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Autor:
Milton Mira de Assumpção Filho
Qualificação:
Diretor da Editora M. Books
E-Mail
[email protected]
Data:
09/04/04
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A Barreira dos 500 milhões de Livros

Bienal de São Paulo, terceira maior feira de livros do mundo, estimula o mercado.

O setor editorial brasileiro vive, há anos, a inquietante expectativa de ultrapassar a produção e venda anual de meio bilhão de livros. Esta conquista elevaria para 2,9 exemplares por habitante/ano o índice nacional de leitura, ainda abaixo do registrado em numerosas nações emergentes e desenvolvidas, mas significando avanço importante em relação à taxa atual de 1,9. Realizar ações com o objetivo de alcançar a meta tem sido tarefa árdua num país onde o quadro social e o poder aquisitivo médio da população conspiram contra a cultura.

Isto é natural num cenário de carências e necessidades tão básicas a serem supridas no país, como a alimentação, saúde, saneamento básico e moradia digna. No entanto, a Nação precisa, com urgência, ir além da meta de dar a cada brasileiro a possibilidade de se alimentar três vezes ao dia. Afinal, cultura, informação e conhecimento são fatores imprescindíveis à democratização das oportunidades, o mais eficiente e menos paternalista instrumento de inclusão social. Controla-se com tanta rigidez a inflação e o equilíbrio fiscal, estimula-se com ímpeto a exportação, mas já passou da hora de os governantes cumprirem as metas, repetidas a cada campanha eleitoral, de promover verdadeiramente a educação e a cultura.

Para isso, não bastam as primordiais políticas de investimento em infra-estrutura e a abertura de vagas nas escolas. É necessário valorizar e propiciar melhores condições de trabalho para professores e educadores, capazes de liderar a mudança do complexo sistema público de ensino. Além disso, livros, muitos livros. Este é um requisito básico, exigindo grande esforço e sinergia de todos os envolvidos na cadeia produtiva do mercado editorial e comunicação impressa, incluindo autores, editores, livreiros, distribuidores e gráficas, além de governo e todos os profissionais que, de alguma forma, se relacionam com a educação e setores afins.

Avanços verificam-se em toda a cadeia produtiva do mercado editorial. É nítida a melhoria de qualidade do produto livro, tanto no tocante ao conteúdo, quanto no design, produção gráfica, ilustrações e capas. Boas traduções, surgimento de novos e bons autores e pontos de venda com excelente estrutura são demonstrações de respeito ao leitor e um convite ao universo do livro. Outra iniciativa importante - aliás uma das mais bem-sucedidas até hoje na disseminação da leitura - são as feiras, que se multiplicam.

A maior do País - e terceira no mundo, atrás de Frankfurt e Chicago - é a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Que o previsível sucesso de sua 18ª edição, de 15 a 25 de abril, no Centro de Exposições Imigrantes, some-se à realização de todas as demais lições de casa anteriormente citadas, para que se concretize a produção anual e venda de meio bilhão de livros no Brasil, pois a leitura é um dos atalhos em direção à prosperidade, desenvolvimento e justiça social.

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