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Autor:
Sebastião Guimarães
Qualificação:
Diretor da T&G Treinamento
E-mail:
[email protected]
Data:
16/04/05
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Diretrizes para Treinamento

Norma ISO 10015

    "Torna-se necessário e urgente reinventar a área de RH. Os profissionais dessa área só conseguirão ser co-autores das estratégias corporativas quando tiverem domínio dos diferentes negócios da empresa, visão estratégica, mente empreendedora e clara percepção das competências essenciais que fazem essa empresa ter lucro ou prejuízo."
    César Souza

O treinamento realizado atualmente pelas empresas bem sucedidas é considerado o melhor investimento e tem como objetivo o desenvolvimento das competências essenciais.

Competência essencial (core competence) é um termo cunhado pelo americano Gary Hamel e o indiano C.K. Prahalad, que escreveram um dos livros mais influentes nos meados da década de 90: Competindo pelo Futuro.

Segundo Prahalad e Hamel, para que uma competência seja considerada essencial deve passar por três testes:

  • Valor percebido pelos clientes. Uma competência essencial deve permitir a empresa agregar valor de forma consistente e diferenciada a seus produtos e serviços; valor esse que possa ser percebido pelos clientes.

  • Diferenciação entre concorrentes. Uma competência essencial deve diferenciar a empresa de seus competidores. Precisa ser algo percebido pelo mercado como específico da marca, do produto ou da própria empresa.

  • Capacidade de expansão. Uma competência essencial deve abrir as portas do futuro para a empresa. Não basta que ela seja a base para os produtos e serviços atuais. É necessário que ela possa sustentar novos produtos e serviços.

A vantagem de trabalhar com o conceito de competência é que ele permite direcionar o foco, concentrar energias no que é necessário para que a empresa alcance os seus objetivos operacionais e estratégicos.

O que caracteriza a competência é a integração e a coordenação de um conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes que na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada. Elas não se restringem a uma área específica da empresa, estão difundidas de forma ampla em toda a organização.

Para garantir que os programas de treinamento das empresas desenvolvam as competências essenciais, foi editada a norma NBR ISO 10015:2001.

A norma NBR ISO 10015:2001 - Diretrizes para treinamento. está em vigor, aqui no Brasil, a partir de 30.05.2001. Esta Norma pode ser aplicada sempre que uma orientação for necessária para interpretar referências a "educação" e "treinamento" nas normas das famílias NBR ISO 9000 e 14000 e em outras normas. Por exemplo, a QS 9000 estabelece, no elemento 4.18.1: "A eficácia do treinamento deve ser revisada". O assunto também é mencionado no elemento 4.18.2 da ISO TS 16949, a norma desenvolvida em conjunto pelas montadoras para seus fornecedores.

No Brasil, a norma NBR ISO 10015 vem sendo implementada pelas empresas já certificadas, por aquelas que pretendem ser certificadas e principalmente por aquelas que estão implementando a chamada "Gestão por Competências".

A norma 10015 fornece diretrizes que auxiliam as organizações a identificar e analisar as necessidades de treinamento, projetar e planejar o treinamento, executar o treinamento, avaliar os resultados do treinamento, monitorar e melhorar o processo de treinamento, de modo a atingir seus objetivos.

Mas, infelizmente, o treinamento em muitas empresas, tem um custo elevado e pouco ou nenhum resultado.

Muitos programas de treinamento são verdadeiras "perfumarias", não acrescentam nada em termos de competências. Nestes programas temos muito "Oba - Oba" e praticamente nenhum conteúdo aproveitável.

É chegada a hora e a vez de se fazer treinamento com resultados devidamente comprovados.

A norma NBR ISO 10015 - Diretrizes para treinamento - enfatiza a contribuição do treinamento para a melhoria contínua e tem como objetivo ajudar as organizações a tornarem seus programas de treinamento um investimento com retorno garantido.

Textualmente a norma diz o seguinte:

    É conveniente que a organização defina a competência necessária a cada atividade que afeta a qualidade dos produtos e serviços, avalie a competência do pessoal para realizar a atividade e elabore planos para eliminar quaisquer lacunas de competências que possam existir.

A atual norma ISO 9001:2000 é mais precisa ao normalizar as atividades de treinamento e desenvolvimento. Textualmente esta norma diz que as organizações devem:

    a) determinar as competências necessárias para o pessoal que executa trabalhos que afetam a qualidade do produto,
    b) fornecer treinamento ou tomar outras ações para satisfazer essas necessidades de competências,
    c) avaliar a eficácia das ações executadas,
    d) assegurar que o seu pessoal está consciente quanto à pertinência e importância de suas atividades e de como elas contribuem para atingir os objetivos da qualidade, e
    e) manter registros apropriados de educação, treinamento, habilidade e experiência.

Na edição anterior da norma ISO 9001 (norma 9001:1994) a referência sobre o treinamento não era muito precisa. Para a empresa ser certificada eram suficientes as evidências objetivas referentes à "realização" do treinamento". Mas não havia uma "cobrança" de resultados. Agora, a nova norma NBR ISO 9001:2000 cobra resultados e enfatiza a importância do treinamento e dos profissionais de RH.

Com a exigência de que o treinamento seja eficiente e eficaz, surge com muita ênfase, a necessidade de os profissionais de Recursos Humanos se capacitarem para avaliar os treinamentos desenvolvidos na empresa.

É, portanto, de suma importância conhecer os métodos, processos e recursos para avaliar resultados do treinamento desenvolvido.

PaulC.Green em seu livro "Desenvolvendo Competências Consistentes", destaca a importância dos seguintes tipos de avaliações:

  • Avaliação de reação - Este tipo de avaliação é o mais fácil de se fazer. Documenta o valor percebido pelo treinando, logo após o término do treinamento.

  • Avaliação de aprendizagem - Relativamente fácil de se fazer. Esta avaliação mede o conhecimento ou a habilidade adquirida pelo treinando, com relação ao que foi ensinado. Os maiores exemplos são as chamadas provas escritas ou orais.

  • Avaliação comportamental - Difícil de se fazer. A mudança de comportamento de uma pessoa depende muito da sua maior ou menor resistência à mudança. Observar uma pessoa durante um período relativamente longo é um dos critérios recomendados neste tipo de avaliação. A avaliação de 360 graus tem sido um recurso para avaliar o comportamento dos profissionais.

  • Avaliação de resultados - Muito difícil de se fazer. Essa avaliação procura medir a redução de custos, o aumento da produtividade e outras melhorias de desempenho. Essa avaliação é desafiante pois é difícil demostrar que o treinamento foi a única causa da melhoria dos resultados.

Bettyna P.B.Gau Beni e outros autores de "Avaliação dos Resultados em Treinamento Comportamental" dizem o seguinte:

    "Conforme podemos observar, a questão da avaliação de resultados é bastante mítica. É chegada a hora da virada: há que se parar de reclamar. Caso contrário, os profissionais de RH vão acabar cedendo lugar a outros profissionais ou consultores externos. Todos temos que enfrentar a realidade e entender que os tempos mudaram e que só sobrevive quem estiver preparado."


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