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Autor:
Márcio Roberto Bueno de Camargo
Qualificação: Gerente de ensino da Fundação Carlos Alberto Vanzolini
E-mail: [email protected]
Data:
12/04/06
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O Profissional Elefante

Li recentemente um texto que tratava do elefante. Um animal que nasce com grandes proporções, com uma força incrível mas que se sujeita a ficar preso por uma coleira amarrada a uma estaca presa no chão.

Nos circos, o elefante desde muito jovem é condicionado a ficar preso numa corrente e, quando cresce, não se dá conta de toda sua força, com a qual facilmente se soltaria das amarras para ser um animal totalmente livre.
O elefante é muito pesado - Pessoas tem sido um peso para as organizações e organizações tem sido peso para a sociedade. Péssimo atendimento, má vontade de trabalhar, ineficiência e outros adjetivos que podemos listar, demonstram uma organização elefante. Lentidão, muito devagar e peso enorme.

Você conhece o profissional elefante quando de depara com aquelas pessoas que são muito lentas no desenvolvimento de suas atividades, que não tem comprometimento com as suas responsabilidades e, portanto, acabam sendo um peso muito grande, difícil mesmo de carregar. São profissionais que atuam na mesma empresa há trinta anos ou mais e que já estão sem fôlego, mas continuam lá, levando a vida, esperando a tão sonhada aposentadoria.

O elefante é desgovernado - Quando estão com sede e observam um bom local para saciá-la. Usam sua força para passar por cima de tudo: derrubam árvores e quaisquer obstáculo que encontrem em seu caminho.

Acredito que você já tenha trabalhado com pessoas que possuam esta característica, profissionais que passam por cima de tudo e todos para cumprir seu propósito ou saciar a sua sede. Para estas pessoas não existem regras, padrões, parâmetros, pois para elas o importante é atingir o objetivo final, ainda que para isso seja necessário deixar alguns colegas caídos ao longo do caminho.

A memória do elefante - Estudiosos dizem que este animal tem uma excelente memória e guarda fatos por longos períodos de tempo. Na vida coorporativa também temos alguns profissionais que possuem “memória de elefante” guardando fatos ocorridos por longos anos.

Quantas empresas que apoiadas na sua tradição, sucumbiram ao mercado? Que grande memória! Assim como algumas empresas, líderes têm a capacidade de guardar sucessos passados e viver em função destes, não procurando alcançar novas realizações.

Outros guardam mágoas, problemas ocorridos e vivem em função de situações que já passaram há muito tempo. Uma discussão com os colegas, um problema na entrega de um relatório, um puxão de orelha do chefe, tudo é motivo para arquivar. Esses profissionais vão arquivando os fatos e em determinados momentos resolvem trazê-los à lembrança e assombrar as equipes.

Os profissionais elefantes são aqueles que tentam jogar o novo jogo com as regras antigas, que reduzem a velocidade das pessoas dizendo que o importante é não ter pressa, que não é bem assim que as coisas funcionam, ou seja, devagar e sempre.

Lideres podem e devem utilizar sua memória de elefante para guardar sim, as realizações de sua equipe, o desenvolvimento das pessoas, as coisas boas que foram feitas, como uma lembrança que incentiva a busca de novas realizações e novos sucessos.

O elefante assusta outros animais com um grande “trombetar” - Pois é, quantos líderes acham que conseguirão resultados satisfatórios no grito, assustando as pessoas de sua equipe de trabalho? Se observarmos veremos muitos elefantes andando por aí, gritando em seus escritórios, em suas casas, com outras pessoas, mostrando superioridade.

O elefante é domesticado e condicionado - Pois é, conheço muitos profissionais que se condicionam a trabalhar no mesmo lugar. Não gostam do trabalho que desenvolvem, cansaram de suas atividades e sua vida tornou-se pura rotina, mas faz tanto tempo que atuam na empresa, que o melhor é aceitar que devem continuar lá.

Podemos e devemos deixar de ser um peso para a organização onde atuamos, com trabalho, dedicação e motivação. Nossa memória deve servir para guardar sucessos de outrora que nos estimulem a continuar lutando no alcance de novas realizações. O trombetar deve ser riscado de nossas ações, se queremos ser líderes de sucesso e, ao invés disso, precisamos passar a entender e respeitar as pessoas como seres humanos. Nunca, absolutamente nunca, devemos nos condicionar a andar presos a uma corda, já que a liberdade é uma das características que nos torna seres humanos.

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