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Autor:	Sandra Jonas
Qualificação:	Sócia e diretora-executiva da produtora Estação 8
Site:	www.estacao8.com.br
Data:	07/04/06

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A Tecnologia não Faz Nada Sozinha

Sempre que se fala em tecnologia cria-se uma certa dualidade. Em todos os ramos de atividade profissional, ela traz aspectos bons e ruins. E as produções audiovisuais não fogem à regra. Algumas pessoas, mais saudosistas, podem sugerir uma certa perda de glamour, ou ainda, que os processos artesanais traziam outro tipo de vínculo com a produção. Isso acontece sempre que se apresenta alguma nova técnica, como aconteceu com a pintura - quando passou da tinta óleo para a acrílica - ou, mais recentemente, com a fotografia, da revelação à digitalização. O que aconteceu com a produção de filmes, em especial com os publicitários e outros segmentos externos ao cinema tradicional, é que a tecnologia democratizou os processos, tornando-os mais acessíveis, tanto em custo, quanto em disponibilidade.

Não se pode pensar, aqui, apenas em valores, mas ainda assim, a dificuldade de ser criativo com limitações de verba é uma realidade para muitas agências. Portanto, sim, neste ponto, o mercado foi muito beneficiado pela tecnologia, uma vez que ampliou-se o número de empresas, tornando-o mais competitivo, para benefício do cliente. A facilidade tecnológica deu mais agilidade à produção audiovisual, pois, quando se usava apenas película, o número de etapas era maior e o processo linear tomava muito mais tempo. Além do quesito tempo, o maquinário se tornou mais leve, menor e mais resistente, permitindo maior mobilidade.

Assim como a captação, a pós-produção de peças audiovisuais evoluiu muito. Os programas que existem nessa área são capazes, quando operados com talento e criatividade, de transformar o produto bruto em verdadeiras jóias. Isso é de fundamental importância, porque há categorias diferentes de equipamentos de filmagem, distintos em usos e em qualidade de imagem. Dessa forma, uma produtora pode ter filmadoras excepcionais - em atributos e custo, também - e/ou pode melhorar um filme, já de boa qualidade, com a pós-produção. É preciso saber investir, adquirir o material correto para a finalidade desejada.
É claro que nem tudo são flores. Tamanha democratização acabou banalizando os trabalhosos processos envolvidos em uma produção. Qualquer pessoa está apta a fazer um vídeo amadoristicamente, o que é bárbaro para uma reprodução em reuniões de família, ou quando os amigos vêm visitar, mas não é aceitável quando se trata de uma peça para exibição pública comercial. Neste caso, o amadorismo pode prejudicar fortemente aquilo que se quer elevar: a imagem do cliente. É isso que qualquer tipo de peça publicitária deve priorizar: carregar consigo a identidade, os valores e o conceito de uma marca, da melhor forma possível. E isso, fatalmente, dependerá da capacidade, da imaginação e da destreza das pessoas envolvidas.

Portanto, o diferencial entre o profissional e o amador vai além de boas máquinas: são grandes profissionais para operá-las. Talento e habilidade são fundamentais para o sucesso, em qualquer atividade, mas, nesta área, torna-se quase um pré-requisito. A partir do momento em que qualquer videomaker tem ao seu alcance praticamente as mesmas tecnologias, acaba se tornando mais difícil se sobressair.

O valor humano é o que separa, em larga distância, algo que poderia ser uma peça carismática, de um material insosso. Tenhamos sempre em mente que tecnologia não substitui talento, ou não se teria feito alguns dos filmes mais brilhantes de todos os tempos com equipamentos que registravam imagens em preto e branco e sem áudio.

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