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Autor:
José Henrique Nunes Barreto
Qualificação: Presidente do Sindifumo - SP, Sindicato das Indústrias de Fumo do Estado de S. Paulo
E-mail: [email protected]
Data:
17/08/06
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As Oportunidades e as Barreiras para o Brasil no Mercado Internacional de Derivados de Fumo

Em 2005, o Brasil exportou pouco mais de US$15 milhões em cigarros, charutos e cigarrilhas, o que representa apenas 0,1% num comércio internacional que transacionou em exportações mais de US$16 bilhões. Este setor enquadra-se também dentre os três maiores geradores de renda de todo o agronegócio mundial.

Somos disparados os maiores exportadores de fumo em folha do mundo. Comercializamos 564 mil toneladas em 2004, o equivalente a US$ 1.7 bilhões. O País abastece as grandes fábricas do mundo com matérias-primas de alta qualidade que, por sua vez, geram divisas, renda e empregos nos países onde se localizam. O Brasil age ainda como colônia enquanto os outros países se posicionam como metrópoles.

Os grandes lucros do setor fumageiro são monopolizados por um pequeno número de indústrias e representam as maiores arrecadações de impostos pelos poderes públicos em todo o mundo. Não raro a carga tributária dos cigarros atinge mais de 70% de seus preços de varejo.

Um cigarro tipo “american blend”, com mistura de fumo do tipo oriental, burley e virgínia, cujo valor do quilo custa entre US$2 a U$5, contém menos de um grama de fumo em peso, ou cerca de 18 gramas em um maço. Em termos de fumo em folha, o valor do maço é seguramente menor do que US$0,10. Nos países desenvolvidos este maço é vendido no varejo por um mínimo de US$3, chegando a US$7 em alguns estados americanos.

No Brasil e em outros países menos desenvolvidos esta faixa modal de preços varia de US$0,50 a U$2. Deduz-se daí que existe uma agregação de valor em toda a cadeia fumageira da ordem de 14 a 200 vezes tanto pela indústria quanto pelos governos, caracterizando-se como uma prática inigualável em qualquer outro segmento do agronegócio e mesmo em outros setores.

O mundo consome, hoje, 270 bilhões de maços de cigarros, cujo valor de atacado estaria em torno de US$100 bilhões e, de varejo, em cerca de mais de US$500 bilhões. No Brasil, esta venda no varejo é estimada em R$9 bilhões e, em US$4,2 bilhões no mercado atacadista.

Por que o Brasil não possui uma participação no mercado internacional minimamente compatível com a sua importância como fornecedor de fumo em folha? Poderíamos exportar também alguns bilhões de dólares em produtos industrializados, já que somos imbatíveis na produção de matéria-prima. Temos tecnologia, qualidade e custos competitivos.

Na prática, quem domina o setor, tanto do lado público quanto do lado privado, não permite a entrada de “forasteiros”. Neste cenário, alianças entre governos e multinacionais conhecidas fecham os mercados com picos e escaladas tarifárias, além de licenças e outras barreiras não tarifárias.

As pequenas e médias indústrias de fumo, representadas pelo Sindicato da Indústria do Fumo do Estado de São Paulo, espremem-se concorrencialmente entre os gigantes domésticos e os internacionais, esses mesmos que aqui vêm todo ano em busca da nossa matéria-prima e que nós, sem nenhum tipo de resistência, entregamos.

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