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Autores:
Fábio Rocha
Qualificação: Administrador de Empresas com pós-graduação em Comunicação, Gestão Integrada de Organizações
E-mail:
[email protected]
Data:
11/10/2007
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Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor

A área social vem sofrendo uma grande transformação nestes últimos 10 anos, transitando de ações eminentemente assistencialistas para projetos sociais de alta complexidade. Esta mudança gerou a necessidade de um aperfeiçoamento na gestão destas ações, demandando, mesmo que intuitivamente, técnicas e ferramentas de gerenciamento de projetos. Como se não bastasse, a riqueza desta temática (gestão de projetos) somou-se à heterogeneidade da área social, com instituições de diversas naturezas, portes, modelos de gestão, níveis de profissionalização e focos de atuação. Estes projetos sociais têm sido realizados pelos mais diversos setores, o público, o privado e o não-governamental (terceiro setor). Vamos nos ater a este último, em função da mescla de características que ele apresenta, em relação ao público e o privado.

O mais importante para entendermos esta nova perspectiva da gestão de projetos, é definirmos alguns conceitos básicos, como gestão, projetos e terceiro setor. Este, inclusive, é uma das primeiras falhas apresentadas na gestão destes projetos sociais que, por falta de domínio conceitual, conduzem rotinas e serviços, como se fossem projetos. Por gestão, entende-se o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o uso dos recursos para alcançar objetivos determinados. Já em relação ao projeto, segundo definição da ONU: “É um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter - relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de tempo e de orçamento dados.” E por fim, terceiro setor é o conjunto de instituições privadas sem fins lucrativos que administram recursos públicos e privados, aplicados em programas e projetos de interesses públicos nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, cultura, saneamento, nutrição, arte, esporte, habitação, dentre outros

A seguir são listadas algumas destas peculiaridades encontrados de uma forma geral em projetos sociais de todo o Brasil.

- A primeira e mais forte é a passionalidade, uma vez que o envolvimento emocional com a causa do projeto social e/ou com a comunidade beneficiada pode levar à tomada de decisões sem uma base racional.

- A segunda, a subjetividade, tornando a avaliação dos resultados, a definição de metas, algo extremamente complexo em relação a aspectos subjetivos de transformação social, como por exemplo, “a comunidade voltou a sonhar......”.

- A terceira peculiaridade é a abrangência, ou seja, a teia entre o foco do projeto e uma série de outros públicos e/ou temáticas. Por exemplo, um projeto social voltado à melhoria do estado nutricional de crianças de 0 a 6 anos de idade, convivendo com problemas habitacionais, educacionais, de saneamento básico da família em que está criança está inserida. O irmão que está envolvido no tráfico de drogas, a mãe que é dependente química e o pai que está desempregado.

Vamos observar também o peso das relações pessoais. As relações são totalmente baseadas nas pessoas, na confiança entre elas. A figura institucional é bastante frágil. Relações da organização não-governamental e do seu gestor com a comunidade beneficiada e/ou parceiros dos projetos sociais, dependem muito de aspectos ideológicos, de posturas pessoais e até de elementos como empatia. E falamos, por fim, da cultura e história em relação à gestão, em que em função da idéia anterior que o que importava era realizar, atender, ajudar, sem definir qual o resultado desta ação, praticamente pauta-se por um grande amadorismo de gestão.

Portanto, o único caminho é a profissionalização da gestão, entendendo profissionalização como a ação de profissionalizar-se; dar o caráter de coisa profissional a; tornar-se profissional e/ou adquirir caráter de profissional. E isto só é possível através das ferramentas de gerenciamento de projetos.

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