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Autor:
Miguel Ignatios
Qualificação: Presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil
e-mail:
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Data:
10/03/2008
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Um “crooner” de idéias sociais

Talvez a primeira vocação do ex-ministro da Agricultura do governo Lula, Roberto Rodrigues, tenha sido a de um “crooner” de orquestra. Claro que isso era pouco para um homem ligado, desde pequeno, às atividades do campo, ou da roça, como ele gosta de dizer.

Filho de um líder cooperativista, mais tarde, ele mesmo aderiu à idéia e tornou-se grande defensor dessa forma de associativismo. Durante a época de estudos, soube conciliar a agronomia com serenatas e apresentações esporádicas em bares e restaurantes da região de Ribeirão Preto.

Já engenheiro agrônomo formado, Roberto Rodrigues pôde dedicar-se à dura tarefa de fazer a terra produzir, evoluindo, aos poucos, de plantador de cana, em Guariba, no interior de São Paulo, até ser, hoje, um dos principais teóricos e defensores do etanol e do que hoje conhecemos como agronegócio.

Consciente como poucos das dificuldades de pessoas simples que, como ele, vivem de arar a terra, adubá-la, semeá-la e colher seus frutos, o ex-ministro da Agricultura dedicou-se, com afinco, a defender e, sobretudo, a praticar o cooperativismo, atividade que reúne pequenos e médios produtores, fazendo com que dividam entre si tarefas, lucros e prejuízos.

Em pouco tempo, seguindo os passos e o exemplo de seu pai, tornou-se líder cooperativista de expressão nacional, tendo se transformado, na década de 90, no primeiro presidente não europeu da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), entidade centenária sediada em Genebra, na Suíça.

De volta para casa, iniciou, em sua fazenda, um processo de educação continuada, combinado com um programa de inclusão social, que, em pouco tempo, transformou seus empregados em proprietários das moradias onde moravam; e seus filhos em universitários, alguns deles com cursos de mestrado e doutorado feitos no exterior.

A vocação de “crooner”, no entanto, nunca o abandonou. Ao contrário, socorreu-o, algumas vezes, no seu dia-a-dia de ministro da Agricultura, quando tinha de participar de reuniões comerciais e técnicas chatíssimas, realizadas aqui ou no exterior, com importadores de produtos brasileiros.

Nessas ocasiões, lembrava-se de algumas canções de sucesso de sua juventude e resolvia cantá-las, quebrando o gelo do protocolo e transformando o clima de tais encontros em algo mais ameno.

Cantores modernos são herdeiros de menestréis, jograis e de trupes circenses medievais, que viviam de aldeia em aldeia, levando um pouco de alegria a rudes camponeses daquela época.

Em suas múltiplas facetas de produtor, arauto do cooperativismo, “scholar” do agronegócio, vendedor de mercadorias brasileiras, e “crooner” nas horas vagas, Roberto Rodrigues é, na verdade, um menestrel moderno, que não se contenta apenas em divertir camponeses. Ele almeja muito mais: sonha transformá-los em cidadãos do campo.

Que o exemplo e a alegria de Roberto Rodrigues prosperem por este Brasil afora!

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