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Autor:
Dr. José Marcus Rotta
Qualificação:
Médico especialista em oncologia e fundador da AACC – Associação de Apoio à Criança com Câncer.
Data:
18/01/06
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Investimento responsável é possível no Brasil

Quando se ouve falar em investimento socialmente responsável, a primeira questão que vem à cabeça dos investidores é se essa é uma idéia romântica ou se, efetivamente, ela pode ser uma aplicação lucrativa para as empresas.

Será que as instituições sociais no Brasil estão à altura desse investimento? O mercado de investimento socialmente responsável não chega mais a ser novidade em outros lugares do mundo, dependendo do País é quase uma exigência. Em um mercado altamente competitivo e globalizado, como por exemplo, o norte-americano, muitas vezes dois produtos são absolutamente idênticos, desde o preço até a qualidade, sendo o fato determinante da escolha pelo consumidor a responsabilidade social, maior ou menor, deste ou daquele fabricante.

Nos Estados Unidos há pelo menos três índices que medem o desempenho dos papéis de empresas socialmente responsáveis. O DSI, criado em 1990, avalia o desempenho social de 400 ações norte-americanas. Em 1999, a Dow Jones criou o Dow Jones Sustainability, que acompanha o desempenho de 310 empresas no mundo, entre elas quatro brasileiras: Cemig, Embraer, Itaú e Unibanco. Já o índice FTSE, lançado em 2001, leva em consideração questões como direitos humanos e meio ambiente.

Os fundos de pensão na Inglaterra, por exemplo, são obrigados, por lei, a divulgar os valores direcionados a questões sociais, o que, na prática, os induzem a buscar investimentos sociais para melhorar sua imagem perante a sociedade e colaboradores.

Há quem questione se o mercado brasileiro tem condições de abrigar um fundo de ações que se comprometa a investir apenas em papéis de empresas socialmente responsáveis. É interessante observar que, atualmente no Brasil, é cada maior o número de empresas que possuam um projeto de responsabilidade social e também cada vez mais estão preocupadas em divulgar os balanços sociais.

As organizações não governamentais, que são as principais receptoras deste investimento social, por outro lado, estão aprendendo a satisfazer as necessidades existentes dentro desse novo "mercado", adaptando-se na oferta e na qualidade do produto.

O crescimento do Terceiro Setor aponta para o aumento do número de organizações sociais, mostrando o fortalecimento das mesmas. Outro aspecto a ser considerado é a necessidade crescente de que as ONGs tenham uma comunicação pública cada vez mais ativa e eficaz, divulgando suas ações, tornando públicos os seus investimentos, usando a chamada "democracia da informação", compartilhando seu conhecimento acumulado pela experiência no atendimento direto em sua área de atuação.

Além disso, toda organização precisa de visibilidade para que se legitime diante da sociedade, para que seja agregada credibilidade política diante dos poderes públicos e para que sejam atraídos novos investidores ou consolidados os parceiros já existentes. Ou seja, é importante fortalecer a comunicação institucional como meio de consolidar a sua imagem.

Este comportamento dinâmico, com aprimoramento do processo institucional e eliminação de desperdício, mostra que as instituições estão se modernizando e cada vez mais socialmente responsáveis.

Por tudo isso, a Associação de Apoio à Criança com Câncer vem trabalhando na melhoria dos seus serviços, na redução dos custos e na qualidade do seu atendimento, para que as empresas tenham cada vez mais confiança e interesse em investir no social e auxiliar para a construção de um futuro melhor para todos.


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