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Autor:
Glauco Pinheiro da Cruz
Qualificação:
É diretor do Grupo Candinho Assessoria Contábil e consultor em gestão de franquias.
E-mail:
[email protected]
Data:
13/07/2011
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Você tem gás para ser um franqueado?

O setor de franchising está a todo vapor e tem atraído cada vez mais jovens na faixa dos 30 anos que querem alçar novos voos com a abertura de um negócio próprio. Se você é um deles e tem passado noites em claro pensando em como empreender, recomendo toda a frieza e calma antes de tomar qualquer decisão.

Por mais que o franchising esteja crescendo, muito acima de outras atividades econômicas – 20,4% em 2010 em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) –, os novos empreendedores devem levar em consideração que, apesar das facilidades anunciadas pelas redes de franquias, há o risco de fracasso, fato mais comum do que se imagina. De acordo com a ABF, 1% das novas franquias fecha no primeiro ano de existência e 5%, nos cinco primeiros anos. 

Os dados parecem animadores, porém escondem a realidade, uma vez que pensar em 1% pode parecer um percentual irrisório. No entanto, muitos empreendedores se encaixam nesse percentual e, se tivessem pensado nos pequenos detalhes antes da escolha, talvez não compusessem essa taxa. São detalhes que fazem toda a diferença. O empreendedor, por exemplo, deve se perguntar se tem afinidade com a área de atuação da franquia. É o caso de homens que optam por franquias de estética, mas que não entendem nada sobre o assunto e, pior, não gostam do serviço que prestarão ao público. Dificilmente terão sucesso nos seus negócios. Por isso, é fundamental pesquisar quais franquias existem no ramo de maior afinidade e verificar os produtos e serviços oferecidos. Fazer toda a análise do público-alvo do negócio e onde a rede pretende se expandir também são questões importantes. Para destacar os prós e contras, é fundamental visitar outros franqueados e perguntar como é o relacionamento entre franqueador e franqueado.
 
Esses são os pontos básicos e iniciais que o empreendedor precisa colocar no papel. A partir daí, definida a escolha da franquia, o passo seguinte é o montante a ser investido no negócio. Muitos jovens empreendedores ficam na dúvida sobre o que vale mais a pena: pedir um empréstimo ou aguardar e juntar o montante necessário. Com as altas taxas de juros atuais, o empréstimo não é uma boa alternativa. O melhor é adiar a abertura da franquia, poupar e conseguir capital a partir de um planejamento adequado. 

Outro ponto importante: o investidor precisa estar “preparado” para abrir e tocar um negócio próprio, principalmente se a franquia for sua principal fonte de renda. O retorno costuma vir em dois anos e é necessário pensar em como sobreviver nesse período – ou há uma reserva de capital ou haverá grandes apertos. O “novo” empresário precisa definir desde o início se vai se satisfazer um uma unidade ou se pretende buscar uma expansão. Isso vai determinar, por exemplo, o regime de tributação a ser adotado. Todas as receitas e despesas devem ser colocadas em uma planilha, que ajudará na administração e controle e dará uma noção realista do negócio. O mercado já oferece softwares que fazem, além do controle de caixa, o acompanhamento de entradas e saídas de suprimentos e do estoque. Alguns até disparam automaticamente pedidos de reposição de mercadorias.

Há, por fim, quem pense que ser dono do próprio empreendimento significa trabalhar menos do que como funcionário em grandes empresas. A visão é totalmente equivocada. Ser dono do próprio empreendimento exige trabalho redobrado. Além de ser responsável pela gestão da franquia, o empresário passa a ser responsável também pela sua automotivação e também a da sua equipe. Será que você tem gás para tudo isso? Vale a reflexão antes de qualquer iniciativa.

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