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Autor:
Fernanda Nogueira Pena
Qualificação:
Diretora executiva da empresa Nogueira Fernandes Consultoria
E-Mail
[email protected]
Data:
10/03/04
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O Avanço Tecnológico e seus Impactos nas Empresas ou: “A Gerência de Informações e Conhecimentos”

Uma empresa pequena pode sobreviver sem utilizar nenhuma tecnologia?

Em nossos dias globalizados, isso é praticamente impossível. Para sobreviver no mundo dos negócios é fundamental dominar o máximo de informações sobre o negócio que se propõe conduzir e o mercado que se pretende atingir. Para tanto, é, conseqüentemente fundamental, utilizar-se de algum tipo de tecnologia, mesmo que simples.

Um pequeno agricultor pode viver apenas consumindo o que produz. Para ele bastam: o teto, a família, o alimento básico. Ainda existem, nos sertões
brasileiros, seres humanos que sobrevivem alimentando-se de cactos e raízes, a quilômetros de distância da luz elétrica, sem ter a menor idéia do que acontece no mundo que continua depois daquele ponto da estrada em que a terra termina e começa o asfalto. Porém, quanto mais ele avançar em direção a qualquer cidade, mais, cada vez mais, seus olhos verão coisas impensadas, pois, mais, cada vez mais, ele entrará em contato com realizações da criatividade humana que, associando dados, informações, conhecimentos e recursos, gerou uma parafernália inimaginável de produtos e serviços para satisfação plena de suas necessidades e desejos.

A Terra não está girando mais rápido, a evolução tecnológica é que se tornou tão virulenta, que o homem, embora tenha aumentado significativamente sua expectativa de tempo de vida, tem a sensação de que o tempo passa mais rápido e de que ele envelhece prematuramente.

Isso é irreal.

Hoje, aos 50 anos, uma pessoa pode iniciar sua vida profissional e tornar-se alguém muito bem sucedido profissionalmente, em 5 anos.

Há 50 anos atrás, uma pessoa com os mesmos 50 anos, retirava-se do mercado para iniciar seu ciclo declinante de vida. Há apenas duas décadas atrás, uma pessoa entrava no mercado dando início ao seu processo de crescimento profissional e pessoal. Hoje essa situação está invertida - o mercado exige que o iniciante já entre preparado - o mais preparado possível. Cada vez mais, encontramos profissionais que entram no mercado com 25 anos, título de mestrado já concluído e um currículo acadêmico invejável. A competição é intensa e extremamente seletiva. Em alguns casos é tão intensa e seletiva, que nem há tempo disponível para cursar uma Universidade – carreiras tecnológicas assistem ao assombro de expertises que são projetadas no mercado logo depois de concluído o ensino fundamental.

Como? Por que tudo mudou tão rápido? Quem ou O Quê foi responsável?

Simples: o homem se deu conta de que, unindo dados, detém informações que se transformam em Conhecimento - quanto mais dados e informações, maior conhecimento, maior geração de oportunidades e ...riqueza. Após a Microsoft disseminar a web pelo mundo, tudo disparou!

Surgiu uma nova Era - a Era do Conhecimento, ou Era da Informação.

A Internet eliminou barreiras à evolução do Conhecimento, colocou todas as informações de que necessitamos a dois palmos do nosso nariz. Tornou acessíveis dados e informações que antes talvez gastássemos anos ou mesmo uma vida inteira tentando descobrir, encurtou distâncias e, cada vez mais, imprime velocidade aos negócios - em qualquer segmento da sociedade globalizada.

Essa tendência é real e continuará existindo, aumentando cada vez mais o
nível de competitividade entre as empresas.

O ser humano é o cerne de toda essa mudança e é impensável que qualquer máquina consiga superá-lo. A geração de informações e conhecimento parte dele, a máquina possibilita e facilita acesso e possibilidades de uso de toda essa produção do intelecto.

Cada vez mais, para atender às necessidades impostas pela aplicação
intensiva da Tecnologia da Informação, fortes pressões são impostas às
empresas, afetando-as drasticamente. Por conseqüência, é preciso buscar modelos organizacionais que permitam existir, sobreviver, manter-se e ter sucesso no mercado.

Como essas mudanças atingem as empresas ?

É preciso estar preparado para o conhecido e para o desconhecido, o que está por vir. O ambiente se encarrega de exercer essa pressão.

Até mesmo a venda de um pé-de-couve ficou mais complexa. Ele deve ter boa aparência, estar fresquinho, limpo e, no mínimo, possuir certificação de alguma entidade de agricultores biológicos, o que significa dizer que não possui bactericidas prejudiciais à nossa saúde. Sem isso, esse pé-de-couve estará "Out"!

Se essa certificação agrega valor ao pé-de-couve, certamente as mãos do
pequeno produtor que o trouxe para ser vendido na cidade, valendo-se alguma logística de distribuição, estavam ligadas a um cérebro repleto de
informações e, pelo menos, algumas noções de tecnologia - afinal, ele chegou empacotado, lacrado, higienizado e certificado.

