenvolver seu objetivo. Juntamente com um mínimo de lógica para entender as diversas fases, aspectos do que é empresariar.

Planejamento orçamentário, logística, custos, controle, compras e tantas outras expressões, que numa empresa referem-se a gerências de departamentos, divisões ou qualquer outra que seja a designação interna da empresa. Existira melhor profissional que agregue todas estas funções do que uma dona de casa? Com um orçamento limitado, realiza todas essas funções: pesquisa e persegue melhores preços, sabe negociar e pechinchar, modifica e reduz custos, sabendo onde cortar com eficácia, dialoga as queixas e sempre obtém apoio, substitui receitas, alonga compras, justifica uma série de coisas, sabe o que quer, quando e como, e sempre no final a ela todos se aconchegam. Quem a diplomou?

Pode a educação do empreendorismo ensinar, desenvolver a força interior, a determinação e a decisão de ter seu próprio negócio, ou perseguir seu objetivo? Entendemos, claro que não. A aptidão de enxergar o negócio, a oportunidade, a visão de retorno, de ganho, a resignação e continuidade decidida, com os aspectos mencionados são condicionantes e invólucro de natos empreendedores. Na história econômica temos e vemos exemplos de sucessos inquestionáveis, dentro e fora do país, iniciados a partir de um propósito, uma idéia, um objetivo. Tendo um começo simples, diminuto e com o tempo desenvolvendo-se, crescendo tornando-se presença inquestionável economicamente.

Estas habilidades podem ser efetivamente condicionadas como currículo de graduação? Concordamos que bons professores, hábeis nos seus segmentos, suportados por técnicas modernas, laboratoriais e de acompanhamento de situações reais, permitem estruturar um clima envolvendo os diversos conhecimentos que são necessários à avaliação da tomada de decisão-risco. Esta será sempre alicerçada com base numa programática estabelecida que lhe possibilite visualizar o conjunto de interação. Mas poderá efetivamente incutir-lhe a emoção, o envolvimento a perseverança dos muitos exemplos existentes?

Não se pode inibir a geração de uma proposição por requisitos básicos. Sem ser equivalente ou análogo hoje vemos em algumas circunstâncias, que se dá maior importância a um diploma obtido de universidade de renome, do que diplomas obtidos em entidades que não tem este respaldo. Será que é mais importante o diploma do que as notas? O efetivo conhecimento que pode ser testado e a persistência do saber do que uma referência em muitos casos? Quem sofre com isso são os milhares de jovens que faceam esta situação e que com certeza existem verdadeiros exemplos de abnegação e força de vontade de efetivo conhecer, aptos a desafios.

Absolutamente não temos o propósito de questionar esta abordagem. Simplesmente a utilizamos como introdução ao que entendemos ser requerido e básico daquele que quer iniciar atividades de empresariar.

Uma idéia-negócio pressupõe que seu idealizador tem pleno domínio do assunto especifico, por capacidade própria ou através de projeto de investimento-plano de negócio. Seja uma excelente cozinheira que consegue agradar qualquer paladar. O vendedor que sem o conhecimento da psicologia, consegue interagir com o comprador incutindo-lhe confiança e certeza de adquirir o produto em que esta interessado. O inovador de produto-serviço ou qualquer outra situação onde o proponente conhece sua interação e o que pode oferecer a terceiros: novidade, praticidade, aplicabilidade, sabor, gosto, tamanho, formato ou quaisquer outras características. O diferencial que ele representa junto ao mercado que pode absorvê-lo.

Contudo é normal que este mesmo idealizador desconheça alguns segmentos inerentes de tocar a idéia. Situação equivalente a estagiar ou ser estagiário. É preciso que ele saiba tudo para efetivá-la? Claro que não, basta ter o bom senso de procurar as pessoas qualificadas para tanto, mantendo, aí sim, um relacionamento de interação que lhe seja orientado o que fazer, mas preservando-se para si a lógica da decisão com base nas colocações expostas.

Incongruente esta colocação? Não, pelo contrário, no nosso entendimento é o alicerce para que as coisas funcionem adequadamente. O consultor tem a obrigação de conhecer, na sua área de atuação para qual foi consultado, todos os detalhes técnicos envolvidos com o objeto da proposição. Visualizar as vantagens e desvantagens, os prós e contras das opções a serem assumidas. Este é seu campo de informação, sua obrigação. A partir destes elementos, e não raramente projetados em perspectivas diferentes, possibilite a decisão assim amparada. A ele lhe cabe a recomendação, mas não a decisão.

Nos retrospectos de casos de sucesso, encontramos invariavelmente como suporte ao desbravador da idéia-negócio, equipes desafiando melhores resultados e continuamente prospectando melhores soluções. A par das remunerações e de outros possíveis ganhos, existe o carisma do líder a orientar-lhes o dinamismo da procura pela eficiência do resultado. O chefe, provavelmente não deterá o conhecimento que eles têm, mas possui a determinação da meta, a lógica da liderança e como obter as informações básicas e essenciais ao desenvolvimento do negócio. Obviamente que desta interação, com o tempo, não por empirismo, mas por interesse próprio, o líder vai agregando e expandindo os conhecimentos requeridos, para questionar e contraditar. A ele cabe a decisão, aos outros as proposições e suas justificações.

É este relacionamento que sentimos falta em alguns empreendedores. Ou seja, não pode dissociar do seu conhecimento da sua idéia-negócio, aquele que ele precisa e esta com terceiros. Contudo não pode e não deve submeter-se a ele, pelo contrário, deve ouvi-lo, interpretá-lo e decidir logicamente. De preferência, se possível, ouvindo entendimentos diferentes. Sua confrontação pode resultar na melhoria da decisão a ser tomada. Que o digam os exemplos de sucesso.

A precocidade da falência de idéias-negócios, em muitos casos resulta do distanciamento destes conhecimentos. Cada um caminha independente do outro, quando deveriam interagir homogeneamente. O primeiro deixa o segundo por si próprio, desconhecendo as decisões e os resultados obtidos. Preocupando-se exclusivamente do produto-serviço. Situação esta que pode gerar conflitos como a falta contínua de um planejamento consistente a médio e longo prazo. A inexistência de controle adequado das finanças, sabendo o que receber quando e como, gastar e investir onde e para que. A inobservância da adoção de controle interno da operacionalidade do negócio para evitar perdas naturais e subtrativas. Como também de um acompanhamento e análise mais consistente, eficaz das atividades desenvolvidas e aquelas planejadas a serem desenvolvidas e sua repercussão tributária. Determinar o seu custo e como poder economizar optando por situações legais menos onerosas. Aspectos estes que sem uma adequada constância podem gerar esta precocidade apesar da viabilidade da idéia-negócio.

O capitão, que ao leme está, precisa de marinheiros que sejam ágeis, que não tenham medo da chuva, dos ventos, das ondas e da tempestade, que subam as escadas e recolham as velas, ou as soltem quando necessário à voz de comando. Eles têm a destreza e agilidade que o comandante não pode exercer porque ele detém o leme, a decisão e o conhecimento da rota e aonde precisa chegar. Essa é a lógica que nos referimos, sozinho não conseguirá manter o leme, desfraldar velas, e tantas outras coisas. Mas tendo uma equipe que compreenda os objetivos e tenha confiança em sua determinação e conhecimento da rota, interagem naturalmente e não por coerção de ganhos ou por qualquer outra circunstância.

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