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Autor:
Sérgio de Oliveira Luiz
Qualificação:
Diretor da Average, empresa especializada no desenvolvimento de softwares para comércio exterior
E-Mail
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Data:
16/07/04
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Agribusiness: A Galinha dos Ovos de Ouro do Brasil

A economia brasileira sempre foi voltada para a exportação agrícola. Parte de um continente inexplorado há milhões de anos, o Brasil é considerado um território muito fértil, até porque, conforme escreveu Pero Vaz de Caminha na época da descoberta: "...em se plantando tudo dá...".

Todos aprendemos nas aulas de história que com a vinda dos portugueses ao país, praticamente tudo era enviado à Europa. O potencial brasileiro para produzir alimentos, flores, frutas, papel e celulose é incomparável a outros países do ponto de vista da qualidade das matérias-primas e do produto final e, conseqüentemente, da competitividade conquistada nos mercados interno e externo.

Felizmente esse potencial todo se deve às extensas e férteis terras tropicais brasileiras e ao clima, que vêm contribuindo para que a agricultura continue a ser a galinha dos ovos de ouro do país.

No Brasil, o agronegócio passou a ter uma posição estratégica no superávit da balança comercial. Quase metade dos US$ 73,084 bilhões que o Brasil exportou em 2003 veio de vendas do segmento de agronegócio, US$ 30,6 bilhões. No ano passado, o superávit comercial do setor foi de R$ 25,848 bilhões. A agricultura foi responsável pela totalidade do superávit comercial do país, US$ 24,831 bilhões. Os especialistas projetam que a balança comercial do agronegócio de 2003 para 2004 deverá registrar um crescimento nas exportações de 36,5% e no saldo, de 44,7%.

Japão e Cingapura são dois grandes mercados para as frutas brasileiras, sendo que o segundo país é um importante entreposto comercial, pois exporta aproximadamente 40% dos mesmos produtos importados do Brasil para os seus vizinhos asiáticos. O que, por outro lado, limita o alcance das nossas negociações com outros países, reduzindo a receita brasileira.

A soja (grão, farinha e óleo) lidera o ranking dos produtos mais rentáveis: correspondeu a 36,5% das exportações em 2003. Além do aumento do preço de venda, cresceu a quantidade exportada, resultado de uma safra recorde de 52 milhões de toneladas.

O desempenho positivo das exportações em 2003, de acordo com o Ministério da Agricultura, foi impulsionado pelo crescimento das vendas externas em todos os grupos de produtos do agronegócio, associado à melhora dos preços internacionais de importantes commodities, como a soja e o algodão, e à abertura de novos mercados, como a Turquia e o Irã, que nunca antes tinham comprado tanto do Brasil.

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a agricultura no Brasil é realizada por um contingente aproximado de cinco milhões e meio de agricultores. Desse total, 4,5 milhões são agricultores familiares, de pequenas propriedades rurais.

Apesar do potencial agrícola brasileiro, nem tudo são flores. As cadeias produtivas ainda sofrem com problemas de ordem burocrática, com falta de estrutura nos transportes e com poucos incentivos dos órgãos governamentais.

Mesmo sendo o carro-chefe das exportações brasileiras por muitos anos o agronegócio não é suficiente para gerar o desenvolvimento sustentado que o país precisa. O governo precisa tomar iniciativas no sentido de diversificar a pauta das exportações, pois a agricultura é a área que mais enfrenta entraves no exterior. Os países europeus e os Estados Unidos são alguns dos que protegem demais seus mercados internos, o que acaba prejudicando os demais, incluindo o Brasil. Os investimentos em outros setores são necessários no sentido de equilibrar a balança comercial brasileira em momentos que o agronegócio tiver algum desgaste.

O cenário não é de total sucesso do setor de agribusiness, mas o setor tem se destacado nos últimos meses devido a conquista de novos mercados externos. Trata-se realmente da galinha dos ovos de ouro brasileira, mas que ainda precisa ser aperfeiçoada e estruturada para dar o retorno necessário e esperado.

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