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Autor:
Ruy Martins Altenfelder Silva
Qualificação:
Presidente do Instituto Roberto Simonsen
E-Mail
[email protected]
Data:
16/06/04
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A Responsabilidade de Comunicar Bem

Não fosse a saída honrosa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encontrada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o embate do governo com o jornalista Larry Rohther, do New York Times, teria conseqüências ainda mais negativas para a imagem nacional. Entretanto, a repercussão mundial do fato, com a conotação de que o Brasil cerceia a liberdade de imprensa, já causou sensíveis estragos. Paulatinamente, à medida que novos temas de relevância passem a dominar a pauta jornalística, o episódio tenderá a ser esquecido. Porém, para manter e melhorar sua imagem e a do País, o governo precisa realizar programa mais eficiente de comunicação.

Lamentavelmente, a Administração Lula parece não conferir a essa atividade o estratégico, decisivo e contemporâneo significado que tem para governos, empresas e todas as organizações. O caso do correspondente foi apenas mais um exemplo do descaso com o setor. Isto não arranha apenas a imagem e a credibilidade de um político e de um governo, mas prejudica a Nação. Ao se comunicar mal com a imprensa, sociedade, entidades de classe e comunidade internacional, o governo gera incredibilidade, expõe-se ao efeito de rumores e torna a política e a economia mais suscetíveis às crises.

Comunicação não se limita à concessão de eventuais entrevistas à imprensa, à elaboração de cartas com réplicas e tréplicas e à divulgação da rotina dos gabinetes. Há todo um kow how e consagradas estratégias para se estruturar e exercitar política eficiente nesse segmento. O episódio do jornalista norte-americano já seria suficientemente grave como fato isolado. Contudo, é mais um dentre vários equívocos na comunicação. Não é o caso de os enumerar, mas de alertar o governo, para o bem da Nação, sobre a necessidade de os corrigir.

Como em outras oportunidades, o País não aproveitou, com inteligência e estratégia, a publicação da matéria no jornal de Nova York. Diante da persistência desse problema, os craques do jornalismo institucional e assessoria de imprensa, do marketing e da publicidade e são muitos os profissionais brasileiros de qualidade nesses segmentos poderiam ser escalados para compor um Conselho Nacional de Comunicação. Seria um colegiado de alto nível, cujos membros doariam parte de seu tempo para elaborar uma política de comunicação para o Brasil, voltada às estratégias e ações necessárias à fixação e desenvolvimento da imagem do País. Caberia à equipe governamental da área implementar e executar o programa estabelecido.

Cuidar ou não de sua própria imagem é decisão pessoal e soberana de cada cidadão. Porém, preservar a imagem da Presidência da República, do Governo do Brasil e do País é dever inalienável de quem está investido no cargo. A omissão nesta responsabilidade prejudica muito a Nação, conforme, aliás, tem sido possível notar diariamente na seqüência de trapalhadas, como o paralelismo e contradições nas declarações públicas do próprio presidente e seus principais ministros. Afinal, diante da aproximação da alcatéia, se o líder do rebanho não balir com ênfase, muitos cordeiros podem ser devorados...

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