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Autor:
Fabio Arruda Mortara
Qualificação:
Presidente executivo da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG).
E-Mail
[email protected]
Data:
08/07/04
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Tecnologia, o Portal do Comércio Exterior

Segundo pesquisa que acaba de ser divulgada pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), o valor das exportações brasileiras de embalagens de papel e de papel-cartão cresceu 30,5% em 2003, em relação a 2002 (US$ 101 milhões, contra US$ 77,44 milhões). Já as exportações de cadernos computadas na volta às aulas e cujo ciclo internacional mais expressivo vai de janeiro a junho registram em 2004 US$ 11,7 milhões, um crescimento de aproximadamente 7% em comparação com igual período do ano passado.

Esses são exemplos dos progressos tecnológicos da indústria gráfica brasileira, que lhe têm permitido ganhar espaços no comércio exterior, no qual obteve superávit em 2003, quebrando antigo paradigma. Este avanço é significativo para um setor cuja implantação no País deu-se com muito atraso em relação a outras nações, inclusive da América Latina. Em seus 504 anos de história desde o Descobrimento, o Brasil teve sua primeira gráfica oficialmente instalada somente em 1808. Era a Imprensa Régia, implantada no Rio de Janeiro por D. João VI. Hoje, o setor tem cerca de 15 mil empresas, que empregam perto de 200 mil trabalhadores.

A imprensa brasileira surgiu, portanto, somente três séculos e meio depois que o alemão Johannes Gutenberg inventou a prensa com tipos móveis. O Brasil foi um dos últimos países do mundo, exceção feita a algumas nações africanas, a implantar tipografias. O atraso não se deu apenas em função da localização remota e precariedade da Colônia em relação à Europa, mas, sobretudo, em decorrência do espírito do colonialismo português anterior à vinda da corte. "Mais importante do que alfabetizar as crianças indígenas era destruir nelas a cultura de seus pais", observa Nélson Werneck Sodré. A Imprensa Régia foi criada para, dentre outras tarefas, imprimir a "Gazeta do Rio de Janeiro", primeiro jornal legalizado do Brasil, instituído para combater o clandestino "Correio Braziliense", editado e impresso em Londres pelo exilado Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça.

Desde Guntenberg até 10 de setembro de 1808, quando foi impressa no Rio a primeira edição de "A Gazeta", foi lento o avanço tecnológico do setor gráfico. À mesma timidez assistiu-se ao longo do século XX, em especial no Brasil. Entretanto, nos últimos 50 anos a indústria gráfica tornou-se uma das que mais agregaram tecnologia. E neste período de processos revolucionários, o País passou a contar com uma entidade que muito contribuiu para o avanço tecnológico e de gestão da produção e das empresas: a Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), que está completando 45 anos de existência. Quando a entidade nasceu, em 1959, o offset ainda era grande novidade no País. Quase meio século depois, a impressão digital, a tecnologia da informação e os milagres da informática e da eletrônica permeiam a estrutura produtiva das gráficas brasileiras. São as chaves que abriram as portas do mercado internacional. Primeiro Organismo Normalizador Setorial oficialmente instituído pela ABNT e braço brasileiro no Comitê Gráfico da ISO (International Organization for Standardization), a ABTG tem contribuído para que o conhecimento seja um dos diferenciais competitivos da indústria gráfica nacional.

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