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Autor:
Antony Harris
Qualificação:
Diretor Executivo da MEI Global no Brasil, empresa de mecanismos de pagamento para terminais automáticos do mundo.
E-Mail
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Data:
18/06/04
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Pagamentos de contas e depósitos em dinheiro - 10 passos em direção ao sucesso

O setor bancário vem sistematicamente discutindo a possibilidade de adaptar validadores de cédulas e moedeiros às caixas automáticas, visando disponibilizar pagamentos em dinheiro e depósitos nessas máquinas. A substituição do tradicional sistema de envelopes por depósitos e/ou pagamentos em dinheiro obedece a uma lógica indiscutível; porém, o potencial deste mercado ainda não teve uma avaliação adequada.

O uso de dinheiro como meio de pagamento não apenas continuará em larga escala como deverá manter o mesmo patamar por muitas décadas. Então, porquê não aumentar a eficiência dos serviços bancários através da adaptação de validadores de cédulas à rede de ATM?

Ao se proceder à escolha desses produtos, não se deve tratá-los tão somente como mais um periférico de ATM. É a primeira vez que o banco vai aceitar dinheiro fora da caixa e sem contato humano - fato, em si, que sugere cautela. Isso gera grande importância na escolha do modelo correto pois, como acontece com os carros, existem várias marcas com desempenho diferenciado, projetadas para finalidades diferentes. Deve-se, portanto, considerar uma série de itens antes da escolha do validador de cédulas. É uma verdadeira lista de 10 fatores que devem ser checados rumo ao sucesso da escolha.

Vida útil da máquina ATM e do validador: Se sua escolha recair sobre um ATM que dure dez anos, o validador deve acompanhar essa duração. Caso contrário, seu investimento vai conter custos embutidos que contribuirão para a incapacidade de atender à especificação do projeto. Uma dica: procure pelas informações a respeito da vida útil do validador na especificação técnica da máquina.

Velocidade e número de cédulas processadas por dia: Esse item é um dos mais importantes e, ao mesmo tempo, dos menos considerados. Terminais de pagamentos de contas, para compensar o investimento, têm que ter a capacidade de processar centenas de cédulas por dia. Uma das maneiras mais importantes de evitar filas é através da velocidade da transação. As máquinas mais rápidas podem processar uma cédula em 2 a 3 segundos. É essa velocidade que vai agradar seus clientes e reduzir as filas em sua agência.

Índice de aceitação de cédulas: Se você disponibiliza a seus clientes a possibilidade de efetuar pagamentos em dinheiro, a máquina precisa oferecer um elevado índice de aceitação de cédulas, especialmente daquelas em mau estado de conservação. Infelizmente, cerca de 75% das cédulas em circulação no Brasil está em péssimo estado; portanto, os validadores que oferecem um baixo índice de aceitação vão recusar cédulas boas, o que significa que seus clientes perderão confiança e voltarão ao caixa, gerando filas e atrasos. Nessa situação seu investimento se perde imediatamente.

Escrow: Trata-se de um sistema de armazenamento intermediário que permite, em casos de cancelamento da transação, devolver as mesmas cédulas que o usuário inseriu. Por que essa funcionalidade é tão importante? Simplesmente porque existe um desequilíbrio entre as cédulas que o validador deve aceitar (todas) e as que a máquina ATM pode dispensar (geralmente, cédulas de R$10 e R$50). Então, se o cliente inserir uma nota de R$5 e quiser cancelar a transação, a máquina ATM em si não tem capacidade de devolver a mesma nota, e a devolução em moedas normalmente não apenas deixa o usuário decepcionado como gera a tarefa de reabastecer a máquina freqüentemente. O alto número de cancelamentos executados pelos clientes e a famosa falta de moedas no país, aliadas ao custo de implementação de soluções alternativas para o abastecimento da máquina, tornam o sistema de escrow inestimável.

