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Autor:
Ricardo Kurtz
Qualificação: Presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet – ASSESPRO
Site: [email protected]
Data:
15/03/06
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Um Novo Ciclo de Desenvolvimento Econômico Para o Brasil

Estamos vivendo um momento no qual conseguimos ter a percepção de que existe grande potencial e várias condições necessárias para que o Brasil inicie um novo e pujante ciclo de desenvolvimento econômico, tendo com o protagonista o setor de tecnologia da informação (TI). Isso pode acontecer de duas formas: Primeiro, pela geração de emprego e, renda proporcionados pelas próprias Empresas de TI. Trata-se de uma indústria limpa, que utiliza mão-de-obra em larga escala, pagando remunerações acima da média dos outros segmentos econômicos, com produtos e serviços que geram um alto valor agregado. A outra forma é pelo ganho de produtividade que toda a economia do País terá, pois a TI é o único setor que, através de seu trabalho, consegue ajudar a elevar a qualidade e produtividade de todos os outros.

Muito bem, isso é o que podemos vir a ser. Agora, quais são os fatores e condições que nos permitem projetar isso? Temos cada vez mais Empresas do setor aprimorando seus processos e estabelecendo políticas comerciais mais agressivas e profissionais, fortemente apoiadas e incentivadas pelas suas entidades empresariais. Contamos com vários parques tecnológicos que produzem e exportam tecnologia de ponta, com grandes Empresas internacionais e nacionais como âncoras e ainda micro, pequenas e médias empresas orbitando em torno desses complexos. Dispomos de uma mão-de-obra qualificada, - embora tendendo a uma escassez preocupante no momento, - com um padrão de vida mais elevado que o de nossos concorrentes diretos, Índia e Rússia, alem de uma cultura muito mais próxima e identificada com os Estados Unidos e, fundamentalmente, a Europa.

Além disso, pela primeira vez vemos o Governo incluir a tecnologia da informação em suas políticas prioritárias de desenvolvimento industrial. Nunca se falou tanto em software, exportação de serviços e produtos de TI, padrões, protocolos e outros termos relativos. Tudo isso passou a fazer parte do dia-a-dia das mais diversas áreas e órgãos municipais, estaduais e federais, alem de estar no pensamento de nossos governantes. Assistimos boquiabertos o ineditismo da criação de uma medida provisória que traz incentivos à produção de computadores e exportação de software. Isso, apesar de ter sido feito de uma forma que acaba beneficiando fundamentalmente grandes empresas internacionais, é uma ação positiva.

No entanto, o Governo tem que qualificar suas ações para que possam convergir com suas intenções. Nossas pequenas e médias empresas nacionais continuam sendo penalizadas com a mais alta carga tributária da economia, pesadíssimos encargos trabalhistas e travas retrógradas que impedem a terceirização. Essas dificuldades não existem para nossos concorrentes no mercado global (Índia, Rússia, Irlanda, Israel), o que praticamente ceifa nossa expansão como exportadores e traz uma competição desigual para nosso mercado interno. Uma mostra disso é que apenas 17% do mercado brasileiro de TI (que é de 10 bilhões de dólares) correspondem às nossas empresas nacionais. Sem termos a prevalência em nosso terreno, jamais poderemos almejar conquistar outros espaços.

É necessária a criação de uma política de Estado, e não uma política de Governo, com ações isoladas. Devemos fazer o mesmo que nossos competidores diretos já completaram há 15 anos atrás: Um planejamento a longo prazo. Só que não temos todo esse tempo para esperar. Precisamos urgentemente de ações imediatas que permitam começar logo um caminho de aumento do mercado de nossas Empresas. Um regime tributário simplificado e mais justo e um forte incentivo à qualificação profissional e de gestão já seriam uma excelente e necessária forma de prepararmos iniciarmos esta jornada. Nossos governantes podem ter a certeza de que vão contar com o apoio e trabalho determinado de todo os empreendedores e das associações empresariais do setor de TI, para que juntos posamos estruturar e construir as bases para o início de um novo ciclo de desenvolvimento econômico para nossa Nação.

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