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Autor:
Miguel Ignatios
Qualificação: Presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB).
Site:
www.advbfbm.org.br
Data:
06/07/2007
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O Brasil que dá certo

Independentemente das operações feitas pela Polícia Federal e dos escândalos, que se sucedem e respingam em altos figurões da República, como os recentes casos envolvendo os senadores Renan Calheiros e Joaquim Roriz, e que, invariavelmente, acabam em pizza, prospera, passando por cima de todo o tipo de obstáculos e dificuldades, um Brasil que está dando certo.

Apesar do fraco crescimento econômico, da extorsiva carga tributária, da injusta repartição dos tributos entre União, que fica com a maior parte; Estados e Municípios; da baixa eficiência da máquina pública, e da paralisação das reformas - a da CLT e dos encargos sociais, a política, e a do Judiciário - , um seleto grupo de empresas brasileiras vem obtendo resultados expressivos, nos mercados externos globalizados.

Gerdau, as construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, Companhia Vale do Rio Doce, Petrobras, Marcopolo, Sabó, Weg, Embraer e Tigre, as dez empresas nacionais mais internacionalizadas, foram buscar lá fora oportunidades e vantagens que não encontram por aqui.

Além delas, o Frigorífico Friboi, recentemente, após duas bem-sucedidas operações internacionais, apoiadas pelo BNDES, tornou-se o mais recente participante de um clube fechadíssimo - o das empresas brasileiras que entraram na globalização como "caçadoras" e não como meras "caças" -, como era costume.

Ao adquirir o Swift Armour, sediado na Argentina, em 2006, e, em seguida, o Swift, sediado nos Estados Unidos, o Friboi tornou-se o maior frigorífico de carne bovina do mundo.

O sucesso dessas empresas, que se aventuram lá fora, tem sido de tal ordem que o ministro da Indústria e do Comércio Exterior, Miguel Jorge, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, já estudam, em conjunto, a adoção de instrumentos de apoio (linhas de crédito e de financiamento) para apoiar a internacionalização de companhias brasileiras.

Seguindo o exemplo de tais empresas, muitas outras, de porte médio, fazem planos parecidos, baseando-se, inicialmente, na abertura de franquias e em parcerias com similares, localizadas, principalmente, na Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México, dentre outros países.

Se tiverem sucesso, o passo seguinte delas será entrar nos mercados asiáticos, principalmente China e Índia, mas também nas demais economias emergentes dessa região.

Fazem parte desse grupo, que está fora do ranking das 500 maiores empresas brasileiras, dentre outras: a paulista CVC, operadora de turismo; as catarinenses Datasul (programas de computador) e Duas Rodas (fabricante de aromas para indústria de alimentos), e a paranaense O Boticário (fabricante de perfumes e cosméticos).

Aproveitando a boa maré, a rede paulista de churrascarias Fogo de Chão resolveu inaugurar várias filiais no exterior, numa iniciativa inédita nesse tipo de atividade.

Só no ano passado, segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), 70 empresas brasileiras de médio porte iniciaram seus processos de internacionalização.

Para empresas de menor porte, também há boas notícias: elas têm até o dia 31 deste mês de julho (a data poderá ser prorrogada) para aderir ao Simples Nacional, mais conhecido como Super-Simples, programa que unifica o recolhimento de tributos federais, estaduais e municipais.

Num futuro próximo, micro e pequenas empresas, cadastradas no Simples Nacional, talvez possam até mesmo sonhar com o mercado internacional, à espera de reformas que as tornem mais competitivas no mercado interno.

Enquanto a sociedade sonha com um País socialmente mais justo, ecologicamente responsável, com uma representação política mais democrática e republicana, e com um Judiciário mais ágil, essas empresas que, hoje, se aventuram lá fora, procuram antecipar tais avanços.

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