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Autor:
Fábio Arruda Mortara
Qualificação:
Presidente executivo da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG)
E-mail:
[email protected]
Data:
05/02/05
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Tecnologia a Serviço do Mercado Editorial

A impressão digital, cada vez mais presente na indústria gráfica brasileira, aplica-se de forma adequada e eficiente às peculiaridades do mercado editorial, principalmente quanto à flexibilidade das tiragens. Considerando que, na média, cada edição de um livro no País gira em torno de três mil exemplares, a relação custo-benefício do novo processo pode ser excelente. Esta tecnologia também permite, com ótima qualidade, a impressão localizada de segmentos da mesma edição, em cada uma das praças previstas pela estratégia de distribuição, com ganho de eficiência logística e redução de custo.

O mercado editorial, considerando a impressão de livros, jornais e revistas (com exceção das empresas jornalísticas que têm suas próprias estruturas de impressão) é cliente de grande significado para a indústria gráfica brasileira, respondendo por cerca de 25% de seu faturamento global. Depois de crescer apenas 2,58% em 2003, o setor reagiu e encerrou 2004 com 10% de expansão, conquistando resultado geral de US$ 5 bilhões, contra US$ 4,5 bilhões no ano passado. A impressão de livros tem participação importante nessa performance. Cada vez mais, as gráficas estarão disponibilizando novas soluções às editoras, como as encontradas na impressão digital, contribuindo para que estas clientes possam potencializar seus resultados de forma crescente.

Por outro lado, após uma década de déficit em sua balança comercial setorial, a indústria gráfica brasileira conquistou, em 2004, seu segundo exercício consecutivo de superávit. Parcela expressiva desses resultados advém da substantiva redução da impressão de livros brasileiros em gráficas do Exterior. Há pouco tempo, não era pequeno o volume de livros brasileiros impressos no Chile, Argentina, Colômbia, Inglaterra e até mesmo em longínquos países asiáticos. Paulatinamente, as gráficas nacionais foram reconquistando esse importante mercado interno, com melhoria da qualidade, aporte tecnológico e conseqüente política mais competitiva de preços.

Nesse sentido, foi decisiva a ampliação das possibilidades tecnológicas colocadas à disposição do mercado brasileiro. Não só houve aumento da capacidade instalada, por meio da aquisição de equipamentos mais produtivos e velozes, mas também uma diversificação das tecnologias disponíveis ao mercado. Merecem destaque especial neste caso, como observamos anteriormente, as possibilidades oferecidas pela impressão digital. Imprimir somente quando ou quanto precisar, sem necessidade de estocar impressos ou de produzi-los com longa antecedência. Essas são as grandes vantagens competitivas da impressão digital, que agrega como benefício implícito maior tempo de preparação do trabalho intelectual, de elaboração da argumentação e do design das páginas. É o advento da impressão em tempo real, num mundo de negócios em que velocidade é sinônimo de qualidade.

Com essa tecnologia, pode-se fazer quaisquer impressos, sejam desenhados para clientes-alvo, totalmente customizados, que proporcionam um marketing mais eficaz. Impressão digital é o termo genérico para reprodução obtida por processo de rasterização de arquivos magnéticos diretamente para o substrato (em geral, papel). Embora esse conceito possa abranger as impressoras térmicas, as jato de tinta, as duplicadoras e copiadoras digitais, estamos definindo como impressão digital aquelas tecnologias voltadas à produção industrial, com alta velocidade e aplicações extensivas ao mercado editorial e profissional, em cores ou preto e branco. A impressão sob demanda é utilizada para impressos em pequenas tiragens, de uma até alguns milhares de unidades, como capas de publicações, malas diretas, provas de livros e revistas, cardápios, folders, tablóides e outros numerosos produtos. Desde trabalhos escolares até uma tiragem de 70 livros de um novo autor, são viabilizados pelo novo processo. Muitos clientes em potencial não se utilizavam da indústria gráfica para serviços dessa natureza porque as tecnologias até então disponíveis inviabilizavam sua realização com custos compatíveis. Atenta à expansão dessa nova demanda, a ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) apoiou recentemente a criação do Digitec, grupo de trabalho dedicado exclusivamente à discussão dos assuntos referentes à impressão digital, que se estabeleceu com muita qualidade e força no mercado brasileiro.

Além de investimentos em tecnologia e qualidade, que somaram US$ 6 bilhões, em uma década, o setor gráfico tem avançado no aprimoramento da formação profissional e intercâmbio tecnológico. O Cifag (Centro Interamericano para Inovação, Formação e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria da Comunicação Gráfica), vinculado à Conlatingraf (Confederação Latino-americana da Indústria Gráfica), vem recebendo apoio e suporte de organismos como a ABTG e a Escola Senai Theobaldo De Nigris, localizada em São Paulo. Além disso, cada vez mais o processo de normalização desenvolvido pela ABTG desperta interesse externo. Isto significa, na prática, exportar conhecimento.

Por outro lado, a percepção do avanço tecnológico dos produtos gráficos brasileiros, fator diretamente ligado ao sucesso crescente das exportações, também se reflete em concursos internacionais de qualidade. No mais expressivo do Hemisfério Norte e do mundo, o Premier Print Awards, promovido pela Printing Industries of América (PIA), o Brasil ficou com 13 prêmios, concorrendo com as mais avançadas nações. No Concurso Latino-Americano de Produtos Gráficos Theobaldo De Nigris, o mais importante do Hemisfério Sul, realizado em novembro, no México, foram 75 prêmios. O País passou a fazer parte do cenário internacional, considerando as exportações e a presença local de muitos dos grandes grupos impressores mundiais. Ou seja, o setor gráfico é um dos segmentos da indústria brasileira que melhor se ajustou à globalização.

Outra clara evidência do avanço do setor foi a 14ª edição do Prêmio de Excelência Gráfica Fernando Pini, promovido pela ABTG e a ABIGRAF. Em sua edição de 2004, o concurso quebrou todos os recordes. Nada menos do que 1.806 trabalhos foram inscritos, oriundos de 174 gráficas, distribuídas por 14 Estados. Foi uma demonstração do inegável compromisso com a qualidade que a indústria gráfica brasileira assumiu perante seus clientes de todos os segmentos. Os produtos editoriais premiados são exemplo disso. Aliás, os próprios consumidores têm percebido que o livro brasileiro está muito mais bonito do que há alguns anos! Isto não tem um significado especial?

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