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Autor:
Fabio Arruda Mortara
Qualificação:
Presidente executivo da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG)
E-mail:
[email protected]
Data:
04/08/05
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Fatores de Qualidade

Muitos produtos fabricados e comercializados em outros países são acondicionados em embalagens de papel cartão produzidas no Brasil. Da mesma forma, cadernos brasileiros freqüentam escolas em várias cidades do mundo, de cuja rotina também começam a fazer parte materiais de papelaria impressos em gráficas nacionais. Este cenário, inerente a uma tendência iniciada há pouco mais de dois anos no comércio exterior da indústria gráfica brasileira, está expresso nos números, com acentuada clareza. O montante das exportações do setor no primeiro quadrimestre de 2005 foi da ordem de US$ 50,35 milhões. Em 2003, pela primeira vez em 10 anos registrava-se superávit, de US$ 73,7 milhões. Em 2004, novo resultado positivo, de US$ 100,7 milhões.

Não é incidental a performance da indústria gráfica brasileira no mercado internacional, que, infelizmente, pode ser prejudicada pelo câmbio sobrevalorizado. Na realidade, os produtos gráficos nacionais têm hoje qualidade e preço FOB similares aos dos países com antiga expertise no setor, inclusive os do primeiro mundo. O salto tecnológico do setor que lhe agregou o binômio "qualidade/preço", fator condicionante do sucesso dos negócios na nova ordem econômica mundial resulta de uma série de distintas causas e ações conjugadas e intercomplementares. Um dos fatores é relativo aos investimentos em máquinas, equipamentos e processos, que somaram mais de US$ 6 bilhões nos últimos 15 anos, numa mobilização que desafiou a própria conjuntura nacional de juros exorbitantes e escassez de crédito.

Paralelamente, foram ampliados e aperfeiçoados o treinamento e a formação profissional. Neste campo decisivo, as principais iniciativas concentram-se nas ações coesas desenvolvidas pelo Senai-SP, por intermédio da Escola "Theobaldo De Nigris", localizada na cidade de São Paulo, e a ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica), que está completando 46 anos de vida. Além do ensino de nível técnico, já ministrado há tempos com grau de excelência, o Senai passou a formar tecnólogos em pioneiro Curso Superior de Tecnologia Gráfica, com duração de oito semestres. Iniciou, ainda, no primeiro semestre de 2005, a oferta de cursos de pós-graduação "lato sensu", voltados a profissionais já graduados. Desde 2003, o Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP) tem facilitado o acesso de profissionais das gráficas a cursos do Senai e de empresários e executivos, a cursos de gestão da ABTG, subsidiando 90% do valor e dando prioridade na inscrição às micro e pequenas empresas, que constituem a maioria do setor, tradicionalmente pulverizado em sua composição (característica não só brasileira, como mundial).

Alinham-se, ainda, ao avanço de qualidade da indústria gráfica, as pesquisas e elaboração de normas coordenadas pela ABTG, oficialmente reconhecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como Organismo de Normalização Setorial. A entidade também é a representante brasileira no Comitê Gráfico da ISO, fator que ampliou o intercâmbio e a troca de conhecimento com instituições técnicas de todo o mundo. Todo o trabalho de normalização agregou padrões de excelência aos processos industriais do setor. Ainda este ano, estarão no País os mais reputados técnicos do mundo para a plenária do organismo máximo da ISO para o setor, o TC 130.

Também é importante salientar o papel desempenhado pelo Prêmio de Excelência Gráfica "Fernando Pini", que chega em 2005 à sua 15ª edição consolidado como o mais importante referencial de qualidade do mercado brasileiro. Em 2004, foram inscritos 1.806 trabalhos, de 14 estados da nação e de 170 gráficas, significando expansão superior a 1.500% em relação à primeira edição e registrando um novo recorde de inscrições de empresas e trabalhos. O regulamento para 2005 já está disponível (www.abtg.org.br) e as inscrições serão abertas em agosto, esperando-se um volume ainda maior de empresas e trabalhos participantes. O certame foi criado em 1991 pela ABTG e Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica). Seu nome homenageia um dos mais talentosos mestres em artes gráficas que o Brasil.

Investimentos, formação profissional, normas técnicas e concursos destinados a estimular a qualidade constituem o conjunto de ações que ancorou o avanço tecnológico do setor gráfico brasileiro. Isto demonstra que, no cenário da economia contemporânea, as empresas não podem ser ilhas, ou seja, não têm como atuar de forma isolada e dissociada das entidades de classe e instituições técnicas de suas áreas. Estas organizações são fundamentais como catalisadoras e realizadoras de ações voltadas ao desenvolvimento global de seus setores.

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