Diariamente recebemos uma infinidade de dados e informações - estamos cada dia mais exigentes, não importa se atuamos como produtores ou consumidores. Tal nível de exigência é produto dos conhecimentos que adquirimos, processamos e instalamos em nossa memória, de forma absolutamente natural, quando, não, imposta.

Os processos empresariais exigem sistemas bem estruturados para registro, armazenamento, circulação e disseminação de informações - associados a algum tipo de tecnologia - da simples à sofisticada.

Entregas de mercadorias podem ser monitoradas desde um simples walkie-talkie até complexos sistemas de comunicação via satélite.

O que mudou?

Competitividade: A Internet está abarrotada de tudo que se possa imaginar. A oferta disparou, existe de tudo: do lixo ao luxo! É preciso inovar sempre. Do outro lado, a demanda torna-se, a cada dia, mais exigente.

Comunicação: Se, por um lado, temos a facilidade da comunicação através do e-mail, por outro lado temos a hercúlea dificuldade de encontrar a melhor forma de "seduzir" clientes e prováveis clientes convencendo-os a adquirir os nossos produtos / serviços. Dispomos de apenas uma fração de segundo para que ele decida se vai abrir nossa mensagem ou dar um peteleco na tecla DEL e enviar para a lixeira o incrível material que preparamos para apresentar-lhe.

Clientela: Aumentou, também significativamente, o nível de exigência do consumidor, fato esse que ajuda a empurrar para cima o nível de qualidade de tudo que oferecemos ao mercado, desafiando nossa mente quando temos que adequar tantas exigência ao que o cliente se dispõe a gastar. Uma pesquisa bem recente mostrou que apenas 33% da população brasileira consome - puxa! o que fazer para conquistar os outros 67% (lógico, excluídos os absolutamente "imposibilitados")? Não podemos afirmar que um ser humano classe "E" não seja um consumidor. Se ele dispõe de apenas R$ 0,30 para comprar um pãozinho, ele, definitivamente, pode ser minoria, mas também é consumidor.

Ponto!

Custos e Preço do Produto / Serviço: Esse é, talvez, o grande desafio. Agregar valor sem elevar custos, se possível, reduzi-los. Adotamos os conceitos advindos do "Pocket Share", ou seja "Fatia do Bolso", do bolso do cliente / consumidor, melhor dizendo: não se fala mais em "quanto queremos que o cliente pague por nosso produto", mas, sim, em "quanto o cliente pode pagar ou se dispõe a pagar por nosso produto".

Concorrência: Processos são revistos periodicamente com o objetivo de nos mantermos antenados, atentos ao mercado. Praticamos benchmarking. Revemos tudo sempre, estamos de olho em tudo, no que o mercado oferece, em quem entra (esses são extremamente perigosos, são os famosos "entrantes"... que se transformam em "substitutos"... que se alojam no mercado como sérios concorrentes...)

Tecnologia da Informação: Tudo está mais "sofisticado", melhorado, aprimorado e mais uma centena de sinônimos. Essa mudança não vem acontecendo ao longo dos anos, o mundo mudou desde o momento em que comecei a redigir este artigo!

E o Futuro?

Vivemos um tempo em que a informação e a velocidade são armas poderosas para que se obtenha excelência em serviços e/ou produtos.

A conclusão a que podemos chegar é que a Tecnologia da Informação está solidamente instalada no dia-a-dia de todas as empresas, independente de seu porte. Já entrou por nossa casa, instalou-se ali também. Impossível viver sem ela.

Quantos projetos terão sido abandonados por seus idealizadores em razão de algum similar ter entrado mais rapidamente? Nem chegamos a saber. O aspecto importante desta questão é que ser detentor da informação é primordial para o desempenho de qualquer negócio - antes mesmo que ele comece a existir, antes de ser jogado para o mercado e, ainda, para que se mantenha em posição de liderança no mercado. Informação é um bem pessoal-patrimonial. O que são os atualmente chamados "talentos", senão pessoas bem informadas, detentoras de Conhecimento, possuidoras de habilidades e competências acima da média?

Conhecimento é acúmulo de informação. Gerir pessoas é gerir competências e competência é fruto do conhecimento, da informação.

A tendência, no mercado globalizado, é de que as empresas mantenham o foco naquilo que as torna competitivas e a pequena empresa se vê contra a parede devido aos custos de investimento exigidos para manutenção de tecnologia adequada, muitas vezes tendo que recorrer à terceirização de serviços para reduzir custos e acompanhar o mercado. Em determinado momento, ela irá deparar-se com a necessidade de obter segurança para seus dados, de obter maior velocidade no desempenho e de implantar sistemas que lhe permitam agilizar ações e manter competitividade. As mudanças serão perpétuas a partir daqui. A questão da sobrevivência está atrelada à tecnologia, queiramos ou não. Sempre haverá um novo software mais simples e dinâmico, de menor custo. A tendência está na direção da rapidez e simplificação.

Tornamo-nos escravos da mudança, não há retorno!

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