.
Autor:
José Lourenço de Sousa Neto
Qualificação:
é Administrador e professor do Centro Universitário Newton Paiva
E-mail:
lourenç[email protected]
Data:
16/09/05
As opiniões expressas em matérias assinadas não refletem, necessariamente, a posição do Empresário Online. Proibida a reprodução sem a autorização expressa do autor.

Por que Tanta Tolerância com Maus Profissionais?

É curioso, para não dizer penoso, ver o quanto de esforço, tempo, dinheiro, criatividade, etc., as empresas gastam para transmitirem uma imagem de eficiência e, ao mesmo tempo, põem tudo a perder mantendo profissionais inadequados em seus quadros.

Custa muito conquistar um cliente. O esforço seguinte, para mantê-lo dentro de casa, é uma batalha diária. Conseguir sua fidelidade e fazer com que repita seus pedidos, são proezas que merecem comemoração. E nessa luta, empresários e gestores não poupam suas melhores energias e despendem um bom dinheiro. E, focados apenas num lado do processo, se dão por felizes e merecedores dos melhores resultados... que não vêm!

Desatentos com o outro lado dessa moeda, os gerentes esquecem que seus planos e idéias deverão ser implementados pelas pessoas que compõem o time. E quanto maior o desafio, quanto melhor o plano, quanto mais sofisticada e cara a estratégia, mais competentes têm que ser essas pessoas. Não há como executar uma jogada sensacional - no papel - sem bons atletas - em campo. Se os funcionários não acompanham a montagem do planejamento, não vão realizá-lo. Por acompanhar refiro-me não só à participação possível na elaboração, mas também no sentido de se comprometerem com ele, darem seu aval e nele se empenharem. E esse descasamento entre "jogada" e "jogadores" pode-se dar por despreparo dos jogadores - inadequação de perfil e treinamento, recrutamento mal feito, falha na comunicação da empresa ou desinteresse das próprias pessoas - "corpo mole", para usarmos outra metáfora do futebol.

Explorando melhor essa situação, cabe perguntar por quê isso ocorre. Se empresários e gerentes não se poupam, nem ao dinheiro da empresa, no planejamento e organização, por que falham tão lastimavelmente convivendo com pessoas que não condizem com o esperado delas? Se erraram na contratação, por que não reparam via treinamento? Se o treinamento não funcionou, por que não tentam via coaching (já que está na moda), com orientação e acompanhamento individualizado? Se, ao final, nada dá certo, por que mantêm essas maçãs podres no cesto?

É triste ver o quanto de esforços e recursos são jogados no lixo, pela postura inadequada de um funcionário. Um vendedor mal humorado prejudica o visual maravilhoso da loja e torna mentiroso todo comercial que prega o respeito do estabelecimento pelo cliente. Um operador de telemarketing, ou call-center, desatento, desinteressado e grosseiro, joga no lixo todo o investimento em tecnologia e instalações. O funcionário que não se conscientiza de que motivação é algo inerente à pessoa, que vem de dentro, e não algo que a empresa provê, como se fosse responsabilidade dela, como é fornecer móveis e equipamentos adequados, vai se tornar num foco pernicioso de reclamações e reivindicações inconvenientes, inadequadas e inoportunas. E, como a maçã podre a que nos referimos, acabará por contaminar os outros colegas, seja pelo mau exemplo que dá, seja pela leniência da empresa para lidar com tais situações.

É importante considerar que essas pessoas estão ocupando o lugar de outras, mais competentes, que andam à busca de oportunidade de trabalho.

Todo gerente e empresário tem que estar atento a isto. Não vale a pena conviver com maus funcionários. É perda certa para a empresa e injustiça para com aqueles outros, mais sérios, capazes e desejosos por contribuírem, em troca de um salário justo.

.

© 1996/2005 - Hífen Comunicação Ltda.
Todos os Direitos Reservados.