Segurança: Com qualquer cédula legítima recusada você vai perder clientes da máquina para o caixa. Com qualquer cédula falsa aceita você vai perder dinheiro. É importante reconhecer que segurança é um item importante tanto para a máquina quanto para o sistema de reconhecimento das cédulas. No caso do hardware, é muito provável que a entrada da máquina fique exposta para viabilizar a aceitação de cédulas. Qual mecanismo a máquina usa para enfrentar ataques de líquidos ou qualquer item que não seja papel? Segurança mecânica e mecanismos contra fraudes mecânicas também merecem especial atenção.

Confiabilidade: O validador não pode ser um equipamento que enrosque cédulas, simplesmente porque não haverá operadores para desenroscar. A tecnologia ligada ao reconhecimento das cédulas é de grande importância: aceitadores que usam detecção magnética, por exemplo, precisam que as cédulas tenham maior proximidade com o sensor, o que leva a bloqueios e dobra das bordas. Já a tecnologia de reconhecimento ótico permite a passagem suave e direta das cédulas, minimizando bloqueios e facilitando as manutenções de rotina. A máquina escolhida também precisa oferecer garantia de funcionamento nos termos da MCBF (Mean Cycles Between Failures &Mac246; média de transações entre falhas). Essa confiabilidade significa custos mais baixos de propriedade e de manutenção, bem como clientes satisfeitos. Faça questão desta garantia !

Manutenção e gerenciamento à distância: Qual o melhor modo de gerenciar um grande número de máquinas? O seu validador de cédulas deve prever a possibilidade de análise e o diagnóstico à distância através da rede e atualização remota dos softwares. Com certeza, o Banco Central logo emitirá novas cédulas &Mac246; então como será possível atualizar suas máquinas sem custos elevados, sem lentidão e sem intervenção humana? Somente através do gerenciamento remoto, é possível fazer o download dos novos padrões instantaneamente para todas as máquinas. Nem todos os validadores de cédulas permitem essa funcionalidade.

Cofre e Coleta do dinheiro: O cofre de cédulas precisa de um empilhador a fim de possibilitar armazenamento arrumado do número máximo de cédulas e uma configuração robusta para que não haja necessidade manutenção freqüente, além de oferecer acesso traseiro ou frontal para facilitar coleta do dinheiro. Deve também possibilitar fiscalização eletrônica remota para a reconciliação entre as quantias declaradas e as efetivamente depositadas. Como muitos bancos fazem isso de modo terceirizado, seu sistema deve prover tanto flexibilidade quanto segurança. Existem cofres com duas chaves para possibilitar liberação do cofre da máquina para o transportador e outra chave para abrir o cofre (que pode ficar na centro de coleta). Assim o seu dinheiro fica trancado no cofre durante a viagem, oferecendo segurança máxima na operação.

Quais validadores já estão testados e aprovados no setor bancário? Devido à falta de experiência do Brasil no assunto, é aconselhável pesquisar nos mercados estrangeiros. A companhia que manufatura o validador é bem conceituada? Com que rapidez o fabricante reage à emissão de novas cédulas ou à aceitação de notas falsas? A empresa possui recursos suficientes para constante desenvolvimento de produtos que a mantenha atualizada frente às mudanças tecnológicas? Lembre-se, existem validadores diferentes para vários tipos de função e, por exemplo, um validador desenhado para o setor de vendas automáticas provavelmente não se encaixa no setor bancário. Procure por essas informações antes de escolher - você não escolheria uma bicicleta para andar na estrada.

Assistência técnica: Procure sempre um fornecedor de validadores com assistência técnica no Brasil. Ter resposta a dúvidas, acesso a peças de substituição, manutenção e conserto serão processos difíceis e demorados, sem assistência técnica local, rápida e eficiente.

Embora represente um conceito de mecânica relativamente nova, o validador não deve ser encarado apenas como uma máquina periférica a mais. Ele trará sérias implicações estratégicas para sua empresa: na qualidade de seu serviço de atendimento ao cliente, nas operações de manutenção, no Back Office e na coleta de dinheiro e, principalmente, um impacto significativo no nível de satisfação de seus clientes.

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