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Autor:
Dalbi Arruda
Qualificação:
Gerente-sênior da consultoria BearingPoint
E-Mail
[email protected]
Data:
13/11/04
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A Logística no Agronegócio

O agronegócio vem se consolidando como um dos principais segmentos da economia do País, empregando 37% dos trabalhadores brasileiros e respondendo por cerca de 40% das exportações. Além disso, representa 25% do que é produzido no Brasil. Apesar desses expressivos índices, o agronegócio ainda esbarra em problemas para seguir seu caminho de expansão, devido, principalmente, a escassez de capital e deficiências na logística de toda a cadeia do segmento, composta pelas atividades desenvolvidas a partir do que é gerado no campo. Se considerarmos os últimos estudos que apontam projeções de produção muito otimistas, o cenário futuro com relação a logística do setor poderá se tornar ainda mais crítico.

A questão da falta de capital no mercado está relacionada diretamente a juros altos e reduzidas linhas de créditos para financiar a produção. Já o problema relacionado a falhas na cadeia do agronegócio, embora tão inquietante quanto o primeiro - e também dependente de investimentos em infra-estrutura -, pode ser minimizado a partir de ações entre os próprios integrantes do sistema.

Entretanto, para que isso aconteça, inicialmente, torna-se necessário que às empresas participantes da cadeia do agronegócio estendam sua visão com relação a ela, planejando-a como um só sistema, desde os recursos naturais até os cliente finais. Além disso, façam com que as soluções e modelos que hoje suportam muito bem a gestão dos gargalos na cadeia, sejam preparadas para continuar gerando lucros quando estes gargalos se minimizarem. O fato é que não é diferencial em uma cadeia o planejamento de origem, que não seja totalmente integrado a um bom planejamento de produção e distribuição.

Porém, um dos maiores problemas para se chegar ao equilíbrio da cadeia do agronegócio é o dimensionamento preciso de seus requerimentos, como o volume de investimentos necessários, e de que forma ele deve ser direcionado para se colher os benefícios de formar mais rápida e eficiente. Assim, investimentos em infra-estrutura de operação no campo, armazenamento e escoamento devem estar em linha, com a maior precisão possível para evitar que apenas se troque um problema de lugar dentro de um sistema.

Trabalhar a cadeia de cada produto de forma ampla e colaborativa, e ao final integrar as cadeias de diferentes produtos é vital, pois minimizam ociosidades causadas pelos aspectos sazonais de cada produto, ao mesmo tempo em que maximiza o uso do capital investido em infra-estrutura. O Brasil é líder em tecnologia de produção do campo, tem custos extremamente competitivos, e não pode se dar ao luxo de perder esta competitividade por não olhar o agronegócio como um conjunto de cadeias complexas e integradas.

Dessa forma, conclui-se que a cadeia do agronegócio deve procurar a todo tempo minimizar perdas devido as interferências incontroláveis da natureza e do mercado mundial; sem deixar de maximinizar a utilização dos seus ativos, e sem perder o sincronismo com os clientes e produtos. Cuidar da logística visando integrar os participantes da cadeia do agronegócio pode ser uma alavanca essencial para o um crescimento ainda maior desta área no país.

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