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Autor:
Márcio Roberto Bueno de Camargo
Qualificação:
Mestre em Ciências e Práticas Educativas, e gerente de ensino da Fundação Carlos Alberto Vanzolini.
Site:
www.vanzolini.org.br
Data:
11/01/06
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Síndrome de avestruz

Lembro-me dos desenhos animados que assistia quando criança e principalmente daqueles que mostravam o Avestruz. Diante de qualquer problema ou dificuldade, o animal enfiava a cabeça num buraco na terra para se esconder, como se isso fosse salvá-lo da adversidade. Com a cabeça protegida, mas com o corpo totalmente exposto, ratificava o dito popular - “o que os olhos não vêem o coração não sente”.

Hoje, percebemos muitos avestruzes na vida corporativa. Organizações que optam por enfiar a cabeça num buraco e não crescer, além de profissionais, que diante dos desafios , fecham os olhos para esperar que os mesmos passem.

Quantas empresas que, olhando somente para o escuro do buraco, não percebem as oportunidades que podem surgir durante as crises e resolvem deixar de conquistar, de crescer, optando por continuar oferecendo os mesmos produtos e serviços que as tornaram conhecidas no mercado. Elas esquecem que, no mundo corporativo, não crescer significa diminuir.

Temos também muitos profissionais que perderam e continuam perdendo grandes chances por terem medo dos desafios, do inesperado, por não saberem lidar com os problemas e adversidades. Diante de qualquer situação conflituosa, correm para enfiar a cabeça num buraco e esperar que o “vendaval” se acalme.

Há ainda aqueles que vivem constantemente olhando para si mesmos, com a cabeça enfiada no umbigo, não se relacionando com outras pessoas, tendo medo de se apresentar ao mercado, de fazer parte e interagir com o sistema. Eles esquecem que o crescimento pessoal e profissional acontece nas relações intersociais.

Quantas profissões que desapareceram ou foram incorporadas pela tecnologia e quantos profissionais ficaram sem recolocação no mercado de trabalho por terem sido avestruzes, com suas cabeças enfiadas na terra, achando que assim os desafios passariam e tudo voltaria ao normal. Com essa atitude não se desenvolveram, não criaram condições de empregabilidade, portanto, não conseguiram permanecer no mercado corporativo.

O profissional que quer desenvolver-se, adquirir novas competências, não pode simplesmente esconder-se dos problemas, esquivar-se de novos desafios, acomodar-se na função de hoje, fazendo tudo do mesmo jeito que faz há muitos anos.

Quando diante de problemas, se enfiamos a cabeça num buraco, corremos o risco de não achar soluções e assim poderemos ser açoitados sempre pelo mesmo vento. Acabamos por nos tornar especialistas na resolução dos mesmos conflitos apresentados, e assim, não saímos do lugar.

Quanto mais subimos na hierarquia das organizações, mais são exigidas as competências relacionadas à resolução de problemas e à capacidade de assumir riscos. Arrisco a dizer que muitos profissionais preferem ficar onde estão a suportar tudo isso, e é um comportamento perfeitamente normal. Esse profissional, porém, precisa ter em mente que é sua a responsabilidade pela estagnação e, a exemplo das empresas, não crescer pode significar não encontrar novas oportunidades.

O mercado corporativo não precisa de avestruzes, e sim de verdadeiros líderes, de profissionais que acreditem nas oportunidades que podem surgir nas crises, e que nos relacionamentos humanos toda a equipe pode crescer.

Ainda que a tempestade pareça muito forte, tire a cabeça do buraco e enfrente-a, e em enfrentando-a, aprenda com ela.


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